Dentre os meus fregueses habituais tem um senhor já idoso, beirando os oitenta anos, bem lucido, que vem invariavelmente às quarta feiras, por volta de dez da manha, se acomoda em uma mesa da calçada, à sombra e pede um chopp bem gelado.
De cara pergunta pelo Caio Cesar, ajudante de garçom.
É um rapaz esperto, bem educado, começou a trabalhar para mim, ainda menino, embora fosse hoje, um pouco mais que adolescente.
É um rapaz esperto, bem educado, começou a trabalhar para mim, ainda menino, embora fosse hoje, um pouco mais que adolescente.
O Caio se aproxima, ele abre a carteira de dinheiro, retira varias notas de cem e entrega ao rapaz junto a uma lista de compras. É a lista de mercado da casa dele. Frutas, legumes, laticínios, embutidos.
Incumbência recebida, lá vai o Caio Cesar lépido rumo ao Mercado Central.
O senhor continua a saborear calmamente seu chopp, sempre renovado pelo garçom, solicito. Os garçons, sempre que passam o cumprimentam e ele quer saber noticias de todos. Da mulher, dos meninos, pergunta sobre o filho que estava doente, a mulher desempregada, procura se inteirar de tudo.
O senhor continua a saborear calmamente seu chopp, sempre renovado pelo garçom, solicito. Os garçons, sempre que passam o cumprimentam e ele quer saber noticias de todos. Da mulher, dos meninos, pergunta sobre o filho que estava doente, a mulher desempregada, procura se inteirar de tudo.
Chama cada um pelo nome, sabe onde moram, pra que time torcem. É muito agradável, alegre e bonachão.
Esse acordo já ocorre a alguns anos, e não é só com as compras do mercado. Serviços de banco, pagamento de contas, tudo quem resolve é o Caio. Como se fosse um secretario particular.
Esse acordo já ocorre a alguns anos, e não é só com as compras do mercado. Serviços de banco, pagamento de contas, tudo quem resolve é o Caio. Como se fosse um secretario particular.
No inicio ele me pedia o rapaz “emprestado” como um favor, depois foi virando habito e hoje o garoto já adianta seu serviço e fica á espera de que ele chegue. Ele considera essa saída como parte de suas obrigações.
E eu deixo, freguês antigo e assíduo, merece. Afinal eu vivo do boca a boca e são poucos os butecos que são considerados a extensão de sua casa.
Mais ou menos duas, duas horas e meia, após ter saído, la vem o Caio, descendo de um taxi, onde estavam acomodadas todas as compras.
O senhor pede a conta, se despede de todos, dá uma gorjeta generosa pro rapaz, toma o taxi e se dirige diretamente para sua residência.
Feira feita. Tudo da melhor qualidade. Todos conhecem este senhor, freguês de anos, das barracas do mercado. O rapaz a seu pedido, corre banca por banca em seu nome e o atendimento é no capricho, especial pra freguês antigo.
As frutas parecem de exportação, o queijo é de São Roque de Minas, na nascente do São Francisco, Serra da Canastra, os doces de São Lourenço, onde o doce de leite talhado é de se comer ajoelhado, agradecendo aos céus o manjar. Só artigo fino.
A mulher acha que ele foi pessoalmente ao Mercado.
A mulher acha que ele foi pessoalmente ao Mercado.
Toda quarta ele chega, lá vai o Caio Cesar, ele continua bebendo seu chopinho e deixando a esposa feliz.
Sabedoria de quem sabe administrar a vida. Ele criou seu alvará.
Quarta feira atrasada ele não veio, e na passada também.
Hoje, quarta feira, ao final da manhã, entra no buteco uma velha senhora elegante, corpo empinado, altivo, aquele ar de quem tem berço.
Perguntou por mim, me aproximei e ela se apresentou. Era a esposa do senhor das quartas, o que criara o alvará.
Me deu a noticia do falecimento dele, e veio me agradecer pela acolhida que lhe déramos todos estes anos, sempre as quartas para o chopinho.
Disse que ficava tranqüila, por informações que obtera, quanto ao atendimento e cuidado com que todos nós sempre tivéramos com ele, cuidando das suas compras, enquanto ele seguro, aguardava no buteco.
