Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Papo de Buteco 50 - A mentira.

 Já contei para vocês muitos casos do pessoal que vem sempre aqui no Buteco.
A gente as vezes tem que fechar os olhos, fingir que não viu muita coisa, pois não pode se envolver. Eu sou igual aqueles tres macaquinhos, não vi, não escutei e não falo. Nem morto!
Alguns caras aparecem para jantar com as esposas, nos apresentam, batemos um bom papo, eles me tratam como um grande amigo, um cara de confiança. Elas acreditam!
Há muito já saquei qual é a deles.
Eu sou o cara do passe livre. Se o cara quer aprontar alguma, diz pra comadre que vem ao Buteco, a mulher me conhece, sabe que sou um cara serio, pronto..... o álibi esta feito!
O sujeito cai na gandaia, apronta de tudo na noite, sequer passa por aqui e eu nem fico sabendo. Ou melhor, fico sim, depois da M... feita!
Ontem, um destes safados apareceu por aqui, me chamou num canto, me pediu absoluta discrição e foi logo me dizendo:
- Lufe, se a Creusodete te ligar perguntando se estive por aqui, você confirma. Se algum dia eu chegar com ela pra jantar e sair algum papo se eu estive por aqui sozinho, você confirma!
- Mas o que é isso Astopho? Já andou aprontando alguma! -  disse eu. Você sabe que eu não gosto de que me coloquem nestes rolos.
- Lufe, mas a causa é nobre...
- Causa nobre? Que causa é essa?
- Você vai salvar meu casamento!
Aí, ele me contou a historia toda, e eu a repito pra vocês, do jeitinho que ele me contou.
Apesar do pedido de discrição, eu conto, pois este caso merece ir pros anais da safadesa!
O Astolpho tem uma secretaria deliciosa. Objeto de desejo de todos os homens da firma onde ele trabalha. Moça séria, não dava bola pra ninguém. Todos a cobiçavam.
Vocês sabem como é, se a mulher dá uma de difícil, os homens todos se enrabicham.
Ainda mais mulher bonita como é a secretaria dele.
 Neste dia o Astolpho saiu do escritório, chovia a cântaros e ele encontrou a sua secretária no ponto de ônibus encolhida sob a sombrinha.  Ela tinha que se encolher mesmo, pois um mulherão daqueles não cabia de baixo de uma sombrinhazinha...
Solicitamente, ele parou o carro e perguntou:
- Dona Lindaura, você quer uma carona?
- Claro... respondeu ela tiritando de frio e já foi logo entrando no carro.
A roupa justa molhada colava-se ao corpo. Moldava a escultura!
Astolpho dirigia com um olho na rua e outro na gata.
Chegando no edifício onde ela mora, ele parou o carro para que ela saísse e ela educadamente lhe fez um convite:
- Não quer descer e tomar um cafezinho, um whisky, ou alguma coisa?
- Não, obrigado, tenho que ir para casa.
- Imagine! O Sr. foi tão gentil comigo, é só um pouquinho, só queria agradecer.
Ele subiu, atendendo ao pedido gentil da moça.
Ao chegarem no apartamento, enquanto ele tomava seu drink, ela foi lá para dentro e voltou toda gostosa, envolvida num robe, enxugando os cabelos, toda perfumada. Cheirozinha!
Depois de alguns gorós, o papo se animou, conversa vai, conversa vem, o robe se entreabre e o Astolpho não resistiu.  Transou com a secretária!!!
Como sempre faz um imbecil nessa hora, o Astolpho acabou adormecendo ali mesmo.
Por volta das 4:00 hs da manhã, sentindo a vontade de um xixi, ele acordou e olhando o relógio  levou o maior susto.
- Meu Deus! (nessa hora todos pensam Nele) O que eu vou falar pra Creusodete?
Aí ele pensou, se remoeu, pensou mais um pouco e desesperado disse à sua secretária:
- Você por um acaso tem aí um pedaço de giz?
Acreditem!!!! Ela tinha! Ela entregou-lhe o giz, ele agradeceu e foi pra casa..
Lá chegando, colocou o giz cuidadosamente atrás da orelha  e entrou pé ante pé....
Encontrou a mulher louca de raiva, possessa, e ele já foi logo contando....
- Creuzinha, me perdoe! Quando saí do trabalho tava chovendo muito e eu dei carona para a minha secretária. Depois que chegamos no prédio onde ela mora, ela me convidou para subir e me ofereceu um drink; em seguida, ela foi para o banho e retornou toda perfumada, só vestida com uma camisola transparente e muito linda. Como eu já tinha tomado uns goles, não resisti, acabamos indo para a cama e fizemos amor. Foi tentação do Capeta! Eu não queria, mas a tentação foi muita! Cansado, eu dormi e acordei agora há pouco... Vim correndo te pedir perdão!
A mulher olhou bem para a cara dele e dando um berro, falou...
- Seu mentiroso sem vergonha, estava lá no Buteco bebendo e jogando sinuca com aqueles safados dos seus amigos. Seu vagabundo, você se esquece que tem mulher em casa e passa a noite no Buteco! Você é tão calhorda que nem sabe mentir... até esquecer o giz aí atrás da orelha você esquece!

E não é que a mentira colou?
Se ele não tivesse me pedido o álibi, eu nem acreditaria.
Pode uma coisa dessa?

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Olha eu aí!!!!!
O meu conto - Namoradeira - Classificado no "Concurso de contos Vida, promovido pela Elaine Gaspareto do "Um pouco de mim" foi publicado hoje!. Confira aqui e deixe seu comentário.
Leia todos, vale a pena, a iniciativa é otima!
A votação para o melhor conto será após a apresentação de todos concorrentes. Na época devida, publico um lembrete.
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