Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Salto Agulha


Passeando por aí, me deparei com este texto, onde a autora fala, através de sua visão feminina, do que hoje acontece com muita freqüência por aí.
Achei que valia a pena reproduzir.

Salto Agulha: Nossa própria fórmula de felicidade

Adoro essas promessas de modernidade feminina que acabam em caretice. Assim como também adoro — e aviso que estou sendo irônica, para o caso de alguém não entender — essa mania que deu nas mulheres de achar que, em nome da emancipação eterna, vale fazermos qualquer coisa, mesmo os desvios de conduta, porque afinal somos mulheres e podemos. 



 E assim, achando que igualdade é perder a linha, transformamos a personagem de Maitê Proença na novela ‘Passione’ em ídolo.
Estela pega geral, tem um fraco por rapazes mais novos e se dá bem com todos eles.
Tipo duas frases trocadas num sinal de trânsito e lá esta ela numa nova transa, sem compromisso.
Ok, um sucesso, sonho de consumo e tal, mas, poxa, vejam vocês o que o autor reserva para Estela: ela vai se apaixonar e rever seus conceitos. E chegamos nós de novo ao final feliz que nos é reservado na ficção desde os tempos dos contos de fada.
Não sou contra a mulher pegadora, muito pelo contrário.
Quisera eu ter tido talento para trazer minha fase de pegação para as outras décadas da minha vida. Mas, na boa, que graça tem passar o rodo só para vingar um casamento infeliz com um marido intragável?
O sujeito toma café da manhã com o jornal na cara sem lhe dirigir a palavra, mas tudo bem porque você vai passar a tarde praticando sexo selvagem e descompromissado com o garotão da academia?
Juram que é isso ser moderna, independente e ouvir seus instintos?
Não seria verdadeiramente moderno mandar esse casamento para o espaço e, aí, sim, ficar livre para todos os rapazes com quem cruzar na rua?
Não sei por que achamos que isso é derrubar preconceitos e falar em nome da igualdade dos sexos, se é justamente o contrário. Maitê Proença virou o Zé Mayer de saias, mas os personagens do Zé Mayer nunca precisaram de uma frustração, infelicidade, trauma de infância ou o que fosse para justificar sua galinhagem.
Então, na ficção, ser galinha para os homens ainda é instintivo e para as mulheres, é só resposta a uma situação ruim.
Ou seja, minha queridas, não se enganem, mas não saímos do lugar.
Alguém está a nos dizer que a qualquer momento a fórmula paixão-e-relação-estável vai ressurgir para nos salvar. Onde está a vantagem?
Posso estar redondamente enganada — e provavelmente estou mesmo — mas enquanto basearmos nossos padrões de comportamento nos deles vamos patinar no gelo.
Você acha mesmo muito legal transar com um cara que nem pergunta seu nome, nem diz o dele? Mas se for você quem tiver essa iniciativa de manter o anonimato, aí, sim, vai ser maneiro?
Não, dá, né?
Deselegância é deselegância, seja ela praticada pelo gênero que for.
Faz tempo que podemos nos livrar da imposição de que sexo deve ser feito com amor, faz tempo que já sabemos que o que é preciso mesmo é tesão, e podemos esquecer essa culpa.
Mas educação e gentileza valem para todos os setores da vida, tipo cama, mesa, banho etc.
A Samantha de ‘Sex & The City’, quando descobriu que estava muito mais para o amor (ou sexo) livre do que para o casamento, sofreu um pouco, mas se separou e foi exercitar seus instintos mais primitivos.
Assim, bem honesta com ela mesma e com os outros.
Gostaria que fosse desse jeito com Estela: que ela descobrisse que a felicidade, a dela e não necessariamente a de todas as mulheres, estava justamente em não se envolver com ninguém, nem marido, nem peguinhas.
Sem culpas, sem justificativas, apenas uma vontade própria, apenas sua própria fórmula de felicidade.
Simples assim.

Cláudia Cecília - Crônica de O Dia – 14/junho/10
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