Ela tinha receio de que ele exercesse estas atividades, temendo a violência e o desrespeito aos idosos e ficara feliz quando soube do nosso arranjo, mas que nunca dissera nada, para não atrapalhar a travessura.
Com um meio sorriso no rosto, ela disse que isso o mantinha com a autoestima elevada, ele se sentia ativo e ainda capaz de umas estripulias. Foi para o tumulo achando que a enganara.
Como sempre, divido o pensamento com os meus botões:
- Querem saber a formula de um casamento para a vida inteira?
Perguntem a ela.....
Imagem da net
OI! O JORNAL AFOGANDO O GANSO/ http://afogandooganso.blogspot.com com intuito de se expandir se torna a partir de hoje um veículo multimídia e conta com você e seus amigo para que o crescimento seja verdadeiro.
ResponderExcluirConheça as mudanças na página principal, onde apresento um “tutorial” com as novas opções e conheça o “Menu Suspenso” com os novos caminhos.
Aguardo-lhe,
Abraços
É, a danadinhaaaaaaa foi esperta srsrsrsrs
ResponderExcluirlegal.
Lufe, qualquer dia vou para BH, só para conhecer o seu buteco,tomar um suco geladinho...alias Lufe, bem que você poderia dar uma festa...HÃ... que tal...ENCONTRO DE BLOGUEIROS NO BUTECO DO LUFE E TUDO POR CONTA DA CASA... Lufe vai ser o maximo...se eu fosse você pensava com carinho no assunto.
Eu juro que eu vou...rsrsrsr
Beijosssssssss
Lufe,
ResponderExcluirVirei bala, vá lá me ver!
Sem muito a dizer, você tocou, toca meu coração de menina mineira tola...
Estarei por aqui, você saberá.
Beijos!
Uma delícia de 'causo'. Uma espécie de viagem sem sair do lugar.
ResponderExcluirSeus textos sempre de bom gosto e fácil interpretação, gosto muito!
Muito sábia nossa amiga...por isto o casamento longo!
ResponderExcluirQue bom estar aqui em seu blog, Lufe!!!
Fiquei muito feliz com sua visita lá em meu OLHAR, onde gosto mesmo é de OLHAR DENTRO DOS OLHOS!
DEixo então um beijo em você euma ótima sexta-feira!!
Bia
já tá ai a formula mesmo ela sabendo da "travessura" ela não disse nada simplesmente deixou acontecer por que isso ó deixava feliz.
ResponderExcluirIsso que é amor, pensar no que faz o outro feliz.
ResponderExcluirEsse seu boteco, é uma execelente escola da vida.
Estou adorando frequenta-lo.
Bom final de semana
Rosane,
ResponderExcluirA gente se encontra todos os dias no Buteco.
O fascínio da realidade virtual as vezes nos leva a sonharmos com a virtual realidade.....Quem sabe um dia....Depois de inauguramos o Buteco real.....
E tudo por conta da casa.....rsrs
Bjos
Lily,
ResponderExcluirVi ontem um poema publicado pela Malu, do Apenas um cadinho de poesia, e o reproduzo pra você:
Doravante, eu o sei e qualquer um o sabe.
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia enlouqueceu.
-Sou todo coração.
Em todas as partes pulsa.
(Maiakoviski)
As vezes isso acontece.
Um beijo amiga, te cuida.
Fabinho
ResponderExcluirObrigado, é o que a gente tenta....
Abço
Alexandre,
ResponderExcluirA convivência é uma arte....
Abços
Bia,
ResponderExcluirPartilhamos o mesmo gosto!
O mimimi não é meu forte....rsrs
Apareça mais...volte sempre
Bjo
Rafael
ResponderExcluirO respeito a individualidade e o desejo de que o outro esteja bem, é uma das chaves....
abço
Ioly
ResponderExcluirEste foi o maior elogio que poderia ter feito.
Te agradeço de coração.
Em todo “causo” que aqui se conta, com humor, as vezes sarcasmo, e até cinismo, procuro embutir um tema relevante à discussão e reflexão.
Faz parte do Menu do Buteco.
Que bom que isso a traga de volta.
bjo
Lufe,
ResponderExcluira sabedoria dela fez esse casamento longo e feliz, respeitou a individualidade dele. Agora,
você precisava descrever as compras do homem?
Queijo canastra e doce de leite talhado!!!!!!!!
