O povo decidiu através da soberania das urnas o destino do pais para os próximos quatro anos.
O governo Dilma, eleito ontem, 31/10/10, terá que reconhecer que o Brasil esta longe de ser o paraíso apregoado em campanha e que o pais precisa de mais ação, menos paternalismo e menos marketing
O Brasil que ela recebe é um Brasil bem melhor do que o do inicio dos anos 90, bem melhor do que o do inicio dos anos 2000 e o que de melhor foi conseguido nestes anos todos, 20 anos, foi a manutenção de uma política econômica racional.
Não foi a bondade de ninguém, a benevolência de nenhum partido ou o milagre de algum Messias, mas sim a estabilidade econômica que propiciou a criação de novos empregos e acesso de milhões ao consumo, assim como viabilizou políticas sociais e de inclusão.
Parece que a Presidente eleita não pretende modificar essa política.
Ela terá de dar continuidade a este processo.
Ela deverá manter a política econômica e social de seu criador. A criatura não devera destruir o trabalho do criador e de seus antecessores.
E necessário sim aprimorá-lo.
E preciso fazer um resgate da classe media, totalmente relegada ao segundo plano pelo governo Lula. Não adianta essa falácia ilusória de que 18 milhões de brasileiros ingressaram na classe media, onde o piso da renda familiar foi estabelecido pelo governo em menos de 1200 reais mês.
Em uma casa onde a mãe e a filha são empregadas domesticas e só as duas tem emprego, esta família é classe media?
O governo diz que sim.
Esse marketing tem que acabar. Essa mentira tem que acabar.
O Brasil precisa ser novamente repensado e planejado. Sériamente. Temos estabilidade econômica para estas mudanças, para realocamento dos investimentos.
Mas não há como manter o crescimento sem uma política revolucionaria na educação e na infraestrutura do pais.
O Governo Federal detém 70 % dos tributos e não é mais possível deixar só por conta dos Estados, por exemplo, o ensino médio. E necessário o investimento Federal nesse setor.
É necessário o investimento em Escolas Técnicas. A nossa mão de obra é desqualificada.
É necessário o investimento em Escolas Técnicas. A nossa mão de obra é desqualificada.
A Universidade Federal aumentou o numero de vagas, outra propaganda do governo, mas não aumentou a estrutura física, o numero de sala de aulas e nem o de professores.
Em suma, sucateou a Universidade Federal.
A maquina publica esta inchada e o seu custeio é maior do que o investimento em portos, aeroportos, estradas ou na saúde .Tem que haver uma mudança neste sentido.
Há brasileiro morrendo em filas de hospitais. A assistencia do Governo é insuficiente. Os Planos de Saude privados estão fora do alcance da população. Quase metade da população não tem acesso a esgotos. A população envelhece e estão sendo condenados a pobreza. O valor das aposentadorias se desvaloriza galopantemente.
A Lei que acaba com o índice regulador das aposentadorias foi aprovada no Congresso e só depende de assinatura do Presidente, coisa que não foi feita ate agora.
A nova Presidente devera liderar um trabalho intenso contra a impunidade, O julgamento das urnas é apenas político. Ele não absolve os desmandos. O fato de ter ganho as eleições não varre para debaixo do tapete os crimes cometidos pelos seus correligionários. Para ter credibilidade ela vai ter que punir. Tudo devera ser apurado, e bem, com completa isenção política. Combate ao descumprimento às leis é trabalho para o Poder Judiciário, e não para o Executivo ou Legislativo.
A condenação ou absolvição deve caber somente a Justiça.
As instituições devem ser apartidarias, apoliticas e atuarem a serviço do país.
As instituições devem ser apartidarias, apoliticas e atuarem a serviço do país.
E preciso urgentemente uma reforma tributaria, tantas vezes prometida e alardeada mas nunca conduzida pelo seu partido.
A reforma política devera também escutar a voz das minorias.
A democracia não é simplesmente o governo da maioria, é um governo para todos, e é também o respeito a minoria e todas as suas manifestações.
Abafar as vozes desta minoria ou coibir o seu trabalho é um ato tão desonesto e abusivo como uma tentativa de golpe contra o governo agora eleito.
Todas as duas atitudes são degradantes e não poderão ser aceitas.
A Imprensa tem de ser livre no processo democrático, ela é os olhos da população.
A sociedade, o povo brasileiro, espera da oposição uma fiscalização constante responsável construtiva e que ofereça alternativas, e não uma oposição que emperre as mudanças necessárias
Será que esta Presidenta estará apta a conduzir este processo?
Esperamos que sim
Charge de Humberto – Jornal do Comércio (PE) – 13.10.2010