Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Carão

 

Ontem fui ao supermercado e vi uma placa  dizendo que o arroz estava em promoção a 16,50

Vi um senhor com um carrinho com uns 20 pacotes e eu indo a prateleira vi que la não tinha mais nenhum....

Fui até seu carrinho e atrevidamente peguei 2 pacotes e coloquei de imediato no meu. 

Ele não esboçou nenhuma reação!

Fiquei olhando para ele, de cara amarrada, e ainda o interpelei se ele não sentia vergonha de pegar tudo aquilo e deixar os outros sem nenhum. Questão de empatia, solidariedade!

Ele me deixou esbravejando com uma cara impassível! Num intervalo da minha bronca ele gentilmente me respondeu:

- Calma senhor, eu sou apenas o repositor do mercado

Eu, sem graça, estou procurando minha cara no chão até agora...






terça-feira, 3 de novembro de 2020

Por onde anda o humor? O humor do Barão de Itararé!

Se há hoje um insumo escasso (ou mesmo ausente) na vida brasileira, sobretudo na política, não há dúvida de que é o humor. Nem sempre foi assim. Crises, de variados tamanhos, nunca faltaram ao país, mas o humor as permeava, mesmo nos seus piores momentos. É sua missão moral, física e metafísica. Não importa a ideologia, todos os que adentram a vida pública se expõem, gostando ou não, à Sua Excelência, o Humor. Uma caricatura vale mais que um editorial e diz mais da realidade que um tratado sociológico. Tem a síntese e a contundência de um poema gráfico. E o detalhe: não há humor a favor. É a mais ferina ferramenta crítica que Deus inseriu na Criação. Todos gostam de rir… dos outros. Só o sábio ri de si mesmo. Mas sabedoria e política raramente se encontram. Por isso, quando o tempo fecha – isto é, quando a democracia faz as malas e sai de cena -, os primeiros a entrar em cana são os humoristas. Vamos aqui falar de um deles. Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895-1971), o Barão de Itararé, pontificou na imprensa dos anos 20 aos anos 60. Não obstante sua longevidade, é nome esquecido. Gaúcho de Rio Grande, iniciou-se no âmbito regional, mas, com a ocupação gaúcha do Rio de Janeiro, consolidada após a Revolução de 30, veio para a então capital federal. Veio, porém, na contramão de seus conterrâneos getulistas, que o perseguiriam – e o levariam mais de uma vez à prisão. Criou um jornal de humor que, já no título, parodiava outro; havia “A Manhã”, do jornalista e polemista Mário Rodrigues (pai do Nélson Rodrigues), e o Barão criou “A Manha”, que geraria o “Almanhaque”, hoje preciosidade de bibliófilos. Em pleno Estado Novo, “A Manha” publicou, na primeira página, foto de um bebê gorducho pelado, com a legenda: “GG quando BB”. GG era o apelido de Getúlio, mas ditaduras não gostam de intimidades. A polícia invadiu o escritório do Barão e deu-lhe uma surra. Ele então colocou uma placa na porta: “Entre sem bater”. Inicialmente, assinava Apporely, abreviação de seu extenso nome. Mas acabou chegando ao pseudônimo que o consagrou a partir da conjunção de dois acontecimentos. O primeiro, a anistia à família imperial, no governo Epitácio Pessoa, anos 20. Descendentes dos antigos nobres do Império, que escondiam sua origem, decidiram exibi-la. Já não havia riscos e tornou-se chique, fonte de prestígio. Apareceram, como era de se prever, os falsos nobres e os barões de araque, como se dizia. Mais adiante, na revolução de 30, aguardava-se o embate sangrento – o início de uma guerra civil sem precedentes – entre as forças revolucionárias de Getúlio Vargas e as tropas federais, aliadas do presidente Washington Luiz. O confronto se daria no município paranaense de Itararé. Mas acabou não acontecendo. Houve acordo. E o termo Itararé – “a batalha que não houve” – associou-se a algo que inexistiu. Dizia-se: “A festa do fulano? Foi uma festa de Itararé, uma festa de nada”. Surge então o barão inexistente: o Barão de Itararé, cujo brasão, de uma antinobreza total, era um prato, com um frango assado e talheres cruzados. Após a Intentona Comunista, de 1935, o Barão, que já estivera algumas vezes na prisão, para lá voltou. Ele e um imenso contingente de artistas, intelectuais e ativistas. A pretexto do acontecido, o governo Vargas, como preâmbulo do Estado Novo, que