Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Papos de Buteco 59 - O BARBEIRO

Na região onde eu tenho o Buteco, é uma região mista de comercio e residências. Logo em frente tem uma praça de um comercio tipicamente de bairro, onde se acha de tudo e o melhor, é que todos se conhecem.
Tem uma floricultura, um açougue, uma padaria e tambem  nessa praça, fica uma barbearia onde seu dono, um cara muito requisitado, tem uma promessa que cumpre todo ano com muito prazer.
Ele, numa época da vida, teve uma doença muito seria e, como não podia trabalhar, a sua casa foi mantida praticamente pelos vizinhos, amigos e outros comerciantes que se cotizaram para lhe ajudar enquanto recuperasse.
A partir desta época, ele agradecido, mas sem ter como pagar toda a ajuda que tivera, fez uma promessa de que em determinada época do ano, ele cortaria o cabelo de quem aparecesse em sua barbearia, totalmente de graça.
Era uma forma de retribuir, servindo aos outros.
Numa dessas semanas, o florista foi a barbearia para cortar seu cabelo e após o corte ele perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:
- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou cumprindo uma promessa e prestando serviço comunitário essa semana.
O florista ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista.
Mais tarde no mesmo dia veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse:
- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O padeiro ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.
Naquele terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo.
Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse:
- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou cumprindo uma promessa e prestando serviço comunitário durante essa semana.
O deputado ficou muito feliz e foi embora.
No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, notou que havia em frente, ocupando toda a praça, um numero enorme de carros de luxo, motoristas e havia também uma fila enorme a sua porta.
Espantado, perguntou a um deles o que ocorria:
- Somos todos deputados aqui nessa fila, disse o indagado. Soubemos de sua promessa e viemos aproveitar a oferta!

Essa é a diferença básica entre os cidadãos corretos e os políticos.

Confesso que tive vontade de ir lá e lhe sugerir que fizesse de graça, para aquele bando, apenas o segundo serviço anunciado na sua placa.

"Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão."  
(Eça de Queiróz)

O mote do texto foi enviado pela Jussara do "Palavras vagabundas"




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