Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

CAUSUS DE MINAS XXVI – A CURA



Ah, essas Minas Gerais!
Eita terra de povo bão, como se diz por aqui.
Nessas minhas andanças pela minha terra, dei de cara com uma pequena comunidade, a beira de um riachinho, lá pras bandas da Serra do Cipó.
Como sempre faço, parei numa venda para um cafezinho e, como é minha característica, assuntar com o dono do local sobre o povo da região.
São os “causos” destas pessoas simples que mostram toda a riqueza e beleza das gentes das gerais. 
Eles sempre tem historias pra contar.
Dito e feito! Conversa vai, conversa vem, uma broa aqui, um pãozinho de queijo ali, mais um café com rapadura.... e eis, que no meio da conversa, adentra no estabelecimento o Dr. Diogenes, medico da região.
O Dr. mora em uma cidade próxima e percorre a região atendendo aos chamados.
Medico experiente, vivido, com quase quarenta anos de clinica, já viu de tudo um pouco.
Porem, exatamente nesse dia, ao atender a um chamado, uma coisa inusitada aconteceu.
Ele chegou a venda, ainda espantado com o acontecimento, e logo se pos a contar o fato.
Ele contou lá, com todo seu sotaque mineiro, e eu repito aqui pra vocês:
- Cês num vão acreditá!
- Acreditar no que, doutô? Disse o dono da venda.....
- Sabe o Seu Toinzinho, da Maricota, la do Desemboque, avô do Salustiano?
- Sei....
- Pois é, fui chamado la pra atendê ele, pois disseram que tava nas urtimas.... Chegando lá, vi o véio deitado no catre, dismilinguido, branco, parado, parado quetinho com os óio fechado. Parecia já defunto!
-Viche, doutô, e aí?
- Bão, já que eu tava ali, examinei o véio. Ainda tava vivo! Mas tava ruinzinho dimais. Disnutrido, coração fraquinho quase parando, e uma moleza que fazia dó!
A família toda chorosa em vorta, me pidindo que fizesse arguma coisa. Fazê o que?
Véio disnutrido é igual criancinha de leite, quarquer coisa dirruba.
Pensando nisso, e sem nenhuma outra alternativa da medicina, perguntei:
- Tem alguma moça parida recente aqui por perto? Se tiver traga lá......
Pensava com meus botões, quem sabe se um pouquinho de leite materno num ajuda ele? Num tem nada melhor pros bacurizinhos do que leite da mãe... Ele tá qui nem bacuri..... Quem sabe......
Num deu cinco minutos e entra na casa uma moça,  ainda novinha, com um bebe no colo.
Rapariga forte da roça, roliça, cheia de carnes e com seios fartos, volumosos.
Expliquei a ela a minha ideia e ela, solidaria, topou!
Levei ela pro quarto e coloquei ela sentada ao lado do catre, pertinho do véio.
Pedi uma colherzinha de café, e a moça, desnudando os seios, colheu um pouquinho do leite, que gotejava de seus mamilos.
Levei a colherzinha, com muito cuidado, aos lábios do véio.
Surpresa!!!!!
Quase imediatamente ele abriu um olho.......
Espanto geral!!!
De pronto, pedi que trouxessem uma colher de chá.
Repeti o procedimento e......o véio abriu o outro olho!!!!
Pedi então uma colher de sopa, resolvido a aumentar a dose.
Com essa nova dose, o véio, ate já um pouco mais corado, se assenta na cama......
Pra meu espanto, ele murmura alguma coisa.... remedinho bão esse, pensei comigo mesmo.
Me aproximei mais dele, tentando entender o que dizia.
- Tá melhor, Seu Toinzinho?  Posso fazer mais alguma coisa pro sinhô?
Pra meu espanto, o véio, com um sorriso malicioso, olhando pra cabocla, me disse:
- Num era mió eu mamá não?


Ah, essas Minas Gerais.......






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