Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Paradigma


Assisti outro dia ao programa “Saia Justa” onde surgiu uma discussão que me interessou bastante.
È um tema que gostaria de discutir aqui, sem machismo ou feminismo, de uma forma impessoal, sem citar casos isolados, mas de uma maneira geral.
Porque os homens se dão melhor nas grandes corporações e na luta pelo mercado de trabalho?
Entre varias opiniões, surgiu uma que falava que o futebol seria o diferencial disso tudo.
Pensando com calma, concordo com quem lançou essa ideia. Vamos analisar juntos alguns aspectos. 
O futebol é jogado por todos os meninos no mundo inteiro. Basta se ter um pequeno espaço e uma bola lá estão eles.
Os homens desde cedo ao se juntarem para jogar futebol, desenvolvem naturalmente vários requisitos básicos para a vida corporativa, e o mesmo não ocorre com as mulheres.
Vou tentar descrever de maneira mais direta como funciona um time de futebol.
Num jogo de futebol formam-se times onde cada individuo executa uma função determinada, onde é aproveitada a característica individual em função do todo, a equipe.
Os de melhor aptidão para buscar o gol, objetivo principal do jogo, jogam no ataque.
 Para ser um atacante deve-se ter uma agressividade controlada, desenvoltura, criatividade, perseverança e coragem para enfrentar o corpo a corpo com o adversário.
Para o meio campo, local onde é necessária a estratégia, exige-se criatividade, bom domínio da bola, precisão no passe, visão do jogo como um todo, visão de futuro, e é dali que saem as jogadas para municiar os atacantes.
A defesa geralmente é formada por indivíduos de menor qualidade técnica, mas é necessário um grande senso de equipe, humildade para jogar em função do time, visão de jogo, noção de espaço, antever as jogadas e uma grande disciplina tática.
Eles são os responsáveis pela defesa de seu gol, por desfazer o ataque adversário e de dar tranqüilidade ao resto do time para poder exercer a função de atacar.
Estas três divisões funcionam em conjunto, equilibradas e se auxiliam mutuamente. Cada um sabe seu papel e as consequencias de desempenha-lo bem ou mal.
Existem os indivíduos de linha de frente, os estrategistas e o pessoal de apoio. Tudo funcionando bem é um grande passo ao sucesso.
Tudo isso estruturado e jogado dentro de regras, leis, estabelecidas. Acontece as vezes a transgressão a elas, mas se alguem é pego as infringindo, a punição é imediata e aceita por todos.  Cumpre-se a punição e vamos ao jogo!
Os homens convivem com isso desde que aprendem a andar.
Já as meninas, com suas bonecas, roupinhas, fogõezinhos, xícaras de chás e casinhas, (sem depreciação) foram treinadas, e ainda são, para fazerem o papel de mães, donas de casa.
È uma brincadeira individualizada que parece não as credenciar para a disputa no mercado, predominantemente masculino.
Elas desenvolvem sim, uma grande sensibilidade, o cuidado com próximo, a organização e o trabalho metódico.
Mas desenvolvem também, subliminarmente, a obrigação de mais tarde, servir ao seu companheiro e cuidar de sua retaguarda, para que ele possa se lançar com segurança e tranquilidade ao mercado de trabalho com sucesso.
Estamos, já a algum tempo, em uma fase de transição onde as mulheres se consideram (e estão) mais qualificadas a outros trabalhos que não seja somente o de uma boa housewife (um trabalho de extrema importância, dignidade e essencial, diga-se de passagem)
Mas a formação diferenciada desde a infância pesa e ela, quando vai ao mercado,  muitas vezes se frustra.
Não seria, já agora, a hora de revermos esses conceitos?
Não seria a hora de desenvolvermos outras formas de brincar , que qualificassem tanto meninas como meninos, igualmente, para representarem todos os papeis no mercado de trabalho?
Os meninos aprendem desde cedo que existem indivíduos mais qualificados para as mais variadas funções. As meninas não.
As vezes, um dos grandes motivos de frustração das mulheres é o fato de desejarem um cargo para o qual não estão qualificadas.
Os homens sabem reconhecer suas deficiências, elas não.
Uma das maiores queixas da mulheres é pela insensibilidade do homem, pelo serviço de casa sem reconhecimento, pela prisão aos paradigmas. Elas querem mudanças, eles nem tanto.
Nos EUA  quem joga o futebol como conhecemos, são as meninas. È o esporte de massa feminino. Todas o jogam na escola. Os homens jogam o futebol americano que tambem tem qualificação de aptidão, estrategia e jogo de equipe.
Será por isso a melhor qualificação das americanas em geral, para o mercado de trabalho?
Será por isso que o invadem e o conquistam com maior agressividade?
Será por isso que atuam em todas as areas, desde o trabalho braçal até o mais qualificado?
O que foi exposto aqui ajuda um pouco a explicar o porque?
O que vocês acham disso? A questão está posta à mesa....

