Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Papos de Buteco 59 – Dr. Eugênio

Medico conceituado, já de meia idade, Dr. Eugênio (belo nome pra médico) apareceu ontem por aqui, no fim da tarde, após terminar suas consultas no consultório.
Achei estranho, pois era muito cedo para ele já ter teminado seu dia de trabalho.
Ele me disse que resolvera neste dia, deixar o automóvel em casa e ir ao trabalho de ônibus. Ele estava ficando meio estressado com os engarrafamentos e a violência no transito e como já estavam, sendo implantadas modificações estruturais visando a Copa, ele resolvera ver com seus próprios olhos.
- Loucura minha, disse ele, trafegar nessa cidade de ônibus ainda é impraticável.
- Impraticável como? Disse eu, dirigir neste transito de hoje é que é uma loucura.
-É, ele retruca, mas dentro de meu carro eu fico separado dos outros por uma redoma, como se fosse um escudo, e ficaria livre destas criaturas que andam por ai.
- Não estou entendendo, digo eu.
-Deixa que eu te explico, diz o doutor.
A um quarteirão de minha casa tem um ponto de ônibus, já me animei com aquilo, peguei o coletivo e de cara tinha um banco vazio. Gostei. Sentado bem á minha frente havia um punk, já na casa dos trinta anos, de cabelos compridos, com mechas verdes, azuis, rosa, vermelhas. Fiquei olhando para o punk e o punk olhando para mim. Já não gostei. O punk vai ficando invocado comigo ... até que então me pergunta meio atrevido:
- O que foi, vovô, você fica olhando pro meu cabelo com essa cara....nunca fez nada diferente quando era jovem?
E eu prontamente lhe respondi à altura:
- Sim, eu fiz, e muito. Quando era mais jovem, fui à Amazônia e lá me deram um chá de um cipó nativo, alucinógeno. Disseram que eu teria experiências extra sensoriais. Que nada, acordei no dia seguinte abraçado com uma arara e acho que fiz sexo com ela,  porque te vendo aqui na minha frente me veio uma estranha sensação... Será que este FDP é meu filho?...
- É,  disse eu, nestes ônibus se vê de tudo, mas e depois?
- Bom, eu logo fiz sinal para o motorista e desci. Preferi fazer o resto do trajeto a pé, pois havia acabado de entrar no ônibus um outro sujeito todo tatuado, da cabeça aos pés, e me veio uma lembrança funesta de outra experiência que tivera na índia..... Eu ia acabar apanhando alí.....
- E como o Dr. Vai pra casa agora? Eu lhe perguntei.
-Estou aqui esperando minha mulher me buscar, pois não tenho estrutura pra pegar outro coletivo.
Até no consultório as coisas hoje saíram do serio.
- Saíram do serio como?
- Você acredita que numa das primeiras consultas, entra em minha sala uma jovem morena que reclama que todos os lugares do seu corpo doem quando ela os toca.
- Impossível – eu lhe disse - mostre-me como é ...
Ela encosta o dedo no ombro e grita agoniadamente.
Encosta o dedo na perna e grita.
Encosta em seu cotovelo e grita e assim por diante...
Qualquer lugar em que ela se tocava, nova sessão de gritos...
Com vista no quadro estranho, pedi que tirasse a roupa para examina-la.
Ao proceder o exame, matei de cara a charada:
- Você não é morena natural, né?
- Não, ela diz - na verdade, eu sou e nasci loira!!!
- Foi o que eu pensei – eu lhe disse - A Sra esta com o dedo quebrado!!!!

- Depois dessa, pedi a secretaria que desmarcasse o restante das consultas e aqui estou tomando meu uisquezinho pra relaxar, enquanto não volto para casa.  Ô dia ruizinho, sô!
.
Não é que o Dr Eugenio estava hoje com a macaca?




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