Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Causos de Minas XVI - Promessa


Ariovaldo e Argemiro eram carne e unha.
Eles moravam em Piacatuba, distrito de Leopoldina, na Zona da Mata das Minas Gerais.
Os dois eram amigos, daqueles muito amigos, mais até mesmo que irmãos.
Eles se adoravam, tinham aquele amor e aquela admiração que só os homens tem um pelo outro. Para eles, nenhum tinha defeito
Quis a ironia do destino que Argemiro se tornasse um homem rico, riquíssimo, e Ariovaldo fosse pobre, pobre de marre de si.
Cada um dos dois era casado e tinham também três filhos cada um.
Eis que um dia, Ariovaldo morre.
Argemiro entrou em parafuso. O homem era puro desespero.
Ele chorava, gritava, se descabelava, se encolhia nos cantos murmurando coisas que ninguém entendia. De vez em quando se escutava: - Porque? Porque, meu Deus?
Ao pé do caixão, pouco antes de baixarem a tampa, Argemiro profundamente comovido e com a voz embargada faz uma promessa:
- Compadre, aqui nessa derradeira hora eu faço uma promessa. Nada há de faltar à comadre e aos seus filhos. O que meus filhos tiverem, o seus terão. Onde eles estudarem os seus estudarão. O que os meus comerem, os seus comerão.
E dito e feito!
No dia seguinte ele mandou o seu capataz arregimentar alguns homens e reformou uma das casas que tinha, ali na Rua da Igreja quase esquina com a Rua do Carmo.
Casa pronta, acomodou ali a comadre com seus três filhos.
Desde aquele dia nada faltou a eles. Casa, escola, roupas, comida. O que os dele tinham, os do Ariovaldo também. Saíram da pobreza para a fartura.
Um dia, já decorridos quase três anos do passamento do Ariovaldo para a melhor, já mais refeito do baque, o seu Argemiro resolve fazer uma visita para a comadre.
Saber como ela ia, como estavam os meninos.
Ao chegar a porta da casa, o Argemiro é recebido por uma mulher linda, aquelas formosuras de dar lagrima nos olhos.
Não é que a comadre, agora na fartura, tinha desabrochado, ficado viçosa, se enchera de carnes, cabelos sedosos, uma lindeza de doer.
Ela o recebeu de braços abertos, dando-lhe um abraço firme, caloroso, envolvendo-o em muitos abraços, apertando-o em seus seios fartos. Ela tinha cheiro de jasmim.
Argemiro, acanhado, cheio de dedos se esquivava.
A comadre toda serelepe, agradecida de montão, foi logo passar um café pra servir com broa pro compadre.
Conversa vai, conversa vem, ela toda alegre pela visita e ele arredio, olhando pra ela somente pelo canto dos olhos.
Postos os assuntos em dia, Argemiro se despede.
A comadre insiste que ele retorne sempre, pois as portas da casa estarão sempre aberta para o seu benfeitor.
Ao se retirar, Argemiro ainda meio acanhado, cabeça baixa, demonstrando toda a sua sengraçeza diz pra comadre num fio de voz:
- Eu fiquei muito feliz de ver como as coisas estão indo. O Ariovaldo era um grande amigo e eu vou cumprir minha promessa até o fim de meus dias, mas eu só quero que a comadre me faça uma promessa....
- Pode dizer compadre, minha gratidão é eterna.
E ele levantando os olhos, olhando bem pra ela, diz:
- No dia que a comadre arresorvé proceder mal, que me dê a preferência

Escutei esse causo no programa do Rolando Boldrin, (Que eu adoro) não sei se é de autoria dele ou de dominio publico.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Discriminação/Preconceito


Alexandre Mauj em seu ultimo post, no "Lost in Japan", contou um caso de preconceito vivido por ele e uma amiga num shopping de são Paulo.
Fiz ali esse comentário: “Infelizmente ainda estamos impregnados de muito preconceito. E não é só de cor! Ao fazermos uma reflexão, veremos que todos nós já o praticamos, seja por cor, sexualidade, idade, condição social, tipo de cabelo, maneira de vestir, de falar, sotaques, forma do corpo, tipo de alimentação e etc. São tantas as formas! Parabéns por colocar seu pensamento aqui. Somente através da colocação as claras, das discussões, dos debates, poderemos combatê-lo.Temos muito a evoluir.”