8 comentários:

  1. Querido Amigo!

    Tens toda razão!
    Os homens são sem sombra de dúvida unidos desde pequenos, e protegem uns aos outros no mercado de trabalho, ou, socialmente.
    Já as mulheres são treinadas, desde pequenas, a serem as "rainhas do lar", mesmo que sejam executivas de sucesso!
    A elas cabe, na maioria das vezes, a responsabilidade da educação da família, o sustento, e o sucesso dos filhos no futuro!
    Trabalhei por 32 anos em um Banco, fui das pioneiras a ter um lugarzinho ao sol, mas posso te garantir que tive que trabalhar muito mais, mostrar muito mais competência!
    Os homens são realmente muito mais unidos,por mais que doa dizer, eles é que mandam no mundo!
    Claro que existem algumas mulheres que conseguem se impor, mas a que duras penas???
    Agora, que a educação feminina nos EUA está a anos luz na nossa frente, isto é inquestionável! Mas lá são outros ares!!!
    És um homem de cabeça aberta, por isto tens esta visão ampla!
    Tuas filhas são umas sortudas por terem o pai que tem.....posso te garantir que na minha época não foi fácil sair de casa e ir para o mercado de trabalho, já minha filha foi doutrinada desde pequena a fazer a diferença e procurar seu espaço!
    Beijossssssss

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  2. Lufe, bom diaaa meu querido!

    Sabe que é a mais pura verdade esse texto?
    Sim. Tenho que concordar, os homens sempre foram mais preparados (Até unidos), desde que se conhecem por gente.
    Como descrito no jogo de futebol.
    Um jogo que une, tem estratégias definidas, onde cada um tem o seu lugar, mas tudo em conjunto.
    As mulheres....eu diria, que desde o nascimento, elas são criadas diferentes (Infelizmente).
    Eu tiro pela minha educação em casa.
    Meu irmão, homem, já corria e era incentivado desde cedo para o "Mundo".
    Eu, tive que brigar muitooo com o meu pai, para começar a trabalhar aos 17 anos, quando ele queria que eu apenas estudasse.
    Filha, depois de formada, ai sim você segue seu rumo.
    Brigas a parte, consegui fazer meu pai entender que eu queria pagar a minha escola.
    Conquistar o meu espaço, ter as minhas coisas, com o meu próprio dinheiro.
    E aos 17 anos, tive meu primeiro emprego no Itaú, e conquistei a minha "Independência".
    Mas é complicado mesmo Lufe.
    O mercado de trabalho, as melhores posições, são compostas pelos homens.
    Poucas mulheres conseguem chegar onde um homem chega (no sentido do mercado de trabalho), até mesmo em cargos politicos.
    Acho que é questão de educação. Criação.
    O Brasil é um País de terceiro mundo né?!
    Hoje, minha única filha, com 16 anos faz estágio no fórum aqui da cidade.
    Eu sempre a incentivei a isso, a correr atrás do espaço dela no mundo.
    Enfins...se um dia conseguiremos mudar isso, eu não sei.
    Mas estamos caminhando.

    Super abraço!!!!

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  3. Acho que não tem nada disso não !!!!!!!!!!!!
    Mulher tem mais dificuldade por ser vista como sensível, menos dura, já existe esse "pré conceito" e tal...tendo ela jogado futebol ou brincado de boneca ...mulheres já nascem com instinto feminino .
    O que o povo não entende é que sabemos dividir a hora de ser essa mulher e a hora de ir a luta.
    E claro reclamem ou nao rs, os homens por se sentirem invadidos no mercado de trabalho, mesmo que inconscientemente, já nos olham com ar de quem não vamos ter capacidade pra tal...então... assim temos muito menos oportunidades de mostrar nosso talento, as portas só se abrem a base de muito chute ... e com certeza temos que nos destacar em dobro para sermos reconhecidas !
    Um preconceito que lentamente vai se esgotar, tenho fé rs...e poderemos continuar a brincar de bonecas sim !!!!!!!!!!!!!!!!!!Falo isso pq brinquei muito de boneca e sou muito "macha" ! rs
    Beijoooos

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  4. Oi Lufe!!!
    Muito curioso esse ponto de vista. Nunca tinha pensado por esse lado.
    Pra mim a culpa maior é dos hormônios. Brincadeirinha...rs
    Mas, falando sério, o papel da mulher em muitas culturas, ainda hoje, é pré-histórico. Fomos ensinadas a ser mães, esposas, etc e tal.
    Isso tudo forma um processo que leva muito tempo para reverter.
    A contribuição que a mulher pode dar ao mercado de trabalho é diferente do homem, mas isso não quer dizer que seja pior, ou menos importante.
    Só que é preciso ter esse espaço, que a gente vem conquistando, aos poucos. Não é fácil porque não se muda uma cultura da noite para o dia.
    Acho que a mulher não precisa gostar de futebol, nem homem gostar de boneca para serem maiores do que são. No geral o homem sempre vai ter mais agressividade e objetividade e a mulher mais intuição e sensibilidade. São o sol e a lua. Que, vez em quando, formam um lindo eclipse...
    Adorei o texto!!
    Beijão

