Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

sábado, 7 de agosto de 2010

Love in the Net.

Ele entrou no reservado de forma tímida: 
- Oi....
E como sempre o mesmo lugar comum: 
- Tc de onde?
E o papo começou despretensioso.
Ele insinuante, envolvente, às vezes arrogante, como sempre agem os homens.
Assuntos esparsos, conversa vai, conversa vem....
Demonstrava inteligência e senso de humor desde o princípio... a conversa foi se aprofundando, se tornando mais intima.
Ele interessado nas coisas da vida, nos amores e desamores, de maneira delicada sem ser piegas, envolvendo-me em suas carícias verbais, me tecendo elogios pelos meus pensamentos e maneira de ver a vida.
Dizia-me que eu era uma mulher muito interessante, sensual, amorosa, bom papo, inteligente, por quem qualquer homem ficaria feliz em se apaixonar... 
Deixei fluir o meu lado romântico e como Rapunzel lancei as minhas tranças...
Surtiu efeito e ele se tornou cada vez mais insinuante, sedutor...
Aquele homem que se esconde em nossos sonhos mais íntimos, um Antonio Banderas dizendo coisas que pareciam vir da boca de um Cyrano de Bergèrac. 
Me faziam sentir como se estivesse nas nuvens...
Enlouquecia só de pensar, meus pensamentos vinham como caracóis e já me sentia como uma Medusa com a cabeça fervilhando e cheia de minhocas.
A cabeça estava tal qual uma “chaleira veia”... 
Fervia e chiava parecendo querer arrebentar o tampão!
Que vontade de sentir seu cheiro, seu toque, sua pele, o gosto de sua boca e do seu sexo...
Estava tão excitada, tão molhada que parecia verter uma cachoeira por entre as pernas...
Os bicos dos seios pareciam romper a leve camiseta que vestia...
E ele continuava... 
Suas palavras tinham a consistência de um membro viril, arrojado, forte, teso...
A gente sente, percebe e absorve as coisas de acordo com as nossas carências.
Como diz o ditado, “cada um chora por onde sente saudades” e, eu estava naquela fase onde a “cobiçada”, a “perseguida”, já tava cheia de teias de aranha...
Vibrava, ansiava com vontade de ser penetrada, invadida nem que fosse pelo charuto perfumado do Clinton... 
E olha que nem precisava ser no Salão Oval!
De repente, sem o menor pudor vejo estampado na tela em letras garrafais:
- VOCÊ GOZOU?
Como assim!?!?
Tão direto?
Tão grosseiro?
Tão vulgar...
Senti minha paixão sumir como fumaça...
E eu já tava “xonadinha”...
DESISTI!!!!
Amor pela NET ?
NUNCA MAIS!!!!
Pra me apaixonar outra vez pelo PC... 
Só se for com o próprio PC...
E de preferência, que seja... 
Pelo MOUSE!


 

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