Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"Causos" de Minas 2 - O avião

Nos anos de JK, os engenheiros e arquitetos do Governo sobrevoavam o coração do país demarcando onde seria construída Brasília, a fim de ser a nova capital do Brasil.
A idéia era transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do país e ao transladar a capital para o interior, o governo pretendia povoar, integrar e desenvolver aquela região.
Uma malha rodoviária cruzaria o pais e daria vasão ao produto da nova indústria automobilística. Novas rodovias, mecanização na lavoura, pesquisa agropecuária, ou seja, tudo isso representa uma tentativa de conquista de um território que ainda não estava conquistado como tal.
Lúcio Costa foi o principal urbanista da cidade. Oscar Niemayer amigo próximo de Lúcio, foi o principal arquiteto da maioria dos prédios públicos e Roberto Burle Marx foi o responsável pelo paisagismo.
Kubitschek, que foi um presidente de orientação socialista, reuniu um grupo de profissionais da mesma tendência política. Eles já haviam trabalhado juntos em Belo Horizonte, quando Juscelino era o governador de Minas.
Construiram a Lagoa da Pampulha, todo seu entorno, a Igrejinha, o Iate Tenis Club, o Colegio Estadual e vários prédios públicos e privados.
Este grupo tentou desenvolver em Brasilia um modelo de cidade utópica onde se pretendia eliminar a distinção de classes sociais.
Por este motivo a cidade ficou conhecida como “capital da esperança”, adjetivo dado pelo escritor francês André Malraux.
É claro que tal objetivo não foi cumprido, mas, durante a construção da cidade, foi uma realidade, visto que todos compartilhavam a mesma comida e os mesmos acampamentos.
Pessoas de todo o país, especialmente do nordeste chamadas de candangos (Quando se começou a construir Brasília, candango era tido quase como termo ofensivo, desprimoroso, como que a indicar o homem sem qualidade, sem cultura, um pária da sociedade), foram contratadas para a construção da cidade, que foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960, propositalmente no mesmo dia e mes do enforcamento de Tiradentes.
Brasília custou cerca de um bilhão de dólares. Este custo extremamente elevado deveu-se, em parte, a ausência de estradas de ferro e de rodovias bem traçadas para levar o material de construção aquela região de Goias.
A solução foi transportar o material de construção por via aérea, fato que encareceu em muito o custo das obras.
Certo dia, depois de uma chuva torrencial, um desses aviões foi obrigado a pousar em uma fazenda lá para os lados do Alto Paranaíba, na “Grande” Coromandel, em Minas Gerais
Foi um alvoroço só.
A cidade inteira chegou para ver o avião. A minerada toda correu esbaforida!
O mais inusitado, é  que ele havia ficado preso no lamaçal que se formara no final da pista improvisada no meio do pasto.
Desce o piloto, muito irritado e sem saber como faria para tirar o avião dali.
Ficou rodeando de la pra cá. 
E o mundão de capiau foi se aproximando, todo mundo assuntando.
Mais nervoso ainda, o piloto se vira e grita para a plateia, todo insolente:
- O que que foi?  O que que vocês estão olhando? Nunca viram avião não?  
Ao que Hilarino responde, de bate pronto, carregando no sotaque mineiro:
- Vê nois já viu, mas aaaatolado não, sô!

Esse causo é verdadeiro. É uma das histórias do Hilarino, personagem que morou na cidade de  Coromandel - MG e ainda hoje é responsável por risadas memoráveis.
Esse caso me foi enviado pela querida Malu Guimarães do “Absinto



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