Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Papo de Buteco 39 - O "infermêro"

Como vocês bem sabem, o meu Buteco fica numa região de Belo Horizonte muito movimentada, tem de tudo por aqui.
Este ano, apareceram por aqui avestruz, cachorro ensinado, frango atravessando a avenida, bêbado em procissão, médicos espertos e outros safados, advogados quase sempre espertalhões, teve de tudo um pouco.
Relembrando essas historias, me recordei de uma outra que deu o que falar na época.
Como eu sempre digo, o Buteco é a “Embaixada dos Capiau” que vem da roça para Beaga resolver problemas, buscar trabalho ou apenas passear.
Mas também vem no rastro, os Doutô de lá.
Certo dia, apareceu por aqui um medico do interior, destes que trabalham nos Postos de Saúde do Governo. Quem mora no interior e depende deles sabem bem como eles são. 
Na hora que precisam deles, vai achar onde se escondem.... O cara pode estar morrendo que não acham eles....  E se acharem tambem, eles colocam o cara na ambulância e mandam pra BH.
No posto, onde deveria estar cumprindo o seu horário é que não estão.  Sabe-se lá por onde andam. 
E o povão é que sofre.
Pois esse Doutô, passou por aqui e parou para uma prosa e tomar uma pinguinha, que isso também eles gostam, e muito!. Nisso eles são "Doutô" mesmo!
Conversa vai, conversa vem, ele já me conta uma das peripécias dele. 
Eles são tão caras de pau que admitem viverem fora do serviço.
Ele me disse, que certo dia, de extremo calor, ele "trabalha" no Norte de Minas, calor de rachar mamona, como a gente diz, ele resolve dar uma passeada no seu horário de plantão.
Nesse dia, estava também de serviço um enfermeiro novo, acabado de concluir o curso de auxiliar de enfermagem e que estava em seu primeiro serviço profissional.
Ele vira para o enfermeiro de diz:
  - Zequinha, eu vou dar uma saidinha, umas três horas mais ou menos, só um cadiquim, e você vai ficar encarregado de tomar conta do consultório enquanto eu estiver ausente.
- Mais Doutô, diz o Zequinha....
- Zequinha, vou sair, volto logo e não pode fechar a clí­nica. Tenho certeza que você consegue cuidar dela e de todos os pacientes!
- Ocê podi deixá cumigo que dô conta du recado! - respondeu o enfermeiro Zequinha
O médico saiu, foi pra casa, deitou na rede, tirou um cochilo, aproveitou e deu um trato na mulher, tomou uma limonada pra espantar o calor e voltou 3 horas depois .
- Então, Zequinha, tudo tranquilo ?
- Uai, só atendi treis pacienti, Doutô!
- É mesmo, como foi?
- O primero tava cuma dor di cabeça danada. I então, eu receitei o tar de Paracetamor pra ele.
- Bravo, meu rapaz.
- Ora....
- E o segundo? - perguntou o médico.
- O segundo tava cum indigestã nu istongo e eu dei o tar di Guronsan -informou o Zequinha
- Bravo, bravo! Você é muito bom nisso. E o terceiro? - perguntou o médico.
- Oia ... doutô esse causo mi deu mais trabaio.... Eu tava sentadim aqui, quetim nu meu cantim,  i di repenti abriu a porta i entra uma muié muito bunita. Ela era dispachada, arranco as ropa, tiro tudo, inté as carcinha e fico cos peito tudo pra fora. Si ajeitô sobre a maca, tudinha suada, abriu as perna, mostrô a bacurinha e gritô:
- Ajude-me, pelo amor de Deus! Faz CINCO ANOS que eu não vejo homem!
- Nossa Senhora, Zé!!!! O que você fez, homem ? - perguntou o médico.
- Uai doutô, prá resorve o pobrema da moça eu carquei bastanti colírio no zóio dela, uai !!!!!!

Eu só queria saber se resolveu o problema da moça. Será?
E o pior, é que se vocês perguntarem aos enfermeiros dos Postos se isso acontece mesmo, o que vocês acham que eles respondem?

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...