Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Meu personagem favorito!

Este post faz parte da Blogagem Coletiva sobre “Meu personagem favorito”, proposto pela Vanessa do  http://fio-de-ariadne.blogspot.com , conforme o selo e o link disposto na barra lateral.

 

Me inscrevi, já em cima da hora, e comecei a matutar sobre a postagem
Eu poderia falar sobre o Vagabundo de “Luzes da Cidade” ou do “Garoto”, ambos de Chaplin, sobre o Kane do “Cidadão Kane”, sobre o Alfredo de “Cinema Paradiso”, sobre o Benjamim da “Primeira Noite de um Homem”, sobre o  capitão Willard de “Apocalipse Now”, sobre o Mike de o “Poderoso Chefão”, sobre Luke Skywalker de “Guerra nas Estrelas”, sobre Spartacus, O Fantasma da Opera,
Hyde, Oliver Twist, Frodo, Forrest Gump,  e tantos outros, todos personagens dos quais gostei muito, mas o meu personagem preferido, preferido mesmo, acima de todos estes que citei é uma, e não “um” personagem. 
Ela é Scarlett O´Hara, de “O vento Levou”, interpretada por Vivien Leigh, com aquela cinturinha fina de espartilho e nariz em pé como deve ser uma aristocrata sulista americana.
Ela é atrevida, traiçoeira, manipuladora, egoísta, vaidosa e acha a vida em Tara, a fazenda de seu pai, monótona, e ele sempre lhe diz que Tara, é uma herança inestimável e que terra é um bem que dura para sempre.
Ela é apaixonada por Ashley, que se casa com Melanie, prima dela.
No dia do noivado deles ela chama Ashley para a biblioteca, onde pula em seu pescoço e implora para que ele fique com ela, largando a prima.
Ashley diz que ama muito a Melanie, entretanto admite que ama Scarlett fraternalmente, como uma irmã querida. 
Isso mata qualquer mulher!  Ela com o orgulho ferido, fica irritadíssima e o esbofeteia. 
Todo o acontecimento é presenciado por Rhett Butler, que é a ovelha negra de uma das famílias da região e estava escondido atrás de um sofá.
Ele fica fascinado por aquela mulher.
Quando o descobre, Scarlett lhe diz que ele não é um cavalheiro e Rhett retruca dizendo que ela não é uma dama. O pau comeu na hora, saiu faísca!
Rhett ficou tarado pela beleza de Scarlett. Ele gostava de mulher brava!
Quem quiser saber mais da historia e não viu o filme, vá ver, senão o post vai ficar enorme.
Ela é uma pessoa extremamente desagradável, mas fascinante, uma anti-heroina capaz de tudo, literalmente. Capaz de mentir, subornar, iludir,  até de pegar na enxada e de matar para manter a família, e a adorada fazenda Tara, sem passar mais dificuldades do que já haviam passado durante a guerra.
Ou seja, ela faz intrigas e maldades, mas sempre pensando ser em uma boa causa.
Os fins, como sempre, justificando os meios.
Durante o filme Scarlett foi capaz de casar três vezes sem amor e dar em cima do marido da prima e amiga, Melanie, durante anos a fio.
A garota mimada e petulante do início do filme é bem diferente da mulher esfomeada e decidida durante a guerra. e ela faz  um impressionante juramento sobre jamais voltar a passar fome.
Após esse juramento, o foco do filme passa a ser na ebulição interna de nossa anti-heroína, incluído suas paixões e o complicado relacionamento com Rhett, rico e oportunista que vê nela um espelho da própria falta de caráter, e pela qual se apaixona perdidamente.
Mesmo com uma sexualidade exacerbada mostrada pelos personagens, não dá para deixar de dizer que o filme é um monumento da apologia ao racismo e ao machismo, cultura confederada do sul dos EUA.
Depois disso tudo que eu falei, porque então eu acho a Scarlett, essa mau caráter, interesseira, porém adorável,  minha personagem favorita?
Este filme, de 1939, foi lançado em um momento em que as mulheres dos EUA estavam prontas para iniciar a luta pela emancipação feminina.
Scarlet mostra a garra da mulher, e que essa emancipação era possível, mesmo nos tempos em que elas dependiam totalmente dos homens.
Ela era forte, determinada, corajosa, sabia o que queria e pelo que lutava, tomou as redeas de sua vida em suas proprias mãos, adaptou-se às circunstancias.
A "Scarlett" foi uma ótima referência para essa luta.
Scarlett O’Hara foi admirada, venerada, endeusada por essas mulheres e por isso virou esse mito, cultuada até hoje.
Afinal, que mulher normal, principalmente àquela época, seria capaz de expulsar o marido da cama por não querer engravidar e engordar?
Ela fez isso, e muito mais!
A visão que ela tinha, de que o dia seguinte seria um novo dia e que tudo poderia ser diferente, é o que me motivou para escolhê-la, sem nenhuma dúvida, como meu personagem preferido.
Nunca  me esqueci da cena, uma das mais dramáticas do filme, onde ela completamente angustiada, no auge do desespero exclama:
- As God is my witness, I'll never be hungry again  - Juro por Deus, eu nunca mais vou passar fome na vida! – (em uma tradução livre)
E a seguir, sabendo que nada se resolveria naquele instante, solta outra frase, frase esta que me segue por toda vida:
"- After all, tomorrow is another day" - De qualquer jeito, amanhã é um novo dia – (também em tradução livre)
Ela disse isso com a seguinte conotação: - Amanhã eu penso nisso!
Vocês acreditam que em todas as fases ruins da minha vida, nos momentos de maior angustia e desespero, eu sempre me lembro da Scarlett?
E com essa máxima de - Amanhã eu penso nisso! – eu nunca passei a noite em claro por nenhum problema, por maior que ele fosse!
Essa frase vale mais que um tesouro!
A Scarlett é minha terapeuta, ela é o meu Vallium!

Dados coletados na net

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...