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  5. Sandra, Sil, Ana e Regina
    Na realidade, quando disse que o futebol prepara melhor os homens para a vida corporativa, não quis propor que as meninas fossem jogar futebol, nem que perdessem as suas características femininas. Homem é homem e mulher é mulher. O que eu quis dizer é que poderia haver uma melhor qualificação de nossas crianças, independente do sexo, para que pudessem ocupar um lugar de mercado que as satisfizesse plenamente e com igual importância. Que entendessem melhor o papel que pretendem realizar. Dentro de seus anseios, seus sonhos, suas qualificações e características pessoais. A fêmea cuidar da cria enquanto o macho ia a caça, a muito é um fato ultrapassado. Só que os dois lados tem que ter essa consciência. Hoje já existem plenas condições para que essa tarefa seja distribuída, executada alternadamente, ou individualmente se assim desejarem. Os homens precisam desenvolver uma maior sensibilidade e perceber esta mudança, assim como as mulheres aceitarem também que as regras de mercado são diferentes. O mercado impõe regras sem olhar o se o cromossomo é X ou Y. Ele enxerga competência, qualificação, aptidão, caráter,postura, capacidade de decisão, planejamento, visão de futuro, etc. A era de guerra dos sexos acabou. Mas temos de ter a capacidade de entender que muitas mulheres se sentem plenamente realizadas sendo uma housewife e que muitos homens também gostam de exercer este papel. Muitas mulheres no mundo de hoje, vão a “caça” e consideram o trabalho de casa “menor” e degradante, enquanto muitos homens também o valorizam e reconhecem o valor de uma excelente “equipe de apoio”. Eu acho que cada um deve perseguir o seu sonho, desejos e ambição. Mas que estejam preparados psicologicamente para isso, sem stress ou frustrações.

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  6. É um tema realmente muito instigante, Lufe. Claro que ele nunca vai ser discutido imparcialmente, pois os homens tem um ponto de vista culturalmente condicionado sobre as mulheres e vice-versa.

    Entretanto, podemos dizer que algumas características são mais presentes em homens do que em mulheres, assim como o oposto é verdadeiro.

    Históricamente homens se reúnem em grupos e dividem tarefas. Já era assim no tempo em que os alimentos não se encontravam confortavelmente dispostos no supermercado à espera de serem comercializados e depois consumidos...

    Às mulheres cabia a tarefa de preparar estes alimentos, tecer roupas, criar as crianças. Claro que elas também estavam em grupos, mas tinham uma relação diferente entre elas, e as tarefas de cada uma, ao que me parece, eram muito semelhantes.

    A mulher é mais sensível, menos prática e mais detalhista do que o homem. Estas são as três diferenças mais marcantes nela, na minha opinião.

    Entretanto, a idéia de "sexo frágil" é uma invenção machista e eivada de preconceitos. Como o universo feminino de fato é uma enorme incógnita para o homem (e vice-versa, só que em menor proporção, pois as mulheres são mais observadoras), ele criou toda uma série de imagens sobre ela que não correspondem à realidade. Dentre elas está a de que a mulher é inapta para determinadas profissões, o que o tempo e a prática já demonstraram não ser verdade.

    Levando tudo isso em consideração, podemos dizer sim que a educação das meninas deve ser mais direcionada para a vida da mulher contemporênea, e não mais para ser a mamãe-serviçal-doméstica.

    Abraço.

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  7. Isa,
    É um prazer te-lo aqui no buteco.
    Você foi no ponto certo.
    A vida da mulher contemporânea esta cobrando delas uma formação, educacional, psicologica, mental e profissional, muito maior que as gerações passadas podiam fornecer. Acho que existe uma carencia, para que as mulheres possam exercer todas as suas aptdões com plenitude, e consequentemente com menos frustrações.
    um abraço, apareça sempre.

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  8. @Sandra Obrigada! Papai sempre nos criou para sermos independentes, donas do próprio nariz, com atitudes e responsabilidades! É um ótimo pai!
    Uma curiosidade: minhã irmã mais nova, desde pequena, sempre amou jogar futebol, jogou em times aqui de BH, no time da Universidade e agora no meio do ano se formou em Educação Física, e quer trabalhar justamente dando aula em escolinhas de futebol. Não é uma gracinha? :)

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