Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quinta-feira, 8 de março de 2012

À flor da pele.....

Neste dia de hoje em que se homenageia as mulheres, resolvi neste post homenageá-las através desta mulher que aprendi a admirar.
A conheci através dos blogs e o nosso relacionamento se mantêm através deles. Mesmo assim, com este contato restrito, ela me toca, me emociona.
Essa grande mulher, no alto de seus 1,59 m, tem uma alma de um tamanho e fortaleza que transcende o seu corpo físico. Alma de poeta é assim, imensa. 
A sensibilidade aflora, à flor da pele!
Ela é toda sensações.
Seus poemas expressam a sua visão da vida, das coisas ao seu redor, de si mesma. 
Ela é intensa, visceral.
As vezes crua, realista, de outras vezes demonstra toda a sua alegria e vontade de viver. Plenamente!

 Fatima C Amaral

Em seu blog “À flor da pele”  ela assim fala de si mesma:

“Sou alguém que fala em silêncio, em palavras escritas, não em palavras ditas. Não encontro rumos em sonhos, não caminho na realidade, mas em algum lugar estou. Sou alguém que gosta mais da noite que do dia. E quando ela chega o silêncio vem me fazer companhia, me torno palavras e linhas, em meu ser e fora dele, tudo fala, dispo minha alma. Nesse momento sou mais minha. Egoísta...talvez. Tenho medos, tenho segredos, dores sem curas, alguma coragem uma dose de insana/sanidade. Estou em muito do que escrevo, não sei se nas linhas ou entrelinhas. Bem, isso fica entre seu parecer e meu ser.” 
(Fatima Amaral)

Eis um pouquinho dela através de seus poemas. Fica dificil escolher só um ente tantos, então resolvi postar alguns dos que mais gosto.
Para ler e/ou ouvir

Eu, minha senhora


Ando agora.
Apagando com cuidado o quadro negro da memória.
Relendo lembranças, jogando papeis fora.
Em partes de mim que me cabem
Vou dizer todos os nãos e sins
mesmo que desagrade
Ando eu agora.
Ando com esse tempo, não o lá de fora
Mesmo nas madrugadas, atenta como o dia
Ouvindo da noite somente o que alivia.
Sem desamarrar o entardecer dos laços,
Sem deixar para traz os mais importantes abraços.
E mais fácil para os pulmões
respirar somente o ar de hoje,
Sem me inflar com os porquês de outrora,
ou os ansiosos de amanhãs.
Já que vida não tem prazo.
Escolho.
No meio de tantos sonhos
que se levantam todos os dias
Só quero os desse.
Quero o bom do saber que passei por mim
E que aos poucos fiquei.
Eu, minha senhora.
Ontens


E pego um tanto de ontens
E me debruço com eles à janela
Alguns, estendo ao lado
Molhados de lágrimas,
Deixo-os secarem,
Se evaporam.
Outros tantos comigo conversam,
Absorta sigo seus rastros
Tiram de mim risadas
Um dia já sentidas.
Outros me fazem mais uma vez doer.
Esses me erguem,
Está neles tudo o que me serve.
E há os que não gosto
São nos ontens "de não devia"
Esses, ignoro
Já que passo atrás é impossível.
E depois de quentes pelo sol, alguns tantos
Ainda pego, ponho-os aqui dentro,
É quando os convido para olharem à frente...
Muitos são somente ontens,
Outros em hoje se tornam,
Alguns ficarão em mim amanhã.
Sensatez


Te provo aos poucos
Poucos poros por vez
Afasto-te
Assim não te gasto
Assim não te gosto
E nem desgosto

Te volto
Na saudade
Em mais pedaços
Me satisfaço

Mais nunca ao todo
Nunca de uma vez
Deixo para a volta
Para não cansar
Do desejo meu
Que teu já se fez.
Preciso do que há em mim...


Mudo meus caminhos
Me desfaço do teu sorriso
Ele não me faz sentir possível.
Aquieto-me em silêncio,
Escrevo nas paredes
O que penso.
Piso em chão não mais incerto.
Gosto do gosto do sentir, do verbo
Meu lugar me cabe,
Não são mais ocos os ecos.
Há no espelho imagem
Vejo de céus mensagem
nasci em mim, parto demorado,
tempo necessário.
Nos passos que sempre andei
Foram somente os meus números
que procurei.
Encontro-me,
E me digo...
Eu preciso do que hoje há em mim
Como nunca precisei antes.
 Atrevida
 

É o toque na pele
Os poros dilatados
É o vai e vem da vida
Você ao meu lado
Dia e noite acordados
Nos arrepios dos poros
É fogo fervendo água
Nas minhas secretas maldades
Impudicamente ousadas
É o subir da descida
Se não for assim, não sinto vida
Há de ser atrevida
Se for para acabar contigo
Acabo.
Mas que seja com um gemido.
Do encontro


Nesse mundo vasto....
Em raras vezes me acho
Na maioria me deixo.
Enquanto me procuro
Me perco de mim,
O tempo todo,
Em todos os tempos.
Não me encontro.
Penso, vasculho,
Rezo, prometo não me perder
Se acaso me achar, prometo.
Reviro gavetas, papeis,
Rabiscos de caneta
Me reviro ao avesso, nada!
Ando em todas as estradas
Olho em todas as direções, nada
Nenhum sinal de mim.
Canso e penso...
Acho que não me encontro, pela vastidão do meu mundo 
é terreno demais para percorrer, em apenas uma vida.
Mentira
 

Mente tudo
Mente a mente
Mente a boca entre dentes
Mente o sentimento,
Mente o sorriso
Sem aviso
Mente o corpo
Mentiroso maior
Mente a dor
O orgasmo, ah como mente
Mente, fingindo de prazer
Mente o drama e trama
Mente. Fingindo dormente

Mas alma não mente
Sente, mas não mente
Pode não dizer
Apenas sente
Mas não mente
Não mente os arrepios da pele
Não mente a oração
Não mente os vãos
Não mente os poros da alma
Os olhos não mentem
E esses são dela
Alma não mente.
Medo
 

Alienado pelo medo
Juntando segredos
Fazendo deles grades
Prisões que o invadem.

Cérebro encarcerado.
Pena de morte.
Em vida condenado.

Sufocando em desespero,
Desafio de cego
O cego de venda proposital.
Criando no bem
Seu próprio mal.

Dominado pelo absurdo
Deixando-o
Cego, mudo, surdo.

Apavorado pelo trinco
A porta é seu inimigo.
Trancando em seu casulo
Fazendo do medo seu mundo.






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