Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A redação

Buscando em meus arquivos temas para as postagens do Buteco, encontrei este texto que me enviaram a muitos anos e estava escondido num cantinho de uma pasta do HD do meu PC.
Eu o guardei porque à época o achei sensacional e como dava aulas, pensei em aproveita-lo para dar exemplos sobre criatividade. 
Não tive oportunidade de utiliza-lo e agora com o blog, eu o divido com vocês.
Este texto é uma  redação e  foi desenvolvida por um jovem candidato a executivo  para uma empresa multinacional de grande porte, durante o exame de seleção
Ele foi aprovado, contratado e seu texto está fazendo sucesso por onde é divulgado, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

Tema da redação:  VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA ?

A REDAÇÃO

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
Qual sua experiência?'.
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência...
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência ?
Não!
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:
Experiência?
Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?
____
Dava pra não contratar um camarada desse?

imagem da net



sábado, 27 de novembro de 2010

Novidade no Buteco!


 Vou aproveitar trechos de um texto publicado pela  Regina Laura, d0 Blog“  No balanço das horas”  (http://nobalancodashoras.blogspot.com/2010/11/novidades-em-3-tempos-prorrogacao.html),  para comunicar a vocês  que sempre estão por aqui, acompanhando e comentando, dando vida a esse Buteco,  uma alteração que pretendo fazer neste momento, no fluxo de postagens.


Eu e a Regina havíamos conversado sobre a inquietação que estávamos tendo para manter o nossos blogs com qualidade, respeito aos nossos leitores e sem nenhum stress.
Como vocês sabem, a gente começa um blog sem pretensão de ser lido. 
Só que aí as pessoas começam a aparecer, e a gente vai se afeiçoando a elas cada vez mais, e quer retribuir a atenção recebida à altura.
Até que chega o dia em que você percebe que todo o tempo que você tem para o blog não é suficiente. A não ser que você viva em função dele, o que todos sabem não ser a nossa realidade.
A maior parte do tempo que gastamos não é para escrever os posts.
É, isso sim, acompanhar os blogs amigos, ler os seus posts com a devida atenção, comentar, porque isso é o mais divertido.
É o que nos faz aprender, trocar experiências, rir, se emocionar, enfim, é o que realmente  faz valer a pena estar aqui.
E eu também sou muito exigente comigo mesmo em relação a isso.
Não consigo visitar um blog só para dizer que passei por ali, sem nem ler o que está escrito. 
Eu leio e comento! E tento fazê-lo o mais dentro possível da linha do blog que visito.
Então, para que o Buteco não vire apenas mais um compromisso dos tantos que a gente já tem na vida, percebi que tenho que otimizar um pouco meu relacionamento com ele. 
E claro, também com vocês que me acompanham.
Acredito que rever procedimentos é sempre uma alternativa saudável. Nunca fui o tipo de pessoa que começa de um jeito e insiste em permanecer assim, custe o que custar. Eu sempre me permiti mudanças pelo caminho. Vocês puderam perceber isso por aqui.
Uma das coisas que vinha fazendo é responder aos comentários aqui mesmo.  As pessoas voltam para ler.  Elas me dizem que voltam.
Eu sempre gostei de fazer isso.  É como eu entendo o meu Buteco.  Eu no balcão interagindo com todos vocês. Ele vive dessa inteiração com todos vocês!  E, como isso me consome muito tempo, às vezes não está mais dando a oportunidade e o prazer de comentar nem aqui e nem no blog de quem passou por aqui. Vocês já devem ter reparado que eu dei uma sumida, e isso se deve aos meus inúmeros afazeres, todos nos os temos.
Como vocês também devem ter notado, já foram quase 290 artigos em mais ou menos 213 dias de existência, mais de um por dia (isso muito se deveu á copa do mundo), e quase 3.300 comentarios. O Buteco foi aberto em 20/04/10, data da primeira postagem.
Tem hora que isso assusta!  Chega em um ponto que você começa a ficar meio paranóico, com a obrigação de postar para não decepcionar a quem rotineiramente nos acompanha e nos lê.
Acontece também, que vários leitores já me comunicaram que as vezes não acompanham os posts por causa da velocidade de freqüência da postagem.
 Já se iniciam as festividades de fim de ano, todos nós voltados a conclusão de vários projetos, a preparação de outros, enfim, às atribuições diárias da nossa vida, que agora se avolumam.
 Já agora, a partir desta semana, irei mudar a freqüência de postagens e começar a fazê-las às segundas, quintas e sábados.
Com isso, espero melhorar o nível das postagens e propiciar mais tempo para a leitura.
 Pode parecer uma bobagem, mas isso vai me permitir ter mais contato com quem me segue, e uma troca de melhor qualidade, já que poderei continuar a responder aos comentários mantendo a inteiração.
 Assim, continuarei a abastecer o Buteco com minhas postagens e prazerosamente como sempre fiz, poderei continuar a recebê-los com a atenção que merecem, sem que haja nenhum stress ou queda de qualidade das matérias.
 Poderia simplesmente ter alterado essa freqüência sem nenhum comunicado, mas como sempre o nosso jogo aqui é aberto e eu não poderia alterar o funcionamento do Buteco sem comunicar devidamente aos fregueses assíduos, que o mantem.
 Certo de que terei a compreensão de vocês, eu agradeço a todos, do fundo do coração, este prazer que me deram e continuam dando com a sua presença e carinho, com a critica aguçada, com comentários inteligentes, instigantes, polemicos, me ajudando a manter sempre alegre e interessante a vida desse Buteco.