Mesmo depois de comentar eu ainda fiquei com o assunto na cabeça. É tão fácil a gente criticar os outros por suas atitudes e na maioria das vezes esquecemos aquilo que fazemos quase que diariamente. Sentamos no próprio rabo para falarmos do rabo dos outros. O preconceito se encontra enraizado dentro de nós, e me arrisco até afirmar que ele faz parte do ser humano, pois ele transparece rotineiramente em nossas atitudes.
Sim, eu você e todo o mundo o temos! Uns mais, outros menos, mas cada um tem o seu.
O preconceito não está somente na sua aplicação ostensiva ao chamar um negro de macaco, como ocorreu outro dia num show de Stand up ou ao atirarem uma banana em campo em direção a um jogador negro.
Discriminamos as gordinhas e as magrelas, as “bombadas” e as flácidas, as “louras”, as muito “certinhas”e as “periguetes, as castas e as devassas, as solitárias e as namoradeiras, achamos pedantes as pessoas de inteligência rara e criticamos os dela desprovidos.
Temos preconceito racial, social, lingüístico, religioso, contra deficientes de qualquer espécie, de origem, de região geográfica até mesmo dentro do próprio país.
Que mãe aplaude e acha lindo quando sua princesinha criada com todo carinho, anuncia que vai “morar junto” com aquela amiguinha de infância?
Quantas mulheres são crucificadas pela sua opção de não terem filhos, ou de os terem como coelhas, com a opção de não se utilizarem de meios contraceptivos?
E as pessoas que não gostam de animais ou não cultuam a natureza, preferindo a selva de pedra?
São inúmeras as nossas atitudes preconceituosas, até mesmo contra quem os comete acintosamente.
Considero ate mesmo o “politicamente correto” extremamente preconceituoso. Tenho um tremendo preconceito contra ele, eu confesso.
Como eu disse no comentário ao post do Alexandre, cabe a nós fazermos uma profunda reflexão sobre nos mesmos e buscarmos abrandar nossas atitudes contra as diferentes formas de ser e agir, pois o preconceito não é nada mais que a não aceitação das diferenças.
Enaltecemos o fato de sermos “unos”e nos esquecemos de vangloriar o fato de não sermos iguais.
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem, por sua religião ou por outra coisa qualquer. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, via de regra, elas aprendem no meio em que vivem. Muitas das vezes elas também o desenvolvem através do ego, da inveja, do despreparo, do descontrole.
Vale a pena pensar sobre isso!

Ao fazer essa reflexão me veio imediatamente, invadindo o pensamento, um caso que me contaram outro dia e eu o reconto pra vocês:

Numa escola do interior a professora preocupadíssima com o racismo e o bulliyng diz aos seus alunos:
- A partir de hoje não permitirei mais racismo ou bulliyng na minha sala de aula!
E continuou dizendo:
- Agora, aqui  já não há mais brancos, mulatos ou negros. Passamos a ser todos azuis!
Cria-se uma balburdia na sala! Imediatamente criou-se uma discussão generalizada, com todos entusiasmados com a nova proposta.
Buscando acalmar a classe, baixar a adrenalina, ela chama a atenção de todos e diz que também vai modificar os lugares, como mais uma medida de maior socialização e interação.
E prosseguiu:
- Agora vamos todos sentar nos novos lugares determinados. Os azuis clarinhos aqui na frente e os azuis escuros lá no fundão!!!!!




segunda-feira, 19 de março de 2012

Causos de Minas XV - Má notícia!


O mineiro, dentre suas características mais marcantes, é aquele individuo que come pelas beiradas, que dá voltas e voltas para dizer a que veio,
La para os lados de São Miguel do Anta, interior de Minas, tem uma fazenda maravilhosa cujo dono mora em Belo horizonte.
Por lá, ficam somente o caseiro e os peões que cuidam do gado e das plantações.
Certo dia, bem de manhãzinha  o dono da fazenda atende o telefone e diz:
-Alo! Quem fala??
-Alô, seu Miro? Aqui é o Uóshito, casero da fazenda do sinhô.
-Pois não seu Washington. O que posso fazer pelo senhor?
-Eu só liguei prá avisá qui um dos seu papagaio morreu.
-Qual? Não me diga que foi aquele que ganhou o concurso??
-É esse mermo.
-Ahh! Que pena. Paguei uma pequena fortuna por ele. Mas de que ele morreu??
-Di cumê carne istragada.
-Mas quem fez uma maldade dessas com o bixinho?
-Ninguem não sinhô. Foi as carne di um daqueles cavalo puro sangui que o sinhô tinha.
- Tinha??? Tinha como? Mas eles morreram?? Como foi isso??
-Morrero di tanto puxá carroça d'agua...
-Puxar carroça d'agua???
-É sim sinhô! Pra apagá o incendio.
-Mas que incêndio seu Washington??
-Uai, na sua casa. Uma vela caiu e pegô fogo nas cortina e daí quemô tudo.
-Vela?? Mas ai tem luz elétrica?? Que vela era essa??
-As vela do velório.
-Mas que velório seu Washington??
-Da sinhora sua mãe, ué!. Ela entrô aqui sem avisá e eu dei uns tiro nela pensano que fosse um ladrão.
Ai o patrão não resistindo, começa a chorar.
Ao escutar o choro do homem, o caseiro diz:
-Ara, peraí! Num credito qui o sinhô tá chorano só pro causa dum papagaiozim!!!

