Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Causos de Minas IV - Ordem no Convento


Nós mineiros sempre fomos considerados os guardiões das tradições, da moral e dos valores familiares. E tem muita verdade nisso.
È um povo que preza a família acima de tudo. E com isso se preocupa também em manter as aparências. Mineiro detesta que façam fofoca com alguém da família. Eles se preservam. Mantem sempre a imagem de família tradicional. Tudo acontece na casa dos outros, Na deles, nunca! Ele respeita e preserva as instituições! Sempre me dizem que o mineiro é dissimulado. Com essa marca eu nunca concordei! Ele não é dissimulado, ele simplesmente não se escancara, não se abre, não se revela a quem ele não conhece. Ele não é dado a grandes alardes ou grandes e efusivas manifestações. Ele é mais quieto no seu canto, observa tudo, percebe tudo. Povo inteligente, esperto, matreiro, que muitas vezes surpreende o interlocutor com alguns apartes simples, de poucas palavras, mas de grande sabedoria. Ele realmente é aquele que come o mingau pelas beiradas, ele não é afoito, não se queima por afobação ou imprudência. Nossos grandes políticos carregam com eles essa marca, como Juscelino e Tancredo.
Outro dia, conversando com um amigo, cirurgião plástico, ele me contou um "causo" que demonstra bem como pensa a mineirada.
No antigo Colegio Sion, existia um convento e consequentemente um noviciado.
Um dia, a Madre superiora o procurou no consultório para lhe fazer uma solicitação.
Ele a recebeu, e a Madre então lhe disse:
- Doutor, tenho um caso grave e de grande sigilo que gostaria que o senhor intervisse.
- Pois não Madre, em que posso servi-la? Perguntou ele.
- Na semana passada entrou um ladrão no convento roubando diversas coisas de valor, mas o pior é que ele invadiu a clausura e estuprou uma de nossas freiras. Ele escolheu uma das mais jovens, ainda recente nos votos.
- Quer horror, Madre.
- Pois é Doutor, por isso preciso dos seus serviços.
- Mas como Madre?
- A freirinha que sofreu o estupro  está causando grande comoção nas outras freiras e noviças. Ela não esta podendo participar de um convívio sadio, não esta podendo circular nos corredores nem fazer parte das cerimonias ou refeições em conjunto e o senhor precisa me ajudar. Será preciso uma intervenção cirúrgica.
- Mas madre, eu só faço cirurgia estética, e não reparadora. Ainda mais reconstrução de hímen. Não esta dentro das minhas aptidões. Eu só  faço cirurgias de face.
- Não Doutor, é isso mesmo. O que eu preciso é sim dentro da sua especialidade.
- Mas como Madre?
- Doutor, eu preciso que o senhor retire dela aquela cara de felicidade que ela ficou depois do estupro, senão eu não vou conseguir manter a ordem no convento. As outras freiras estão todas ficando pra lá de assanhadas.

Como podem ver, por aqui a imagem é tudo!
Gostar pode, não pode é falar que gostou. 

***
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O meu conto, "Namoradeira", esta entre eles!
A fase de de votação pelos leitores que apontarão os 3 vencedores do concurso 
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