Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Papo de Buteco 43 – Daltônico

Não sei se já disse a vocês, mas no quarteirão em frente ao meu Buteco, um pouco mais adiante na mesma rua, tem uma boate, chamada “Dito e Feito”.
È daquelas boates que tem pole dance, aquela dança que as mulheres ficam subindo e descendo, relando pra lá e pra cá num poste, que vai do chão ao teto. Nessa boate, a dança na verdade funciona como um mostruário da mercadoria na vitrine. 
O preço quase sempre é no leilão, sem nada de oficial, mas na verdade quem dá mais leva. Leva quem tem “mais amor pra dar”.
Essas boates anteriormente eram freqüentadas por homens solteiros, representantes comerciais em viagem, executivos em viagem de negócios, em suma, homem fora de casa sem ter que dar satisfação pra Dona Patroa, procurando variar o regime. Botar homem de regime é o mesmo que pedir pra ele comer escondido.
Esses regimes onde se come só um prato, são terríveis, por isso eles procuram variar, e como gostam de uma proteína nova...
Hoje em dia estas boates também estão sendo freqüentadas por mulheres na mesma situação que estes homens, se o companheiro esta fora da cidade, ou se ela se encontra em viagem de negócios, elas também vão a este tipo de boate, onde podem arrumar um “amor sincero” de uma noite.  Tem uma delas, de fora, que de vez em quando passa por aqui e me confessou certa vez, ter dificuldade de se segurar dentro da calcinha nessas viagens. 
Bem, mas essas mulheres, no dia seguinte, oléo trocado, revisão feita,  seguem viagem ou talvez aguardem seus maridos chegarem das suas.
Não acreditam, é só dar uma olhada na fatura do cartão corporativo delas.
Com o delas elas não pagam, pois a fatura vai pra casa e vocês sabem como homem é atrevido e abre todas as correspondências da casa. 
Vai que numa dessas ele acha lá uma despesa: “Organizações Sunshine Love”.
Como se explica uma dessas?
Na semana passada, noite alta, um senhor bem vestido, parecendo chegar de viagem, desce de um taxi, entra no Buteco e pede um uisque, só pra relaxar, enquanto não vai pra casa.
Ele fica bebericando, sentado nas cadeiras do balcão, conversando com o barman. 
Conversa vai, conversa vem, e eles comentando quem entrava e saia da boate, que se via pela grande vidraça da frente do Buteco.
De repente ele vê uma mulher, também muito bem vestida, entrando na boite.
Achando reconhecer a mulher, ele sai a rua e caminha até próximo à porta da boite.
Volta imediatamente ao Buteco e chama um dos meus garçons, tira do bolso um maço de notas e diz:
- Aqui estão cinco mil reais. São seus se você tirar de dentro da boite aquela mulher loura, vestida de vermelho que acaba de entrar. Mas vá tirando sem conversa e ja traga cobrindo de porrada, porque aquela desgraçada é minha esposa.
O garçom, que andava numa “dureza daquelas”, aceita de cara, atravessa a rua e entra imediatamente na boite.
Não se passaram ainda cinco minutos e ele sai, arrastando uma mulher pelos cabelos, com o rosto sangrando, joelhos esfolados, toda desgrenhada, e gritando todos os impropérios que se possa imaginar. E tome pancada...
O senhor, em frenta ao Buteco vê a cena e percebe, horrorizado, que a mulher está vestida de verde e sai correndo para alertar o garçom do erro.
- Pare! Pare! O senhor errou. Como o senhor confundiu vermelho com verde? O senhor é daltônico?
Ao que o garçom retruca:
- Que daltônico que nada!... Pode deixar que eu vou fazer valer o seu dinheiro. É que esta é a minha mulher... Eu já volto lá pra pegar a sua!

Nota:  O Buteco do Lufe não faz apologia à violência contra a mulher. A nossa opinião está expressa no post http://butecodolufe.blogspot.com/2010/09/desesperate-housewife_29.html  do dia 29/09/10

imagem da net


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