Causo de dominio publico


sexta-feira, 16 de março de 2012

Amor aos pedaços - Blogagem Coletiva



Eu me casei por causa da vontade imensa de constituir uma família.
Eu gostava da minha vida de solteiro. Mesmo apaixonado eu sempre preservei minha liberdade pessoal, minha identidade.
Mas eu sempre achei que a vida é feita de fases e todas elas devem ser plenamente vividas.
Tanto que me casei em onze de dezembro e no dia nove de dezembro do ano seguinte nascia minha primeira cria. Sensação indescritível.
Acompanhei todo o pré natal, ia a todas as consultas, me tornei amigo do ginecologista.
Combinamos que eu assistiria o parto. Eu estava euforico.
Gravidez tranqüila, mulher jovem, saudável, ancas largas, boa parideira.
No dia seis de dezembro fizemos o que seria a ultima consulta em seu consultório, tudo dentro da normalidade, bebê bem posicionado prenunciando um parto tranqüilo.
No dia oito, por volta das vinte duas e trinta, minha mulher me chama e diz que começou a sentir as primeiras contrações e as dores do parto. 
Eu nestas horas sou um cara extremamente calmo. 
Sou o sujeito ideal para esta junto em horas de crise.  Fico perfeitamente lúcido, raciocínio rápido, eficaz nas ações. Fico focado.
Liguei para o medico e ele me disse para medir o tempo entre as contrações. Medi e tornei a ligar. Ele me disse que ainda demoraria e quando os intervalos estivessem dentro de um parâmetro que ele estipulou, que eu ligasse de novo.
Fomos deitar. De vez em quando a gente media os intervalos. Lá pelas três e meia da manha as contrações atingiram o intervalo estipulado e eu tornei a ligar. Ele me orientou para que nos dirigíssemos ao hospital e de lá, após a admissão,  tornasse a ligar.
Admissão feita, iniciaram-se os exames, mediram a dilatação e eu me comunicando com o medico fui orientado a ficar tranqüilo que ele já estava a caminho.
Só aí liguei para a família e liguei pessoalmente para minha cunhada, esposa de meu irmão, medica pediatra, dizendo que eu gostaria que ela estivesse presente, pois a partir do nascimento ela assumiria os cuidados com o bebe que iria nascer. Não havíamos nos interessado em saber o sexo, pois para nos, qualquer que fosse ele seria muito bem vindo.
Queríamos filhos saudáveis, apenas isso. Quanto a isso, confesso que estava extremamente ansioso. Que bichinho sairia dali?
As sete horas chega o médico. Imediatamente após a sua chegada, feito um exame preliminar, ele me disse que o bebê havia virado e estava assentado, em posição completamente desfavorável ao parto natural. Nessa hora me bateu um desespero. Como assim? Assentado? Como ele virou? Eu não havia me preparado para isso.
Definida a cesárea, nos encaminhamos para a sala de parto.
Olhei em volta, ninguém. Cadê meu povo?
Respirei fundo e fui acompanhando a maca pelos corredores, passando tranqüilidade a mãe de primeira viagem, conversando, fazendo carinho, feições tranqüilas, e por dentro um turbilhão de apreensões. Eu estava desesperado. 
Me bateu um medo como nunca tivera antes. E se nosso filho tivesse alguma deformidade, alguma anomalia, como eu reagiria naquele momento?
Já no bloco cirúrgico, vestindo os paramentos para acompanhar a cirurgia, com o fiofó na mão, me corroendo de angustia, vejo chegar minha cunhada, grávida de oito meses, vindo diretamente ao meu encontro.
Nem a cumprimentei, soltei um “graças a Deus” e pedi que ela acompanhasse o parto.
Despedi da minha esposa e me desfiz imediatamente de toda a paramentação, me dirigindo ao corredor do bloco cirúrgico, onde aguardaria o desenrolar.
Me borrei todo! Amarelei! Nervos a flor da pele!
Eu me tornei o protótipo do pai virgem, andando de um lado para o outro, olhar distante, descabelado, roendo as unhas, inquieto.
Quarenta minutos após, a porta se abre e dela sai uma enfermeira  tendo em mãos uma trouxinha.
Ela se vira para mim, estende as mãos e diz: - Você é o pai?
Até hoje eu me lembro como se fosse agora.
Peguei em mãos aquela trouxinha, parecendo um casulo, e imediatamente desenrolei.
Eu queria ver tudo, contar braços, pernas, dedos.
Quando eu desenrolei tudo, imediatamente o neném levantou as pernas e as colocou ao lado da cabeça, numa posição de rã, uma sapinha.
Levei um susto tremendo. O que era isso? Porque aquilo?
A enfermeira prontamente me diz que aquilo era perfeitamente normal devido a posição que o neném se encontrava na barriga da mãe e logo logo ele assumiria uma postura natural.
Imediatamente me acalmei e só então pude perceber o que aquela postura me evidenciara.
Eu vira uma pererequinha. Era uma menina!!!!
A partir daquele dia eu passara automaticamente a ser, alem de consumidor, fornecedor!
Foi um momento de puro encantamento
Meu coração quase parou naquele momento, minha vida nunca mais seria a mesma.
Foi uma transformação imediata, onde eu traçara um novo norte.
Eu a partir daquele instante, nunca mais seria um só. Aquela linda criatura que eu tinha em minhas mãos era um pedaço de mim.
Iniciara-se uma nova fase da minha vida
Foi ali o inicio de uma felicidade inimaginável, que perdurará até o fim de meus dias.
Um pedaço considerável do amor que me move até hoje!