NOVA POSTAGEM NA SEGUNDA 29/11/10
Até lá!


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cardápio de Homem

Recebi essa por e-mail e achei ótima, muito criativa, divertida, reposto do jeitinho que recebi e como não tem autoria, parabéns a quem escreveu.
Tenho certeza que as mulheres identificarão varios desses petiscos gastronomicos.
O sabor, textura, apresentação do prato, fica para avaliação da freguesia.
Cada uma tem um gosto e como dizem os nutricionistas:  a pessoa é aquilo que come.
Será?

 
OS VÁRIOS TIPOS DE HOMEM PARA DEGUSTAÇÃO.

HOMEM Camarão : só tem merda na cabeça, mas é gostoso e você come assim mesmo.

HOMEM Caranguejo: é feio e peludo, mas você bate nele, limpa direitinho e come.

HOMEM Pão : tem sempre o mesmo gosto, mas você come todo dia.

HOMEM Aperitivo : acompanhado de uma bebida você come e ainda acha bom.

HOMEM Maracujá : é todo enrugado, você come e depois sente vontade de dormir...

HOMEM Lagosta : só come quem tem dinheiro.

HOMEM Caviar : você sabe que alguém está comendo, mas não é ninguém que você conheça.

HOMEM Bacalhau : você só come uma vez por ano.

HOMEM Maionese de Fim de Festa : todo mundo te avisa pra não comer, mas você come porque está desesperada; arrepende-se e depois passa mal.

HOMEM Rã : todo mundo já comeu, menos você.

HOMEM Salada : é bonito, mas quando você come descobre que não é tão gostoso assim.

HOMEM Marmita : não é lá essa coisa, mas você come rapidinho.

HOMEM Cafezinho de Supermercado : você nem faz questão, mas como é de graça, você come.

HOMEM Jiló : é horrível, mas você conhece alguém que come.

HOMEM Docinho de Festa : você fica com vergonha de chegar junto, então vem outra, come e deixa você chupando dedo..

HOMEM Cogumelo Venenoso : comeu, ta fud*da.

HOMEM Feijoada : você come e ele fica te enchendo o dia todinho.

HOMEM Coqueiro : pode trepar que não tem galho.

HOMEM Miojo : em um minuto ta pronto pra comer.

