Eu sempre gostei de criança. Mas eu gosto preferencialmente de criança até os seis anos, idade em que elas são mais autenticas e ainda não sofrem conforme as regras sociais impostas. Elas exprimem o que sentem, sem tirar nem por.
A partir daí, minha preferencia já vai para aquele menino ou menina que seja esperto, ativo, vivo, com perguntas e resposta na ponta da língua. Nessa fase eles começam a ser mais independentes e a interagir mais com o mundo ao seu redor, não só o de crianças, mas o de adultos também. Gosto daqueles bem moleques, de olhinhos brilhantes, que prestam atenção em tudo e sempre estão aprontando alguma estripulia. Isso não quer dizer que eu goste de moleques mal educados, birrentos, que não respeitem as pessoas.
Eu gosto do moleque que se insere no mundo em que vive.
Estou falando isso, pois nos fins de semana, muitos deles vem aqui ao Buteco, com os pais a passeio, para tomar um refrigerante ou um sorvete.
Gosto deles por aqui pois alegram o ambiente.
Nessa ultima sexta feira, apareceu por aqui um moleque, destes bem espertinhos, já com seus oito anos de idade. Já era um fim de tarde, começando a escurecer.
Nessa hora, sempre passam pela calçada algumas daquelas garotas da chamada “vida fácil”, e como a vida esta dificil, elas começam cedo o batente. Meio vistosas e extravagantes, estratégia pra chamar a “freguesia”, elas naturalmente despertaram a atenção do menino:
- Pai, quem são aquelas senhoras? Ele pergunta ao pai.
O pai, meio embaraçado, responde:
O pai, meio embaraçado, responde:
- Não interessa filho... Olha antes para esta geladeira... Já viste os sorvetes que tem ali?
Com moleque inteligente, esperto, ou você dá uma resposta convincente ou ele não sossega.
Com moleque inteligente, esperto, ou você dá uma resposta convincente ou ele não sossega.
- Sim, sim, já vi pai. Mas... quem são as senhoras e o que é que estão fazendo ali paradas?
- São... são... São senhoras que vendem na rua.
- Ah, sim?! Mas vendem o quê? - Pergunta insistentemente o admirado garoto - Eu não estou vendo elas vendendo nada.
- Vendem... vendem... Sei lá... Vendem um pouco de prazer.
O garoto ficou olhando para elas pensativo e parecia refletir sobre o que o pai lhe disse. Mais tarde foram embora e eu reparei que o moleque ainda estava muito pensativo, meio calado.
No dia seguinte os dois, pai e filho, apareceram por aqui novamente.
O moleque de novo com os olhos vivíssimos.
O pai me disse que ele insistira em ir ao Buteco novamente e que inclusive tinha tirado todo o dinheiro do porquinho, mas que não dissera pra que!
Era para uma surpresa, dissera ele ao pai.
Era para uma surpresa, dissera ele ao pai.
Chegando lá, o pai senta-se para tomar uma cervejinha e o garoto foi dar uma volta na praça em frente ao Buteco. Depois de mais ou menos uns quarenta minutos ele, já preocupado com demora do filho, estava meio inquieto.
Eis que chega o moleque com os olhinhos brilhante e um meio sorriso maroto nos lábios.
O pai perguntou-lhe onde tinha estado e o garoto respondeu:
- Pai, quando fomos embora ontem, eu fiquei pensando no que você me disse e olhei no meu porquinho pra ver quanto dinheiro eu tinha.
- Dinheiro pra que, meu filho?
- Ora pai, pra procurar uma das senhoras que nós vimos ontem e comprar um pouco de prazer! Eu tinha vinte reais pra comprar!
O pai fica amarelo, verde, vermelho e atônito finalmente pergunta:
- E aí... aconteceu o que?
Rapidamente estiquei minhas orelhas pra ver o que o moleque iria dizer.
O porqueira tinha só oito anos!!!!
Então o moleque, bem serio, responde:
-Logo ali na esquina encontrei uma delas e falei: - Desculpe, minha senhora, mas pode-me vender vinte reais de prazer, por favor?
- Ai meu Deus! - diz o pai
E o moleque continua:
- Ela ficou me olhando com cara de espanto, mas depois sorriu e me levou na casa onde ela mora com as outras.
- Minha Santa Periquita! E aconteceu o que? O que ela fez? – Pergunta o pai já em desespero.
O moleque, com uma cara bem safadinha, disse:
- Bom pai, as quatro primeiras não tive dificuldade em comer, a quinta levei quase meia hora e a sexta já foi com muito sacrifício. Tive quase que empurrar para dentro com o dedo, mas consegui comer ela assim mesmo. No final, eu tava todo lambuzado, pinguei o chão todo e a senhora me chamou pra voltar amanhã de novo. Mas pai, pra te falar a verdade, eu só tive prazer nas três primeiras. Só comi as outras para mostrar que sou homem!... Posso ir lá amanhã de novo, pai?
Preciso dizer que o pai desmaiou?
O cara caiu durinho da silva. Tivemos que chamar o SAMU!
O menino ficou louco de preocupação e eu fiquei conversando com ele para acalma-lo.
Lógico que quis saber tim tim por tim tim o que tinha acontecido lá na casa da “madame” e o meleque me contou direitinho.
A mulher ficara admirada com a abordagem dele e por momentos não soube o que dizer, mas como a vida está difícil, viu a oportunidade de ganhar uma graninha.
Porém, entendendo a inocência do garotinho e como não poderia agir de outra forma com ele, levou adiante a brincadeira, foram para a casa dela e ali ela preparou seis pequenas tortas bem gostosas, de morango e chocolate.
O moleque comeu as seis!!!!!
Tem como não amar um moleque desses?
Essa tela é intitulada "Bordel" de Nadir Afonso
A piada usada como mote veio por e mail sem autoria