viria dois anos depois, iniciou uma série de prisões por todo o país. Entre outros, lá estava o escritor alagoano Graciliano Ramos, ainda desconhecido. Sujeito seco e sisudo, de sorriso escasso, não resistiu ao Barão. E o incluiu em suas “Memórias do Cárcere” (recém-reeditadas pela Editora Record). No ambiente depressivo da prisão, a chegada do Barão (recorda Graciliano) alegrou a todos. Ele criou a “Rádio Libertadora”, com uma “programação em grade”, narrada de dentro da cela. E não apenas fez Graciliano rir, como levar o riso às “Memórias”, com a “Teoria das Duas Hipóteses”. Ei-la, como Graciliano a recordou: “Apporely sustentava que tudo ia muito bem. Fundava-se a demonstração no exame de um fato de que surgiam duas alternativas; excluía-se uma, desdobrava-se a segunda em outras duas; uma se eliminava, a outra se bipartia, e assim por diante, numa cadeia comprida. Ali, onde vivíamos, Apporely afirmava, utilizando o seu método, que não havia motivo para receio. Que nos poderia acontecer? Seríamos postos em liberdade ou continuaríamos presos. Se nos soltassem, bem: era o que desejávamos. Se ficássemos na prisão, deixar-nos-iam sem processo ou com processo. Se não nos processássemos, bem: à falta de provas, cedo ou tarde, nos mandariam embora. Se nos processassem, seríamos julgados, absolvidos ou condenados. Se nos absolvessem, bem: nada melhor esperaríamos. Se nos condenassem, dar-nos-iam pena leve ou pena grande. Se se contentassem com pena leve, muito bem: descansaríamos algum tempo, sustentados pelo governo, depois iríamos para a rua. Se nos arrumassem pena dura, seríamos anistiados ou não. Se fôssemos anistiados, excelente: era como se não houvesse condenação. Se não nos anistiassem, cumpriríamos sentença ou morreríamos. Se cumpríssemos sentença, magnífico: voltaríamos para casa. Se morrêssemos, iríamos para o céu ou para o inferno. Se fôssemos para o céu, ótimo: era a suprema aspiração de cada um. E se fôssemos para o inferno? A cadeia findava aí.” O Barão tinha suas vítimas prediletas. Uma delas, Plínio Salgado, o líder do Integralismo, cujo lema era “Deus, Pátria e Família”. Por um lapso auditivo, disse ele, quase se filiou àquela corrente ideológica: “Entendi Adeus, Pátria e Família”. “O mal de certos políticos não é a falta de persistência. É a persistência na falta. BARÃO DE ITARARÉ Outro de seus alvos era o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, um dos ícones do fisiologismo político de então, cujos aliados, orgulhosos, proclamavam: “Rouba, mas faz”. Adhemar candidatou-se à Presidência da República em 1960. E um de seus aliados foi pedir ao Barão uma quadrinha para uso na campanha. E o Barão saiu-se com esta: “Deus fez o homem do barro/do barro bom e batuta/mas esse Adhemar de Barros/que barro filho da puta!”. A contribuição não foi aceita. O senso de improviso é um dom dos humoristas. O repórter perguntou ao Barão como ele interpretava a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein. E ele: “O quebra-noz é bom pra nós – e ruim pra noz”. Sua definição de anistia: “ato pelo qual o governo perdoa generosamente as injustiças e crimes que ele mesmo cometeu”. E de orçamento: “conta que o governo faz para saber onde aplicar um dinheiro que ele já gastou”. E gostava de inverter ditos populares: “de onde menos se espera… daí é que não sai nada”. Ou então” “Tempo é dinheiro? Paguemos nossas dívidas com o tempo”. Foi candidato a vereador pelo Rio – e se elegeu. Seu compromisso de campanha: “Farei na vida pública tudo o que faço na privada”. O Barão faz falta, sobretudo num momento como este. *** Texto de Ruy Fabiano, Carioca, é jornalista e escritor. Começou como repórter em O Globo, em 1972. Foi crítico de música de Última Hora e autor, nos anos 70, de verbetes de música, na Enciclopédia Barsa, sob a supervisão de Antônio Houaiss. A partir de 1979, em Brasília, dedicou-se ao jornalismo político. É autor de um romance, Profanação (A Girafa, 253 p., SP, 2005), o livro de contos "Os Arquivos de Deus" (Editora Novo Século, 209 p. SP, 2008 p.) e de um ensaio sobre “A espiritualidade em Machado de Assis”

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

"PESSOAS TÓXICAS" - MUITO CUIDADO!