HOMEM Pepino: Você come e e ele não te deixa esquecer

HOMEM Coca 2 litros : dá pra seis

HOMEM pé de chuchu: Você é obrigado a comer senão a vizinha vai lá e come.

HOMEM BIS : você come, repete e nem se lembra das calorias!!!

HOMEM Banana: Você sabe que é nutritivo, te dá substância, mas se você come te empanturra tanto, que da vontade de não ter nem descascado.

Alguém sabe de mais algum? Vamos completar o cardápio?



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Não às gírias

ALTERNATIVAS EM LINGUAGEM CULTA PARA QUEM NÃO GOSTA 
DE USAR GÍRIAS

Muita gente que eu conheço detesta utilizar-se de gírias ou palavras chulas em suas conversas, mas tem hora que nos faltam palavras.
Pensando nisso, resolvi fazer uma pesquisa em nossos dicionários e transcrever algumas expressões muito utilizadas no nosso dia a dia.
Os puristas que aproveitem.

1 - Prosopopéia flácida para acalentar bovinos.
(Conversa mole pra boi dormir);

2 - Colóquio sonolento para fazer bovino repousar.
(História pra boi dormir);

3 - Romper a face.
(Quebrar a cara);

4- Creditar o primata.
(Pagar o mico);

5 - Inflar o volume da bolsa escrotal.
(Encher o saco);

6 - Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o sustentáculo de uma das unidades de proteção solar do acampamento.
(Chutar o pau da barraca);

7 - Deglutir o batráquio.
(Engolir o sapo);

8 - Derrubar com intenções mortais.
(Cair matando);

9 - Aplicar a contravenção do João, deficiente físico de um dos membros superiores.
(Dar uma de João sem braço);

10 - Sequer considerando a utilização de um longo pedaço de madeira.
(Nem a pau);

11 - Sequer considerando a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais.
(Nem que a vaca tussa);

12 - Sequer considerando a utilização de uma relação sexual.
(Nem fud*ndo);

13 - Derramar água pelo chão, através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente com a extremidade do membro inferior.
(Chutar o balde);

14 - Retirar o filhote de equino da perturbação pluviométrica.
(Tirar o cavalinho da chuva);

Essa última foi tirada do mais culto livro de palavras clássicas da língua portuguesa:

15 - A bucéfalo de oferendas não perquiris formação ortodôntica!
(A cavalo dado não se olham os dentes);

E agora, para fechar com chave de ouro:

ADVERTÊNCIA PARA FINS DE SEMANA OU FERIADOS:

O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames referentes ao direito individual de propriedade.

(C* de bêbado não tem dono).

Vocês conhecem alguma outra expressão para enriquecer a lista?
Contribua para o bem falar de nossa língua.
Manda aí....

Lista recebida por e-mail

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Papo de Buteco 32 - No Tribunal