Deu água na boca.Tenho certeza que o doce ele comprava para ela.
bjs
Jussara
Não vale ser só bem humorado, tem que ser inteligente, e isso sobra por aqui... ;-)
ResponderExcluirAbraços. Lufe!
Lufe,
ResponderExcluirO Alexandre tem toda a razão, mulher sempre sabe.
Algumas, que querem preservar, se fingem de "mortas" e vão levando a vida, talvez seja por aí a fórmula ideal.
Muitas vezes os homens acham que "levam" a mulher no bico, mas elas é que sabiamente os manipulam!
Beijinhosssss
Jussara,
ResponderExcluirEste fato é real, ocorrido com meu tio falecido no mês passado. Foi um casamento de mais de cinqüenta anos onde os dois se respeitavam e se entendiam. Esse caso foi me contado pela minha tia, no velório, com um ar doce e saudoso. Quis homenageá-los com este “causo”.
Vou mandar uma ambrosia pra você....rsrs
Bjo
Priscilla
ResponderExcluirNão fala essas coisas não, que eu acredito.....rs
Bjo
Grande história, digna dos melhores botecos e dos mais famosos!
ResponderExcluirSandra,
ResponderExcluirA gente sabe que se não for assim, não dura.
Nada levado a ferro e fogo, no universo das relações humanas, funciona.
De vez em quando tem que fechar os olhos e sempre respeitar a individualidade.
Mas não são elas que “se fingem de mortas” isso ocorre dos dois lados.
Não é privilegio feminino.
bjo
Lucas,
ResponderExcluirObrigado,
É um prazer a visita...
abço
Lufe,
ResponderExcluirQue linda história! E que perfeito entendimento dos dois. Caramba, estou de cara!! Gostei muito e, se já estava curiosa para conhecer pessoalmente o Buteco do Lufe, agora estou mais ainda. Qualquer dia pego meu carro e apareço por aí...
Beijo
Carla
Lufe, meu querido!!!
ResponderExcluirEu diria o seguinte:
O casamento dos meus pais já dura 53 anos.
Óbvio que já vi muitos perrengues entre eles, afinal vida a dois não deve ser fácil.
E estão juntos. Hoje, meu pai tem a saúde debilitada, um dos motivos pelos quais estou na praia com eles. Faço TUDO por eles, TUDOOO, porque eles são a minha base.
E minha mãe ali: Cuidando, dando o melhor dela, como sempre. Uma guerreira.Uma Leoa. Minha mãe é puro AMOR, um dos motivos de eu ser apaixonada por ela. Pelos dois.
Mas lendo essa história, eu me lembrei que perguntei ao meu pai, qual era o segredo de estarem tantos anos juntos.
Ele apenas me disse:
Uma mulher sábia edifica sua casa, a tola a destrói.
Biblico, mas verdadeiro.
Porque minha mãe é exatamente como essa mulher ai rs. Muitas vezes se fez de cega em alguns casos, para manter a paz familiar.
Talvez, um dia eu viva um amor assim!!!
Um beijoooooo meu.
Que simpatia de texto!!!!!!
ResponderExcluirEsperta, hein?! rsrsrs...
Beijos querido!^^
De carro não dá.....
ResponderExcluirVou de mãos dadas com você, num rabo de foguete, até a estrela mais brilhante, de lá a gente faz uma baldeação pegando carona em uma estrela cadente até o mundo da fantasia, na rua do Mistério, esquina com Avenida do Imaginário, numero 0, onde nos embriagaremos de coquetel de chocolate com amêndoas, enquanto apreciamos a vida e seus casos passando a nossa frente na calçada de arco-iris.
Adrentraremos ao buteco nas asas das borboletas que pousarão no palco, onde os atores concentrados encenam e, nos acenam à nossa partida, voltando para casa, no mundo real.
bjos
Sil querida,
ResponderExcluirRepito o que disse a Sandra:
Nada levado a ferro e fogo, no campo das relações humanas, funciona.
De vez em quando tem que fechar os olhos por alguns instantes e sempre respeitar a individualidade. Isso dos doi lados.
Meus pais tem 63 anos de casados e ainda assistem TV de mãos dadas.
Eles construiram essa felicidade, ela não cai no colo de mão beijada.
bjos
Suzana,
ResponderExcluirConheci seu blog atraves da sua xará e gostei muito da sua casa no "Entre Marés".
