Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

* Papo de Buteco 31 - Dia de procissão -

Tem época que o negócio aqui no Buteco fica uma agitação só. 
O Buteco fica numa esquina e uma das ruas é muito movimentada, aquela que tem passagem para pedestre que o cachorro usou naquele caso que contei.
É uma rua bastante arborizada, toda plantada de arvores frutíferas, nos moldes de Belem, capital do Pará.  
Eu acho bonito e gosto muito. 
No outono os pés ficam cobertos de frutas maduras, que alem de servir de alimento aos transeuntes, também atrai os passarinhos e a rua fica bem alegre.
Pois bem, como já disse a vocês, nessa rua, um pouco mais abaixo, fica uma igreja católica, grande, imponente, com grande freqüência de fieis. 
Este caso que vou contar se passou em um dia de procissão, a rua atulhada de fieis, com suas velas na mão, murmurando preces aos céus.
Na porta do Buteco, estava um sujeito que parece ter vindo acompanhar a festividade. 
Eu nunca havia visto ele por aqui.  
Esse cara estava no maior porre, completamente bêbado mal dando conta de segurar a vela que portava.
De repente, aparece a procissão.
Centenas de pessoas reunidas, em fila, a acompanhavam carregando uma santa num andor todo decorado em verde e rosa.
Cores muito chamativas e de combinação difícil, mas que nestas festividades o arranjo até parece funcionar bem.
A procissão vem seguindo a rua, em direção ao Buteco e de repente se escuta um grito:
-Olha a mangueira aí genteeeee!
Era o cachaceiro gritando.
Enfezado, possesso, o padre se vira pro bêbado e esbraveja:
- Que falta de respeito, seu excomungado! Você não tem respeito as coisas sagradas. Comparar a procissão com Escola de Samba! Onde já se viu! Fique aí com o seu vício e nos deixe em paz com a nossa fé!
Mal o padre acabou de falar, a santa bate com a cabeça no galho de uma das mangueiras da rua, cai de sobre o andor e se espatifa no chão, para consternação geral.
Aí,  o bêbado foi entrando no Buteco todo serelepe e dizendo: 
- Eu bem que tentei avisar...   Mas, o padre é  estressadiiinho!...

Este bebado era um cara meio fracote e raquítico e vai se aproximando do balcão. 
Junto com ele, entra também no Buteco um negão imenso, que acompanhava o cotejo.
Era um negão daqueles que parece um guarda roupa de casal..... com as portas abertas.
O negão era grande demais.
O bebado fica meio assustado com o tamanho do negão e o olha de cima a baixo. 
O negão percebe e fala, com uma voz trovejante, forte:
- Tenho dois metros de altura, 180 quilos, 30 centímetros de pinto, só  o saco pesa três quilos, Felipe Costa, seu criado!
Ao ouvir aquilo, o bebado fracote e raquítico cai duro e desmaia! 
O negão então dá uns tapas na cara do coitado procurando reanima-lo.
Ao acordá-lo o negão  lhe pergunta: 
- O que houve cara, por que você desmaiou? 
O cara ,ainda meio desacordado, responde: 
- Foi uma coisa que o negão falou....
Aí perguntamos a ele:
- Desculpe, mas o que foi mesmo que você disse a ele? 
- Eu disse: Tenho dois metros de altura, 180 quilos, 30 centímetros de pinto, só o saco pesa três quilos, Felipe Costa, seu criado. 
E o bêbado retruca aliviado:
- Ah! Graças a Deus,  é que eu tinha entendido: "fique de costa, seu viado."

É o que dá o cara passar da conta na bebida, acaba escutando o que não quer.

Nota: Aos amigos de fora do Brasil.  Verde e rosa são as cores oficiais da Escola de Samba da Mangueira, que desfila no carnaval do Rio de Janeiro. Quando a escola vai entrar na avenida para o seu desfile, o puxador do samba (o interprete) dá sempre este grito, que é caracteristica da escola:  "Olha a Mangueira aí, gente!"
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imagem da net 

 

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