Como eu já contei a vocês, o meu Buteco funciona como uma embaixada para ao meus parentes e amigos de Conceição do Mato Dentro, pertinho da Serra do Cipó, aqui no interior de Minas Gerais e até mesmo de outras partes de nosso Estado.
Sempre que alguém de lá tem uma pendenga a resolver na Capital, ele sempre aparece por aqui
Tempos atrás, fiquei sabendo que seu Tonho, fazenderinho miúdo da região, tinha sofrido um acidente na estrada e tinha se machucado muito.
Mas a historia do acidente ficou por isso mesmo e nenhuma providencia foi tomada.
Por causa disso, me assustei quando, dias depois, seu Tonho apareceu aqui no Buteco dizendo que tinha uma audiência no Forum.
Ele me contou que no dia seguinte, após o acidente, pensou bem e decidiu que os ferimentos que sofreu nesse acidente na estrada eram muito sérios, seu prejuízo fora grande e que seriam suficientes para levar o dono do outro carro ao tribunal. 
Pediu-me que o acompanhasse na audiência, e lá fomos nós.
No tribunal a audiência era para ver se o Juiz aceitaria ou não o processo, e estavam todos lá, Juiz, Promotor e advogado de defesa do outro motorista que seu Tonho tava processando. Seu Tonho sozinho, ele e Deus...
Iniciada a audiência na sala do Juiz, o advogado do réu começou a inquirir seu Tonho:
- O senhor esta querendo processar o meu cliente contra danos, mas no local do acidente não disse para a Policia Rodoviaria que chegou lá na hora, "Eu estou ótimo"?
E seu Tonho começa a responder:
- Bão, seu moço, vôticontá o que aconteceu. Tinhacabado dicolocá minha mula favorita na caminhonete... ..
- Eu não pedi detalhes! - interrompeu o advogado. - Só responda ao que lhe foi perguntado: O senhor não disse na cena do acidente: "Estou ótimo"- Sim, ou não?
- Bão, eu coloquei a mula na caminhonete e tava desceno a rodovia...*
- Meritíssimo, disse o advogado ao Juiz - estou tentando estabelecer os fatos aqui. Na cena do acidente este homem disse ao patrulheiro rodoviário que estava bem. Agora, várias semanas após o acidente ele está tentando processar meu cliente por danos, e isso é uma fraude. Por favor, poderia dizer a ele que simplesmente responda à pergunta.
Mas, a essa altura, o juiz já estava muito interessado na resposta de seu Tonho, que realmente é um caboclinho muito simpático, e disse ao advogado:
- Pois eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.
Seu Tonho agradeceu muito ao juiz e então prosseguiu:
- Comotavadizendo pro Doutô, coloquei a mula na caminhonete e tavadescendo a rodovia quando uma picape travessô o sinar de Pare no trevo e bateu na minha caminhonete bemdulado. Eu fuijogado com o carro prumlado da rodovia e a mula foi jogada protrolado. Tava muito ferido e não pudia me movê. Mas eu pudia ôvi a mula zurrano e grunhino e, pelo baruio, percebi que o estado dela era feio dimais da conta. Aí, o Patrulheiro Rodoviário chegô. Ele ouviu a mula gritano e zurrano e foi até onde ela tava estrebuchando. Depois de ele dá uma oiada nela, ele pegou o revorve e atirou três vez nomeiodozóiodela.
Depois ele travessô a estrada com a arma na mão, oiô pramim e falô:
- Sua mula ficou ferida e estava muito mal e tive que atirar nela para acabar com o sofrimento. E o senhor como está se sentindo, está com alguma dor?
Aí, sô Juizo, eu pensei bem, repensei de novo, oiei bem pra ele, pro revorve na mão dele,  oiêi pra ele dinovo e falei:
- Tô ÓTIMO!!!
Eu era lá besta difalá queutava mar?

O Juiz imediatamente aceitou o processo e depois,  ao final do julgamento, seu Tonho ganhou a causa completa, indenização, caminhonete e mula novas.
Está la na terrinha, todo serelepe, pra lá e pra cá pelas estradas de Minas Gerais.