Irei lá visita-la...tomeremos uma tequila andando nas areias da praia....
bjos
Oi, Lufe, boa tarde!
ResponderExcluirLegal o causo mas gostei mais ainda foi do que vc disse depois em um comentário:
"O fascínio da realidade virtual às vezes nos leva a sonharmos com a virtual realidade..."
Quantas vezes sinto vontade de ser vizinha de minhas amigas blogueiras, conversar de verdade, chorar as pitangas, fazer compras juntas, sabe, conviver...
Beijo,
Biula,
ResponderExcluirA gente convive tanto, que se conhece na essencia. Que é vardadeiramente o que conta.
O Buteco chega a parecer real....
E é, se a gente quiser assim.
bjo
lUFE,por ser a história real ficou mais bonita, meus pais foram casados 54 anos e faleceram com uma diferença de 4 meses, meu pai faleceu de tristeza.
ResponderExcluirbjs carinhosos
Jussara
Jussara,
ResponderExcluirÉ uma realidade, acontece com frequencia, eles perdem a vontade de viver. Sem o outro a vida não existe.E triste e bonito ao mesmo tempo.
bjo
AI SE ESSA MALDITA RAIVA QUE SE APODERA DE NÓS TOLAS ESPOSAS PUDESSE DAR DE VEZ O LUGAR PARA ESSA LINDA E FACIL INTELIGENCIA DESSA SENHORINHA ..QUE ATE SEI A FISIONOMIA DE TANTO QUE SONHEI SER ASSIM...FAZEMOS TANTAS BURRICES TEMPESTADES ONDE PODERIA HAVER SOMENTE CALMARIA NÉ??COMO A GENTE JOGA FORA MOMENTOS FELIZES PRA FICAR COM PICUINHAS COM NOSSOS MARIDOS A TROCO DE QUE??AS VEZES A GENTE QUER IMPOR O JEITO DA GENTE NOS COITADOS EU QUE O DIGA QUE ERA ASSIM QUERIA DO MEU JEITO..MAS HOJE DEPOIS DE 24 ANOS DE CASADA TO APRENDENDO UM POUQUINHO SABIA??E HOJE LENDO SEU BLOG APRENDI MAIS UM POUCO...ESSA VOU LEVAR PRA VIDA..QUE MAL HA EM IR A UM BUTECO..TODOS OS DIAS...??DESSE JEITO SEM MALDADE ..NENHUMA ...ADOREI...
ResponderExcluirOTILIA LINS
Lufe,
ResponderExcluirSeu causo é gostoso de ser lido e provoca-nos tanto à visualização da narrativa quanto à sensibilização dessa passagem que é a vida.
Um beijo!
Ps: Fiquei com saudade de passear pelo mercado, fazer umas compras e comer aquelas empadinhas do "Ponto da Empada"!!
Otilia,
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Que bom que o texto provocou uma reflexão..
bjo
Livia,
ResponderExcluirTe agradeço pelas palavras.
O mercado é sempre estimulante para todos os sentidos.E a empadinha dá mesmo saudade...
bjo
De todo o texto, fiquei querendo um Caio Cesar pra fazer todomeu trablho de banco, supermercado, feira... empresta ele?
ResponderExcluirAbç!
Franck,
ResponderExcluirAté pode ser, ele anda meio amuado por ter perdido a sua rotina das quartas...rs
abço
Lufe, mulher saca as coisas de longe. Quando não saca, é porque lhe convém.
ResponderExcluirMas o mais bonito dessa história é que a vida a dois necessita de fazer agrados assim. Nem sempre é preciso dizer a verdade, contrariar, arranjar briga. Por vezes, deixar quieta as manias do outro é um ato de amor.
Não tô falando de amante não, viu? Tô falando de cumplicidade, de aceitação.
Afinal, todos nós temos as nossas manias esquisitas.
Bjs,
Malu,
ResponderExcluirÈ como eu disse no proprio texto. Ela fechando os olhos aumentava a autoestima dele, pois esta pequena contravenção o fazia sentir ativo, esperto..
Se não sober respeitar estas pequenas coisas, se for querer radicalizar, os relacionamentos não duram...Como você bem disse, todos nos temos as nossas manias.
bjo