Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Causos de Minas XIV - Eleições.


Eleição nesse nosso país grande e bobo ainda hoje é decidida através de compra de votos, de currais eleitorais, de benesses do governo, da exploração da miséria e muitas outras coisas mais. Em Minas não é diferente. Se você conversar com um caipira, um mineirinho daqueles com cara de bobo, ele mostra toda sua sabedoria e nos fala sobre como vê os nosso políticos e como lida com eles.
Eles não gostam de ser tratados como animais de rebanho, guiados por um a rês madrinha e comboiados por peões a comando do dono da tropa. Eles são caipiras mas não se sentem como animais. Espertamente, eles fingem de bobo e aceitam tudo que lhes oferecem, e prometem seu voto para os dois lados, dando a mão ao santo e ao diabo, pois sabem que qualquer um que for escolhido agirá da mesma forma após as eleições. Eles serão deixados num segundo plano, esquecidos de tudo, isso até as próximas eleições. Eles sabem que quem for eleito ira á capital somente com o intuito de encher os bolsos, formar patrimônio em curto prazo e eles ficarão lá na roça com os pés rachados, com as bocas murchas sem dentes, com a barriga cheinha de lombrigas. Depois que os politicos tomam posse, eles somem e tudo na roça volta ao normal, os filhos dos eleitores continuam doentes e quando tem por ali um hospital, medico não tem.
Mas falando em eleição no interior dessas Minas Gerais me ocorreu um caso que me contaram e que se deu lá para os lados de Coromandel
Era tempo de eleição e dois candidatos mineiros eram os adversários, um da cidade - o "Coroné" -, e outro caipira da roça - o "Mineirim", e eles se encontram na mesma barbearia, justamente na época de campanha.
Estavam os dois lá sentados, lado a lado, não se falou palavra alguma.
Os barbeiros, sempre falantes, temiam iniciar qualquer conversa, pois poderia descambar para discussão, e o Coroné, além de acompanhado de seus capangas, só andava armado.
Eles terminaram a barba de seus clientes, mais ou menos ao mesmo tempo.
O primeiro barbeiro estendeu o braço para pegar a loção pós-barba e oferecer ao Coroné, no que foi interrompido rapidamente por seu cliente:
- Não, obrigado! - disse o Coroné – De jeito nenhum seu moço! A minha esposa vai sentir o cheiro e pensar que eu estive num puteiro.
O segundo barbeiro, já meio cabreiro, virou-se para o Mineirim:
- E o senhor? Vai querê uma Agua Velva?- indagou.
- Uai, pode passá, sô! Um cheirim até que é bão. A minha muié num sabe memo como é cheiro de puteiro...  Ela nunca trabalhou por lá...

Dizem que a barbearia está fechada até hoje, para reforma.
Dizem também que este causo se espalhou pela cidade, virou chacota em todas as rodinhas e pela primeira vez a turma dos mandachuvas não venceu a eleição.
O minerim venceu por um cheirinho, mas venceu!

A piada voi enviada pela amiga Jussara do blog "Palavras Vagabundas"
A foto é da Net


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