imagem: Chico Bento personagem de Mauricio de Souza

terça-feira, 23 de novembro de 2010

* Papo de Buteco 31 - Dia de procissão -

Tem época que o negócio aqui no Buteco fica uma agitação só. 
O Buteco fica numa esquina e uma das ruas é muito movimentada, aquela que tem passagem para pedestre que o cachorro usou naquele caso que contei.
É uma rua bastante arborizada, toda plantada de arvores frutíferas, nos moldes de Belem, capital do Pará.  
Eu acho bonito e gosto muito. 
No outono os pés ficam cobertos de frutas maduras, que alem de servir de alimento aos transeuntes, também atrai os passarinhos e a rua fica bem alegre.
Pois bem, como já disse a vocês, nessa rua, um pouco mais abaixo, fica uma igreja católica, grande, imponente, com grande freqüência de fieis. 
Este caso que vou contar se passou em um dia de procissão, a rua atulhada de fieis, com suas velas na mão, murmurando preces aos céus.
Na porta do Buteco, estava um sujeito que parece ter vindo acompanhar a festividade. 
Eu nunca havia visto ele por aqui.  
Esse cara estava no maior porre, completamente bêbado mal dando conta de segurar a vela que portava.
De repente, aparece a procissão.
Centenas de pessoas reunidas, em fila, a acompanhavam carregando uma santa num andor todo decorado em verde e rosa.
Cores muito chamativas e de combinação difícil, mas que nestas festividades o arranjo até parece funcionar bem.
A procissão vem seguindo a rua, em direção ao Buteco e de repente se escuta um grito:
-Olha a mangueira aí genteeeee!
Era o cachaceiro gritando.
Enfezado, possesso, o padre se vira pro bêbado e esbraveja:
- Que falta de respeito, seu excomungado! Você não tem respeito as coisas sagradas. Comparar a procissão com Escola de Samba! Onde já se viu! Fique aí com o seu vício e nos deixe em paz com a nossa fé!
Mal o padre acabou de falar, a santa bate com a cabeça no galho de uma das mangueiras da rua, cai de sobre o andor e se espatifa no chão, para consternação geral.
Aí,  o bêbado foi entrando no Buteco todo serelepe e dizendo: 
- Eu bem que tentei avisar...   Mas, o padre é  estressadiiinho!...

Este bebado era um cara meio fracote e raquítico e vai se aproximando do balcão. 
Junto com ele, entra também no Buteco um negão imenso, que acompanhava o cotejo.
Era um negão daqueles que parece um guarda roupa de casal..... com as portas abertas.
O negão era grande demais.
O bebado fica meio assustado com o tamanho do negão e o olha de cima a baixo. 
O negão percebe e fala, com uma voz trovejante, forte:
- Tenho dois metros de altura, 180 quilos, 30 centímetros de pinto, só  o saco pesa três quilos, Felipe Costa, seu criado!
Ao ouvir aquilo, o bebado fracote e raquítico cai duro e desmaia! 
O negão então dá uns tapas na cara do coitado procurando reanima-lo.
Ao acordá-lo o negão  lhe pergunta: 
- O que houve cara, por que você desmaiou? 
O cara ,ainda meio desacordado, responde: 
- Foi uma coisa que o negão falou....
Aí perguntamos a ele:
- Desculpe, mas o que foi mesmo que você disse a ele? 
- Eu disse: Tenho dois metros de altura, 180 quilos, 30 centímetros de pinto, só o saco pesa três quilos, Felipe Costa, seu criado. 
E o bêbado retruca aliviado:
- Ah! Graças a Deus,  é que eu tinha entendido: "fique de costa, seu viado."

É o que dá o cara passar da conta na bebida, acaba escutando o que não quer.

Nota: Aos amigos de fora do Brasil.  Verde e rosa são as cores oficiais da Escola de Samba da Mangueira, que desfila no carnaval do Rio de Janeiro. Quando a escola vai entrar na avenida para o seu desfile, o puxador do samba (o interprete) dá sempre este grito, que é caracteristica da escola:  "Olha a Mangueira aí, gente!"
.
imagem da net 

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

BULLYING

Desejando participar desta blogagem sobre a campanha contra o Bullying, já com algumas idéias na cabeça, visitei alguns blogs e dentre eles li o post do Ricardo Pereira do http://conversavinagrada.blogspot.com/. Ele ali colocava muitas coisas que eu já pensava e ainda não tinha colocado no papel. Resolvi então reproduzir o seu post esperando ,que quanto mais divulgarmos e falarmos sobre este tema, iremos contribuir para que ele diminua. O Rogerio, ao invés de falar diretamente sobre o bullying ele falou de como criar um autor de bullying.

A Elaine Gaspareto do "Um pouco de Mim",  http://elainegaspareto.blogspot.com/ , abordou outro tipo de bullying que também se alastra e perturba bastante, que é o Bullying blogueiro. Se informem sobre ele no blog da Elaine. Mas este tem forma de se combater de maneira mais eficiente.