Este post faz parte da Blogagem Coletiva " Amor aos Pedaços" organizada por:





quarta-feira, 14 de março de 2012

Grécia em crise!!!!


A Grécia , juntamente com Irlanda e Portugal, tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes de ajuste e ajuda financeira externa, o futuro da Grécia ainda é incerto.
Muitos servidores públicos acreditam que a crise foi criada por forças externas, como especuladores internacionais e banqueiros da Europa central. Os dois maiores sindicatos do país classificaram as medidas de austeridade como “antipopulares” e “bárbaras”.
Mesmo assim estão tomando medidas drásticas para superar essa crise e isso está causando consequencias antes impensáveis.

CONSEQUÊNCIAS DA CRISE NA GRÉCIA

1. Zeus vende o trono para uma multinacional coreana.
2. Aquiles vai tratar o calcanhar na saúde pública.
3. Eros e Pan inauguram um prostíbulo.
4. Hércules suspende os 12 trabalhos por falta de pagamento.
5. Narciso vende espelhos para pagar a dívida do cheque especial.
6. O Minotauro puxa carroça para ganhar a vida.
7. Acrópole é vendida e alí é inaugurada uma Igreja Universal do Reino de Zeus.
8. Eurozona rejeita Medusa como negociadora grega: "Ela tem minhocas na cabeça!".
9. Sócrates inaugura Cicuta's Bar para ganhar uns trocados.
10. Dionisio vende vinhos à beira da estrada de Marathónas.
11. Hermes entrega currículo para trabalhar nos correios. Especialidade: entrega rápida.
12. Afrodite aceita cachê para posar para a Playboy.
13. Sem dinheiro para pagar os salários, Zeus libera as ninfas para trabalharem na Eurozona.
14. Ilha de Lesbos abre resort hétero.
15. Para economizar energia, Diógenes apaga a lanterna.
16. Oráculo de Delfos vaza números do orçamento e provoca pânico nas Bolsas. Anda cogitando revelar números da mega sena.
17. Áries, deus da guerra, é pego em flagrante desviando armamento para a guerrilha síria.
18. Prometeu passa a cobrar pelo fígado.
19. A caverna de Platão abriga milhares de sem-teto.
20. Descoberto o porquê da crise: os economistas estão falando grego!


segunda-feira, 12 de março de 2012

"O que você faz de bom?"