Muitos dos problemas de autoestima que afetam milhares de jovens e adultos nada têm a ver com doenças de caráter emocional ou psicológico, (embora possam vir a se tornar um problema desse gênero), mas a sua gênese está nas pessoas tóxicas que permitem que interfiram e permaneçam na sua vida. Estas pessoas têm a capacidade de despertar o pior que há em nós e até de nos fazer acreditar que somos frágeis, instáveis, incapazes de tomar decisões sem o seu parecer, incapazes de nos relacionar com o próximo e de sermos independentes. Por norma, as pessoas tóxicas procuram controlar os outros através do abuso emocional. Levam os que lhes são próximos- através das críticas constantes- a crer que algo terrível lhes acontecerá se algum dia se desprenderem deles. Incapazes de fazer um elogio, dão ares de conhecer grandes segredos a respeito das outras pessoas, de saber coisas que mais ninguém sabe, tudo para os certificar que a terra para de girar se eles assim o desejarem. Muitas pessoas adultas e talentosas vêm os seus casamentos fracassar por causa de pais tóxicos. Pais, irmãos, amizades e relacionamentos amorosos altamente tóxicos. Conhece alguém que o tira do sério? Logo você que é bem visto no seu emprego, que é um bom cidadão, que é querido pelos amigos, alguém a quem atribuem qualidades pessoais e profissionais com alguma facilidade, mas que quando a pessoa tóxica chega perto , não só o leva a desencadear um ataque de fúria como ainda consegue sair da situação como vítima? Conhece alguém que não poupa de o envergonhar em público, de expor a sua intimidade, os seus segredos, as suas dificuldades, as suas trapalhadas de infância, nos momentos mais inapropriados só com a intenção de o envergonhar? E o pior é que as coisas são feitas de tal maneira que se você tentar refutar os argumentos da pessoa, seja com um sorriso forçado, seja com indignação evidente, acaba sempre por ficar mal visto. Só há uma saída, por vezes dolorosa, sobretudo se estamos falando dos nossos próprios pais, irmãos, tios, parceiro sentimental, etc. Só há uma saída: afaste-se. Se o laço familiar não permitir um corte 100%, fale e conviva apenas o necessário e não fique com remorsos, porque, repare: se insistir num relacionamento tóxico, a loucura do outro vai acabar por enlouquecê-lo. Mais vale estar só e saudável do que doente ao lado de alguém. Não precisamos de mais mentes distorcidas na sociedade, nem de gente viciada em dramas. Precisamos é de sanidade mental e de pessoas capazes de conviver com o sucesso alheio, desprendidas de inveja, de competição e de outros sentimentos destrutivos. " Diálogos do cotidiano Aglair Grein - Psicanalista [Texto adaptado da Web] *** Lendo este texto, não posso deixar de tecer minhas considerações, Tudo tem outros lados, depende dos olhos de quem vê. Não existe apenas o "agressor" toxico, existe tambem a "vitima" toxica Acredito tambem em outras perspectivas ou visões. Entendo perfeitamente a gravidade dessa situação,especialmente quando ocorrida com crianças e adolescentes. Mas penso ser imprescindível a autocrítica, encarar a real possibilidade do "tóxico" (já quequerem chamar alguém dessa forma) ser você mesmo. Existem muitos adultos que se absorvem de negatividade e pessimismo, que estão sempre se vitimizando ecolocando a culpa de seus problemas e fragilidades em terceiros. Sim,fragilidades, pessoais e completamente oriundas de si mesmo. Pessoas assim estão sempre prontas para um confronto ou um drama, no mínimo sinal de interferência de um terceiro elas se armam, estão na defensiva para se colocar na posição de atacado, por mais boba e despretensiosa que essa interferência possa ser. Sua maior característica é se lamentar, contabilizar seus problemas e assim ser consolado por seus amigos próximos, mas inclusive esses amigos/familiares sabem bem dessa tendência a vitimização, e exatamente por isso não contrariam, não criticam, não palpitam, mesmo quando necessário. Pessoas assim são rancorosas, vingativas e sempre, sempre mesmo, encontrarão alguém para culpar por suas paranóias. Hoje se afastarão de um, mas na próxima semana, não mais que de repente, perceberão que outra pessoa considerada por ela "tóxica" cruzou o seu caminho. Digo isso pois conheço pessoas assim e penso que nem toda insegurança e fragilidade emocional sejam algo alimentado por terceiros. Aliás, penso que quanto menos você encontrar culpa por seus defeitos em outros, mais maturidade e boa índole você possui. Afinal é muito fácil evitar de se encarar no espelho e dar de cara com sua própria toxina.

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