Mas certamente os autores de qualquer tipo de Bullying passam pela “receita” dada pelo Rogerio.

Este vídeo nos lembra bem a nossa responsabilidade como adultos.





COMO FORMAR GENTE AGRESSIVA E VIOLENTA

1.      Comece, desde a infância, dando ao seu filho tudo o que ele pede. Assim crescerá convencido de que o mundo inteiro lhe pertence.
2.      Não lhe dê qualquer educação moral. Espere que chegue à maioridade para que possa decidir livremente.
3.      Quando disser palavrões, ria-se. Isto o animará a fazer coisas ainda mais "graciosas".
4.      Não o contrarie nunca, nem lhe diga que está mal algo que faça. Poderia criar-lhe um complexo de culpa.
5.      Arrume tudo o que ele deixa espalhado: livros, sapatos, roupa, brinquedos. Assim se acostumará a atirar a responsabilidade para os outros.
6.      Deixe-o ler tudo o que lhe caia nas mãos e ver todos os programas de televisão e navegar na net sem fazer a minha ideia por onde "viaja". Cuide de que os seus utensílios - pratos, talheres....- estão bem esterilizados. Porém, deixe que a sua mente se carregue de lixo. Assim aprenderá a considerar valioso o que só é porcaria.
7.      Discuta e critique o seu par em sua presença. Assim, não ficará surpreendido nem sofrerá demasiado quando a sua família ficar para sempre destroçada.
8.      Dê-lhe todo o dinheiro que quiser gastar, não vá ele suspeitar que para dispor de dinheiro é necessário esforçar-se e trabalhar.
9.       Satisfaça todos os seus desejos, apetites, comodidades e prazeres. O sacrifico e a austeridade poderiam produzir frustrações.
10.  Ponha-se ao seu lado em qualquer conflito que tenha com os seus professores, vizinhos e amigos. Pense que todos eles têm preconceitos contra o seu filho e que de verdade querem aborrecê-lo.

(Miguel Santos Guerra, La Opinion de Malaga, 7 de Janeiro de 2006)

NOTA: Não está provado que daqui saia um vândalo, pode-se dar o caso de se estar a produzir uma figura pública de grande relevância nacional, na área dos negócios ou outra... 
Rogerio Pereira.

Falando no meu linguajar e traduzindo a ironia do Rogerio, utilizando esta "receita" estaremos também produzindo individuos que que continuarão a formar mais tarde esta classe de politicos e empresários predadores, mal carater, sem ética, sem responsabilidade social, que não enxergam limites para as suas ações.
.

domingo, 21 de novembro de 2010

Papo de Buteco 30 - O irlandês e a faca.