A Bia, do blog "Jubiart", propôs essa Blogagem Coletiva em comemoração aos dois anos de seu blog com uma pergunta: O que você faz de bom?

Perguntinha dificil essa que a Bia nos faz......

Uma coisa posso afirmar, falar bem de mim é uma das coisas que faço bem....bem mal!
Já tive preconceito, tive ciúmes, inveja, raiva, intransigência, impaciência, intolerância, petulância, arrogância, atitudes grosseiras, as vezes isoladas e as vezes em conjunto com alguma outra dessas “qualidades”!.
Não sou nenhum santo, nunca fui.
Já trai e fui traído, por amantes e amigos.
Já venci, fracassei, já caí e me levantei.
Tentando achar alguma coisa de que eu possa me vangloriar como pessoa, para que eu possa descrever bem aquele que sou, o que eu faço, relembrei de muitas coisas.
Mas, eu acho que aquilo que melhor faço é reconhecer meus erros
E, alem de reconhecê-los, buscar repará-los.
Eu sei pedir desculpas, eu sei me redimir.
Eu sei abrigar, acalentar, levantar a bola para alguém chutar, despretensiosamente.
Aos meus amigos tudo! Não que eles não errem, erram sim e muito, mas eu sei entender as situações, procuro ver o contexto dos atos. Eu perdôo, eu relevo.
O que eu sei, eu divido. Se posso ajudar, ajudo. 
Abro mão de coisas, mas não as abro nunca de meus princípios. Estes são inegociáveis!
Me indignam as mazelas sociais,  a ignorância, a falta de princípios, a busca de vantagens próprias em detrimento dos outros.
Detesto gente metida a esperta que acha que pode ludibriar os outros e assim se promover.

È, dona Bia, difícil missão!

Tenho meus segredos, meus medos, varia cicatrizes visíveis e invisíveis, tenho coragem, perseverança, talento, inteligência, curiosidade, valores...
Depois dessas ruminâncias em busca do que faço de bom, acho que o que eu faço de bom é viver.  Buscar sempre viver como “gente”!  Ser gente!
Como ser o humano que busco ser..... Vivendo  e continuar sempre aprendendo!



quinta-feira, 8 de março de 2012

À flor da pele.....

Neste dia de hoje em que se homenageia as mulheres, resolvi neste post homenageá-las através desta mulher que aprendi a admirar.
A conheci através dos blogs e o nosso relacionamento se mantêm através deles. Mesmo assim, com este contato restrito, ela me toca, me emociona.
Essa grande mulher, no alto de seus 1,59 m, tem uma alma de um tamanho e fortaleza que transcende o seu corpo físico. Alma de poeta é assim, imensa. 
A sensibilidade aflora, à flor da pele!
Ela é toda sensações.
Seus poemas expressam a sua visão da vida, das coisas ao seu redor, de si mesma. 
Ela é intensa, visceral.
As vezes crua, realista, de outras vezes demonstra toda a sua alegria e vontade de viver. Plenamente!

 Fatima C Amaral

Em seu blog “À flor da pele”  ela assim fala de si mesma:

“Sou alguém que fala em silêncio, em palavras escritas, não em palavras ditas. Não encontro rumos em sonhos, não caminho na realidade, mas em algum lugar estou. Sou alguém que gosta mais da noite que do dia. E quando ela chega o silêncio vem me fazer companhia, me torno palavras e linhas, em meu ser e fora dele, tudo fala, dispo minha alma. Nesse momento sou mais minha. Egoísta...talvez. Tenho medos, tenho segredos, dores sem curas, alguma coragem uma dose de insana/sanidade. Estou em muito do que escrevo, não sei se nas linhas ou entrelinhas. Bem, isso fica entre seu parecer e meu ser.” 
(Fatima Amaral)

Eis um pouquinho dela através de seus poemas. Fica dificil escolher só um ente tantos, então resolvi postar alguns dos que mais gosto.
Para ler e/ou ouvir

