Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Infancia!

Sinuca em Malange-Angola

Recebi esta foto fantástica, enviada por meu irmão e acompanhada deste texto:
Quando menino, meu playground eram a rua, o quintal de casa, as casas nas árvores, as águas das enxurradas, os arrabaldes da cidade em expansão. Meus soldados, pequenas pastilhas de revestimento, meus aviões, caixas de fósforo. Fartura de imaginação e improviso. Nada perdi, muito ganhei.”
A foto e o texto me deram um start e me veio um turbilhão de lembranças. Lembrei-me de episódios da minha infância há muito guardados no fundo da gaveta das memórias.
Nasci na capital, mas levei vida de menino do interior. Nasci em um bairro antigo e muito popular de BH. Aos oito anos mudamos para a casa que meu pai construiria em um bairro novo ao sul da cidade, aos pés da Serra do Curral.  Bairro este que mais tarde, em poucos anos, se transformaria em um dos mais nobres da capital mineira. Nossa rua era de terra e em frente tinha um campo de futebol de várzea. A cinquenta metros passava um riacho chamado Córrego do Leitão, de mais ou menos dois metros de largura por quarenta ou cinqüenta centímetros de profundidade. Em sua margem, imensa mangueira, provavelmente centenária, devido ao tamanho e copa frondosa.
Minha mãe também trabalhava fora e, quando não estávamos na escola, a rua era realmente o nosso playground . Nele passamos horas memoraveis de nossa infancia.
Brincávamos de pique-esconde, policia e ladrão, jogávamos bola, peteca, queimada e tínhamos muitas outras brincadeiras que hoje não se vêem mais, como o bente-altas, finca, guerra de mamonas e o politicamente incorreto (nos dias de hoje) caçar passarinhos com bodoque. Construiamos nossos aviões, carrinhos, carros de rolemã, papagaios (pipas) e tantas outras coisas por onde a nossa imaginação, critatividade e curiosidade nos levavam.
Ficávamos ate tarde da noite na rua imersos em nossas brincadeiras. 
TV e eletrônicos não existiam ou eram raros, assim como os brinquedos industrializados, que não nos seduziam. O que nos seduzia era o contato com o bando de amigos que tínhamos e com eles interagir através de nossas brincadeiras.
Esta imagem me trouxe estas lembranças e pude ver neles o menino que fui e concordo com meu irmão. Nada perdemos, tudo ganhamos!
Porem algo nessa imagem me dói profundamente. Vejo nela o mal que assola o nosso mundo. 
Ao contrario deles, o “meu mundo” me deu oportunidades para que eu me tornasse hoje o homem que sou. O que dá pena e uma imensa tristeza é a falta de oportunidades para essas crianças fora do “Primeiro mundo”. Que aproveitem ao maximo a sua infancia!


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