Contando o caso dos suecos, me lembrei de um outro caso inusitado, que  foi protagonizado por um irlandês, na primeira vez que veio ao Buteco. 
Virou fregues de cadeira cativa, e no fim do caso vocês verão o porquê.
Estava eu um dia assentado proximo a porta do Buteco, quando de repente escuto barulho de cascos de cavalo na calçada ao lado.
Achando estranho aquele barulho, me levanto e corro lá fora para ver o que era.
Era um irlandês com seu pingo, um tordilho todo equipado e o cavalheiro a caráter.
Pilcha completa, da bombacha à guaiaca. Traje tipico do irlandês da fronteira.
Esta cena um tanto incomum, chamou a atenção de motoristas e pedestres que passavam pela rua no começo da tarde desta sexta-feira.
Acostumados a disputar com os carros as vagas nos espaços destinados aos estacionamentos faixa azul, os motoristas se depararam com um meio de transporte inusitado,aqui na cidade grande.
Em seguida o irlandês estende os arreios e os pelegos, de carnal pra cima, e o cavalo estava amarrado a uma placa indicativa do estacionamento Faixa Azul, pago.
E o mais curioso, com um tíquete da Faixa Azul preso ao arreio, garantindo sua permanência naquele local por pelo menos duas horas. 
Puxou o chapéu para os olhos ajeitou o barbicacho, pala sobre o ombro, lenço no pescoço, polaina sobre a bota com rosetas e encruzou um dos braços sobre a boca do estômago com o chiripá sobre ele, tendo antes posto de jeito o facão e a pistola no cinto, com ares de homem brabo...
O irlandês  todo imponente entra no Buteco e se assenta.
- Buenas, achegue-se aqui, índio velho, dirigiu-se ao garçom.
Tira a cuia, a bomba e o chimarão  do embornal e de imediato pede ao garçom água fervente para o seu mate.
O garçom traz e ele prepara a bebida que começa a sorver de imediato e pede ao garçom que lhe sirva um churrasco.
O garçom então entrega-lhe o cardápio e ele indignado diz ao garçom:
- Mas bah!!! Na minha terra não tem  essa história de cardápio. Tu fica aí na minha frente charlando que nem china da fronteira. Lá a gente escolhe a carne  cheirando a faca do assador!
O garçom deu um sorriso irônico, mas como sabe que eu não gosto de perder o cliente, o atendeu com presteza.
O garçom dirigiu-se ao assador, pegou sua faca que tinha acabado de cortar um cupim e levou-a ao irlandês.
O irlandês pegou a faca, colocou-a em frente do nariz e exclamou:
- Mas tu demoraste ô bagual.  Mas bah!!! Esse cupim tá maravilhoso, me traz um pedaço!
O garçom, assustado, o serviu e, logo após, buscou a faca utilizada no corte da costela e entregou-a ao irlandês e o mesmo exclamou:
- Mas bah! Essa costela tá no ponto, pode trazer agora mesmo!
Desta vez, pegou a faca que acabara de cortar uma coxa de galinha e levou-a ao irlandês, que a cheirou e disse:
- Pues, traga-me um bom pedaço dessa galinha saborosa, tché!
O garçom, já fulo da vida e de saco cheio com a esnobação do irlandês buscou uma faca nova e disse para o cozinheiro:
- Valdir, passa bem a mão na cabecinha do seu bilau e depois a esfregue com vontade nesta faca, que eu vou dar um jeito nesse filhodamãe!
Dito e feito, missão cumprida, o Valdir devolve a faca ao garçom, que a leva ao irlandês.
 Ele, colocando-a na frente de seu nariz, cheirou-a profundamente,  seus olhos brilharam, ele deu um longo suspiro e disse:
-  Bahhh, guri! Esse mundo é mesmo pequeno ! O Valdir trabalha aqui!?!...

Não é que o vivente era bom de faro mesmo, tché?
Ah, antes que eu me esqueça, o Valdir trabalha aqui até hoje e o irlandês, me parece, continua apurando o faro. 


Imagem da net   http://www.cfiosgauchos.com.br/estargentinapa.htm

sábado, 20 de novembro de 2010

Meu Bem, Meu Mal

Continuando com as musicas romanticas  que marcaram e marcam minha vida. 
Essa vai para essas "capetas" de mulheres que nos encantam, em pouco tempo nos viciam, nos fazem bem e tambem sentem o prazer de nos fazer mal.  Na mão destas deliciosas  "capetas", viramos gato e sapato. Uma homenagem a elas.




Meu bem, meu mal
(1981)
Música e letra: Caetano Veloso
Interpretação: Gal Costa

 
  Você é meu caminho,
Meu vinho, meu vício,
Desde o início estava você,
Meu bálsamo benigno,
Meu signo, meu guru,
Porto seguro,
Onde eu voltei,
Meu mar e minha mãe,
Meu medo e meu champagne,
Visão do espaço sideral,
Onde o que eu sou se afoga,
Meu fumo e minha yoga,
Você é minha droga,
Paixão e carnaval,
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....