Eu, minha senhora


Ando agora.
Apagando com cuidado o quadro negro da memória.
Relendo lembranças, jogando papeis fora.
Em partes de mim que me cabem
Vou dizer todos os nãos e sins
mesmo que desagrade
Ando eu agora.
Ando com esse tempo, não o lá de fora
Mesmo nas madrugadas, atenta como o dia
Ouvindo da noite somente o que alivia.
Sem desamarrar o entardecer dos laços,
Sem deixar para traz os mais importantes abraços.
E mais fácil para os pulmões
respirar somente o ar de hoje,
Sem me inflar com os porquês de outrora,
ou os ansiosos de amanhãs.
Já que vida não tem prazo.
Escolho.
No meio de tantos sonhos
que se levantam todos os dias
Só quero os desse.
Quero o bom do saber que passei por mim
E que aos poucos fiquei.
Eu, minha senhora.
Ontens


E pego um tanto de ontens
E me debruço com eles à janela
Alguns, estendo ao lado
Molhados de lágrimas,
Deixo-os secarem,
Se evaporam.
Outros tantos comigo conversam,
Absorta sigo seus rastros
Tiram de mim risadas
Um dia já sentidas.
Outros me fazem mais uma vez doer.
Esses me erguem,
Está neles tudo o que me serve.
E há os que não gosto
São nos ontens "de não devia"
Esses, ignoro
Já que passo atrás é impossível.
E depois de quentes pelo sol, alguns tantos
Ainda pego, ponho-os aqui dentro,
É quando os convido para olharem à frente...
Muitos são somente ontens,
Outros em hoje se tornam,
Alguns ficarão em mim amanhã.
Sensatez


Te provo aos poucos
Poucos poros por vez
Afasto-te
Assim não te gasto
Assim não te gosto
E nem desgosto

Te volto
Na saudade
Em mais pedaços
Me satisfaço

Mais nunca ao todo
Nunca de uma vez
Deixo para a volta
Para não cansar
Do desejo meu
Que teu já se fez.
Preciso do que há em mim...


Mudo meus caminhos
Me desfaço do teu sorriso
Ele não me faz sentir possível.
Aquieto-me em silêncio,
Escrevo nas paredes
O que penso.
Piso em chão não mais incerto.
Gosto do gosto do sentir, do verbo
Meu lugar me cabe,
Não são mais ocos os ecos.
Há no espelho imagem
Vejo de céus mensagem
nasci em mim, parto demorado,
tempo necessário.
Nos passos que sempre andei
Foram somente os meus números
que procurei.
Encontro-me,
E me digo...
Eu preciso do que hoje há em mim
Como nunca precisei antes.
 Atrevida
 

É o toque na pele
Os poros dilatados
É o vai e vem da vida
Você ao meu lado
Dia e noite acordados
Nos arrepios dos poros
É fogo fervendo água
Nas minhas secretas maldades
Impudicamente ousadas
É o subir da descida
Se não for assim, não sinto vida
Há de ser atrevida
Se for para acabar contigo
Acabo.
Mas que seja com um gemido.
Do encontro


Nesse mundo vasto....
Em raras vezes me acho
Na maioria me deixo.
Enquanto me procuro
Me perco de mim,
O tempo todo,
Em todos os tempos.
Não me encontro.
Penso, vasculho,
Rezo, prometo não me perder
Se acaso me achar, prometo.
Reviro gavetas, papeis,
Rabiscos de caneta
Me reviro ao avesso, nada!
Ando em todas as estradas
Olho em todas as direções, nada
Nenhum sinal de mim.
Canso e penso...
Acho que não me encontro, pela vastidão do meu mundo 
é terreno demais para percorrer, em apenas uma vida.
Mentira
 

Mente tudo
Mente a mente
Mente a boca entre dentes
Mente o sentimento,
Mente o sorriso
Sem aviso
Mente o corpo
Mentiroso maior
Mente a dor
O orgasmo, ah como mente
Mente, fingindo de prazer
Mente o drama e trama
Mente. Fingindo dormente

Mas alma não mente
Sente, mas não mente
Pode não dizer
Apenas sente
Mas não mente
Não mente os arrepios da pele
Não mente a oração
Não mente os vãos
Não mente os poros da alma
Os olhos não mentem
E esses são dela
Alma não mente.
Medo
 

Alienado pelo medo
Juntando segredos
Fazendo deles grades
Prisões que o invadem.

Cérebro encarcerado.
Pena de morte.
Em vida condenado.

Sufocando em desespero,
Desafio de cego
O cego de venda proposital.
Criando no bem
Seu próprio mal.

Dominado pelo absurdo
Deixando-o
Cego, mudo, surdo.

Apavorado pelo trinco
A porta é seu inimigo.
Trancando em seu casulo
Fazendo do medo seu mundo.






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