Tudo correndo às mil maravilhas no buteco, por volta de nove horas da noite, aquela hora em que, apos o happy hour, as pessoas estão em casa se aprontando pra sair, correr a balada, ir a um cinema ou teatro, e por volta de onze meia a meia noite começam a chegar para jantar ou tomar um drinque, acompanhado é claro de um bom papo. Isso não falta aqui no buteco.
Nessa hora, o pessoal de serviço aproveita os momentos de folga para fazer suas refeições, fumar um cigarrinho ou simplesmente jogar conversa fora.
Estava eu ali tranqüilo, quando vejo parar a porta do buteco um taxi, não dos amarelos comuns, mas daqueles taxis executivos do aeroporto.
Dele desce um homem elegante, cliente habitual, e logo depois, uma loura de seus 35 a 38 anos, belíssima.
Tudo em cima, pernas longas, bumbum arrebitado, air bag proporcional ao painel, cabelos castanhos claros, sedosos, brilhantes, soltos em cascata sobre ombros retos, pescoço longilíneo, firme, pele de pessego, sem uma mancha, e um rosto de parar o transito de qualquer avenida.
Ela me lembrou aquela artista de cinema, aquela que fez mulher gato, acho que o nome dela é Michelle Pffifer, mas não lembro bem o sobrenome.
Olhos verdes parecendo duas esmeraldas, cílios negros enormes.
Pediram uma mesa em local mais reservado, e de cara um champanhe e um caviar beluga com torradinhas especiais.
O homem ia muito no buteco, a mulher dele eu nunca vira...champanhe, caviar...sei não.... Mulher dele não é, pensei logo comigo, esses caras não fazem bonito para o artigo caseiro, essa deve ser especial, artigo de exportação.
A gente aprende a ver logo essas coisas, se fosse a mulher dele, era uma cerveja, uma linguicinha e olhe lá! Vê lá se ele ficava assim todo hem heh hem com a mulher dele!
Esses caras são assim, pras de fora, filé, pras de casa....
Os dois ali, em conversa baixa, sussurros, sorrisos, leves toques....estavam se conhecendo!
Eu não conseguia tirar os olhos daquela mulher. Uma das maiores belezas que eu já vi.
Como esse cara conseguiu esse mulherão?
Em dado momento ela se levanta, e vai ao toilette.
Não agüentei, corri a mesa e perguntei de cara ao meu cliente:
-Rapaz, o que é isso tudo? Onde arrumou esse avião?
Ele sorrindo, me respondeu:
- No avião!
- No avião, como?
Ele, homem bem apanhado, elegante, 40 anos, executivo de multinacional, continua a falar:
- É, no avião, sentei- me na poltrona do corredor no vôo New York/BHte e me maravilhei com essa deusa sentada ao meu lado junto à janela.
Ele disse que após 15 minutos de vôo, não se conteve mais e entabula uma conversa:
- É a 1ª vez que vai a Beagá?
- Não, respondeu ela - é uma viagem habitual.
- Trabalha com moda?
- Não, viajo o mundo todo em função de minhas pesquisas. Sou sexóloga.
- Sexóloga? Que interessante... e suas pesquisas dedicam-se a quê?
- No momento, pesquiso as características do membro masculino nas diferentes raças e culturas.
Ele estranhou, mas macaco velho, manteve a calma e continuou a conversa:
- Hum...excêntrico! E a que conclusão chegou?
- Bem, que os índios são os portadores de membros com as dimensões mais avantajadas...
- É mesmo?
- E os árabes são os que permanecem mais tempo no coito. Logo, são eles que proporcionam mais completo prazer às suas parceiras.
Com essas respostas, ele fica pensativo, mas logo ela continua a conversa:
- Desculpe-me Senhor, eu estou aqui falando tanto e ainda não sei o seu nome!
E ele mais que depressa, na lata :
- Salim Mohammed Pataxó!!!!
Agora eu entendi... por isso ela esta aqui com ele.....é a expectativa.
E a expectativa faz coisas do arco da velha!
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