Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Do Selo lambido ao ponto com.


No Projeto Livro de Graça na Praça (veja aqui) também é feita a distribuição e divulgação  da literatura de Cordel, alem de livros de Literatura Infanto juvenil e do livro de Contos editado exclusivamente para o evento.
Trouxe para vocês este Cordel escrito por Jose Mauro da Costa, de Belo Horizonte, versado em prosa e contos, em um debate com Ulisses Germano, professor do Cariri e também apreciador do Cordel.  Este Cordel também foi impresso em Braile, fato inédito.
Hoje posto o Cordel de Jose Mauro e na próxima postagem apresento a resposta de Ulisses.
José Mauro fala de algumas inconveniências da tecnologia, de coisa abomináveis como as latinhas e as sacolas plásticas, alem dos enlatados e do fast-food. É um tema para reflexão num momento em que a terra sendo exaurida, se debate numa crise sem precedentes do consumismo desenfreado



Do selo lambido ao ponto com

Ao leitor faço um resumo
do que penso do consumo
e desse mundo digital
Tudo tem mudado tanto
parece que só eu me espanto
com o efeito colateral.

Veja que a tecnologia
quando usada em demasia
deixa o cara viciado
Seu juízo fica lento
fica lento e eu acrescento
olhe lá, tome cuidado.

Tem muito escrevinhador
louvando o computador.
Faz dele sua cachaça
e quando isso acontece
a poesia é que padece,
a rima fica sem graça

A moçada se submete
passivamente a internet
sei la que amores vivendo
Lua, seresta e violão,
beijos, abraços, mão na mão...
Não sabe o que esta perdendo

Nesse andar da carruagem
essa falta de coragem
prevê uma calamidade
O homem tal qual um monge
olha as mulheres de longe
é o fim da natalidade

Com tantas pilhas de lata
de pneus, pets, sucatas
sujando o meio ambiente,
causando devastação,
A terra vira um lixão,
para castigo da gente.

E o celular tão freqüente?
atormenta muita gente
quem usa este acessório
nas caminhada, nos bares,
nos quartos hospitalares,
não respeita nem velório.

A sacolinha de plástico
é um invento fantástico
do tal progresso que avança
De compras vem carregada
e  ainda serve a danada
pra sufocar criança.

Você que tanto desdenha
comida de fogão a lenha
eu preciso adverti-lo:
Peça a Deus que o ajude
pra não perder a saúde
comendo comida a quilo

Se alguém encomenda um grude
na entrega dos fast-food
o que vem eu já adivinho
É gordurento e pastoso
parece até que é gostoso
mas é veneno a caminho

Nas lutas pela audiência
numas tevês a aparência
choca quem vê e escuta
Vale tudo pro sucesso
o homem peca em excesso
ate mulher se disputa

Musica hoje é entulho
não tem letra é só barulho
quem manda é a propaganda
Quedê Paulinho da Viola
Noel, Caymmi, Cartola,
Chico Buarque de Holanda?

Onde esta o som brejeiro
do cavaquinho, pandeiro
samba de fundo de quintal?
Do forró, samba de breque,
do chorinho bem moleque?
Esta em fase terminal

Muito cantor estrangeiro
vem aqui só por dinheiro
e a turma aplaude e idolatra
E o que mais o povo engana
é a musica americana.
Só salva o Franck Sinatra..

Finalizo a artilharia
louvo a boa companhia
de Ulisses, Lulu, Josenir
Ao Edesio agradeço
sua ajuda não tem preço.
Não me deixou desistir

Esse é meu canto de guerra
Meu cordel aqui se encerra
já falei muito e demais
Gente do Crato e Juazeiro
e ao bom povo brasileiro
o  abraço de Minas Gerais.

José Mauro da Costa
Professor de Literatura, escritor, poeta e membro da Academia de Cordelistas do Crato. 
É o idealizador e mentor do Projeto Livro de Graça na Praça, evento anual realizado em 11 de setembro em Belo Horizonte.


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