Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Causos de Minas VIII - O "Coroné"!

O Coronelismo é fruto da tradição patriarcal brasileira e da  nossa estrutura rural.
Quando foi criada a Guarda Nacional em 1831 pelo governo imperial, ela passou a defender a integridade do Império e a Constituição.
Como as patentes eram nomeadas pelo governo central ou pelos presidentes de província, iniciou-se um longo processo de tráfico de influências e corrupção política. O Brasil se baseava estruturalmente em oligarquias e os líderes, ou seja, os grandes latifundiários começaram a financiar campanhas políticas de seus afilhados e ao mesmo tempo ganhar o poder de comandar a Guarda Nacional.
A patente de coronel da Guarda Nacional passou a ser equivalente a um título nobiliárquico, concedida aos grandes proprietários de terras. Desta forma conseguiram adquirir autoridade para impor a ordem sobre o povo e os escravos e os currais eleitorais se multiplicaram no país, a compra e troca de votos dos eleitores por favores e o apadrinhamento se tornou prática comum.
A abolição da escravidão e a proclamação da República deram uma importância fundamental para os votos rurais, crescendo assim ainda mais a influência política dos donos de terras, pois a dependência do eleitorado rural aos coronéis mostrava-se completa. O coronelismo se utilizava dos recursos públicos para manter o poder privado.
Com essa politica, esses senhores se comportavam acima da lei, isto é, a “lei “eram eles, e em consequência ocorriam vários desmandos.
Os "coroneis" praticamente foram "destituidos" com a revolução de 30.
Quem os retratou muito bem, revelando seus mandos e desmandos sempre com maestria, foi Jorge Amado, ao longo de toda a sua obra.
Neste cenário, surgem também as “Coroneis de Saia”, como Joaquina de Pompeu em Minas, mais tarde no interior paulista, Iria Alves Ferreira – a Rainha do Café e até hoje as “coronéis de saia” da Paraiba, satirizadas por Luiz Gonzaga em sua musica: “Paraiba masculina mulher macho sim senhor....”
Nas ultimas décadas do século, a população rural correu para as cidades, atraída inicialmente pelo processo de industrialização, mas a relação entre o coronel e o voto de cabresto parece sobreviver sob novas formas diversificadas de "coronelismo" no Brasil urbano.
Com o Golpe Militar de 1964, que derrubou a república populista de João Goulart, ocorreu um estranho fenômeno. Os militares que chegaram ao poder do país naquela ocasião, com o objetivo de implantar o seu Projeto do Brasil Grande, e neutralizarem a força das massas urbanas que lhes eram hostis, trataram de se aliar, especialmente no Nordeste, com os remanescentes do coronelismo. Desta forma, no Ceará, no Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Pernambuco e na Bahia, enfim, em todo o Brasil, ao recorrerem aos casuísmos eleitorais, ajudaram e fortaleceram as velhas oligarquias. 
Surgiram dai os ACMs, os Sarneys, e tantos outros.
A relação então, ganha novos contornos e amplia a sua esfera para outras areas: a vaga na escola só é concedida pelo vereador, a rede de água e esgoto ou a instalação elétrica compete ao deputado estadual e os investimentos em transporte ou pólos de desenvolvimento ficam com os deputados federais e os senadores.
As políticas públicas acabam sempre canalizadas pelas verbas distribuídas diretamente aos politicos, pela contratação de seus cabos eleitorais ou apadrinhados para assumirem funções nobres em órgãos públicos ou pelos "currais comunitários" desenvolvidos pelos "coronéis modernos".
Este procedimento de utilização dos recursos públicos mantém, alimenta e conserva a "relação de reciprocidade" e acaba por atender prioritariamente a sustentação das lideranças dos “coronéis” urbanos em detrimento da implantação, organização e democratização de políticas públicas voltadas para o cidadão e para a sociedade.
Essa relação é extremamente clara nos dias de hoje!
São resultantes desse compromisso algumas características do sistema coronelista que ainda perduram em nosso país: o mandonismo, o filhotismo, o nepotismo, "acurralamento" do voto e a desorganização dos serviços locais.
Ainda hoje, por todo o Brasil os latifundiários e as oligarquias rurais trocam favores por voto: de botina, de dentaduras, de cestas basicas a emprego público.
Os coronéis urbanos com o empreguismo e promessas de moradias e o Governo Federal com seu paternalismo através de cotas, bolsas diversas e principalmente a bolsa família. Essa prática se apóia nas velhas relações paternalistas originárias da sociedade colonial

Ainda hoje existem alguns destes “Coroneis” rurais aqui no interior de Minas e o anedotário popular é cheio de historias impagáveis, como essa daqui:
Um certo dia, um desses coroneis da velha guarda veio à capital para uma consulta médica.
O “Coroné” de 85 anos, espigadão, queria fazer seu check-up anual.
Ao atende-lo o médico perguntou como ele estava se sentindo:
- Nunca me senti mió! - respondeu o velho - Minha nova muié tem 18 ano e tá de barriga isperano um fío meu. Que qui o sinhô acha? 
Vendo essa demonstração clara do "modus vivendi" dessas criaturas, o famoso "pra burro velho capim novo",  o médico, moço de educação urbana, refletiu por um momento e disse:
- Deixe-me contar-lhe uma estória: eu conheço um sujeito que era um caçador fanático, nunca perdeu uma estação de caça. Mas, um dia, por engano, colocou seu guarda-chuva na mochila em vez da arma. Quando estava na floresta, uma onça pintada repentinamente apareceu na sua frente. Ele sacou o guarda-chuva da mochila, apontou para a onça e...BANG!!!, a bicha caiu morta.
- HA!HA!HA!HA! Mais isso num é possíve! - disse o velhinho - argum otro caçadô deve de tê atirado nela.
Ao de o doutor prontamente replicou:
- Exatamente!!!

Ah, se esse doutorzinho clinicasse lá na região do “Coroné”....
Tava mortinho da silva!!!!!!

Dados extraidos no Google


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