Você é meu caminho,
Meu vinho, meu vício,
Desde o início estava você,
Meu bálsamo benigno,
Meu signo, meu guru,
Porto seguro,
Onde eu voltei,
Meu mar e minha mãe,
Meu medo e meu champagne,
Visão do espaço sideral,
Onde o que eu sou se afoga,
Meu fumo e minha yoga,
Você é minha droga,
Paixão e carnaval,
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....
Meu zen, meu bem, meu mal....




quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Papo de Buteco 29 - Transa sueca

Outro dia me perguntaram:
- Acontece tudo isso que você conta no seu Buteco?
Pois eu digo que acontece, mas também digo, que só vê quem tem os olhos de ver e só escuta quem tem os ouvidos de escutar.
Tem gente que você pode colocar 24 horas atrás deste balcão e esta pessoa vai morrer de tédio, ela simplesmente não vê e não escuta.
Muita gente só enxerga as coisas a  um palmo ao redor do seu umbigo e tem a visão míope para as coisas que ocorrem alem desta distancia.
O  mundo borbulha, desabrocha, se aferventa e causa reboliço a sua volta e ela não vê.
Eu felizmente tenho esta capacidade e também a sensibilidade de ver,  perceber, assimilar  e tentar analisar  as coisas que ocorrem ao meu redor, sempre com uma visão imparcial e critica dos fatos.
Assim, eu posso vir aqui contar esses “causos” pra vocês, na tentativa de entretê-los, de informá-los ou simplesmente de fazê-los rir com os personagens que por aqui passam.
Essa conversa me lembrou o caso de dois fregueses que chegaram numa discussão acalorada, e eu sendo como sou, não pude deixar de escutar.
Eram dois suecos, Johaquinson e Manuelson. 
Não é muito divulgado, não sei se vocês sabem, mas foram os suecos  que inventaram o limpador de para-brisas dos automóveis! Os alemães apenas tiveram a idéia de colocá-los do lado de fora do vidro.
 Bom, voltando ao assunto, eles haviam entrado dias atrás com o carro em um posto de abastecimento de combustível  ali  na esquina, onde havia bem em frente à bomba um cartaz:
 “ENCHA O TANQUE E CONCORRA A UMA TRANSA GRÁTIS”
 Manuelson disse a Johaquinson que já havia escutado falar dessa promoção e os dois vibraram com o concurso, já pensando em ganhar uma transa grátis.
Era uma forma de dar uma puladinha de cerca sem sair atrás das raparigas, dando bandeira para as patroas ficarem sabendo da traição.
Enchido o tanque, Manuelson chamou o frentista e perguntou:
 - O pá! Como se faz para concorrer?
O frentista explicou:
-É muito simples. Diga um numero de 1 a10 e se for o mesmo número em que eu estou pensando, você ganha.
Manuelson imediatamente disse então:
- Oito!
O frentista prontamente respondeu:
- Errou. Eu estava pensando no número quatro.

Dali uns dias voltaram ao posto, encheram o tanque, chamaram o frentista e perguntaram:
- Ainda está a valer a promoção?
-Sim. É uma promoção com data indeterminada, você diz um número de 1 a10 e se coincidir com o que eu estou pensando você ganha uma transa grátis.
Manuelson, outra vez, rapidamente disse:
- Cinco!
E o frentista novamente:
- Errou. Eu estava pensando no número dois.

Um dia, depois de voltarem várias vezes sem acertar, foi exatamente o dia que estes dois suecos entraram no bar.
Assim que chegaram ao balcão, pediram:
 - Vê-me uma cerveja e dois cacetinhos, o pá!!!
Logo a seguir  Johaquinson comentou com Manuelson:
- Acho que esse gajo do posto está a nos enganar, pois nunca acertamos!
Ao que Manuelson respondeu indignado:
- Ora, pois pois, deixa de desconfiança, Johaquinson! O concurso é sério! Só na semana passada minha mulher acertou duas vezes... 

E depois o pessoal duvida que a gente tenha estes casos pra contar.
Eles acontecem a nossa frente, é so olhar, ver e escutar, vocês não acham?


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