Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A cueca e o buraco da cueca.


Resolvi postar este texto, por concordar plenamente com o autor, pelo cansaço de ter as ultimas gotas a escorrer perna abaixo e pela vontade de esganar o infeliz fabricante. Sou também, como ele, adepto à criação do bicho solto! E viva o passarinho!

”Eu já escrevi aqui sobre as cuecas, eu sei. Mas hoje é sobre o buraco das cuecas. Sobre as braguilhas (vê se isso é nome que se apresente).
Vamos ver a evolução das cuecas, desde que inventaram a dita cuja (aliás uma invenção fundamental para a última gota, que é mesmo sempre dela). Como se sabe a primeira cueca foi uma folha, conforme nos ensina a Bíblia Sagrada. Como você pode observar, evoluiu muito, de lá pra cá.
Até que se chegou à cueca batizada pelo Tom Jobim de samba canção. Veio a Zorba e todo mundo quis se vestir como o Anthony Quinn, o grego. A samba canção saiu de moda. Mas depois voltou. E voltou com tudo. Todo mundo começou a usar as cuecas que o Tom Jobim usava. Inclusive eu. Me sinto mais confortável, com a vida mais solta, respiro melhor, não me sinto preso e já passei da idade de passar vergonha depois de dançar abraçadinho.
Pois bem, a cueca samba canção tinha (eu disse tinha) um braguilha, que é por onde a gente enfiava a mão para achar o danado e colocá-lo para urinar. Para outras coisas também. Bastavam alguns dedos da mão esquerda para ter o elemento ali, livre e solto.
Mas aí, algum gênio resolveu fechar as braguilhas. Agora elas vêm costuradas. Tem ainda o formado da braguilha, uma espécie de barra da calça mas, se você enfiar a mão ali, vai ver que está fechada. Está costurada. Lacraram! Só um gênio poderia inventar isso. E agora, como é que eu tenho que fazer? Segunda questão, para que o arremedo da braguilha se a coisa ali está entupida?
O problema ficou sério. Se antes você enfiava três dedos ali e já tinha o material à mão, agora a coisa complicou e muito. Você tem duas possibilidades e, para ambas, você tem que enfiar quase o braço inteiro lá dentro. A primeira é, usando agora as duas mãos, abaixar a cueca e urinar por cima, digamos assim. Mas, ao fazer isto, comprimimos a bexiga e nunca urinamos tudo que deveríamos. Aí, não adianta chacoalhar, porque a coisa vai escorrer perna abaixo.
A segunda possibilidade, é enfiar os dois braços até a parte de baixo da cueca e sacar por ali o nosso pênis (desculpe usar esta palavra que só os urologistas usam. Perguntam para a gente: “e o pênis, como vai?” Como se o pênis foi um nosso tio, o Tio Pênis), eu dizia, tirar o pênis por baixo com as duas mãos. Este jogo é mais perigosos ainda, porque exige maleabilidades incríveis.
Alguém aí, que fabrica cuecas, pode me explicar porque fecharam o buraco da cueca?
E não pense você, amável leitora, que uma tesourinha resolve o problema. Não, de maneira alguma. Você acaba com a cueca. A coisa foi feita – inexplicavelmente – para complicar o nosso simples prazer de fazer xixi, para nos jogar num mundo escuro para o qual não fomos nem criados e muito menos educados.
Acho que deveríamos nos unir e fazer uma greve contra estes fabricantes. A Greve do Xixi. Acho que, se a gente ficar um mês sem fazer xixi, esses caras se tocam e nos devolvem o buraco que custamos séculos para conquistar. Tá na Bíblia Sagrada.”
Texto de Mario Prata
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