Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tartaruga no poste?

Tarde ensolarada em Beagá, tempo seco, goela seca e o povo entrando sem parar, nem que seja pra tomar daqueles Kisucos da maquininha. É daquelas maquininhas onde o suco vai e volta, sabem qual? Pois é, tenho uma aqui no buteco, pois a freguesia é variada e com o movimento de porta, aquele movimento das pessoas que passam e entram, as vezes eles só tem dinheiro pra um suco e um pastel. A gente tem que atender, sabem como é, e atendemos bem respeitamos a todos sem discriminação.

O pessoal da noite é diferente, umas madames sofisticadas, chics, Tem uma que eu até tenho uns copos de cristal Baccarat, que um outro freguês me trouxe da província de Lorraine, lá do leste da França, guardadinhos só pra ela. Ela gosta. E tem que ser tudo do jeito que a etiqueta manda, tem um pra água, um pra vinho branco, outro pra tinto, um pra coquetel, outro pra uísque e ainda outro pra vodca, que é o que ela mais gosta....e com lima. Eu tenho sempre uma Viborova, no freezer, e lima guardadinha  só pra ela. 
Agora, quando ela quer tira gosto, aí eu sirvo o caviar Beluga, Ossetra ou Sevruga, vindos do Irã, aquele "amigo" do Lula é quem manda pra mim e sempre o tenho em estoque. Reserva especial só pra ela. Ah, mas se ela quer o caviar, aí tem que ser servido com champanhe, na taça  Baccarat apropriada e o Champagne é de preferencia o Dom Pérignon, produzido na França, em região da provincia com o mesmo nome,  a partir da uvas chardonnay, pinot noir e pinot meunier.
Eu acho que ela até fez curso numa tal de Socilla, que tinha la na terra dela, e era uma escola pras moças ficarem mais elegantes. Se fez, num precisava, ela é elegante por natureza. Eu tenho tudo preparadinho, pois eu gosto dela, e gosto de agradá-la. Ela é muito simpática comigo e adora brincar com as palavras. Inteligente a moça.

Mas voltando a vaca fria, o sol tava de rachar mamona, o asfalto parecendo derreter. La fora tinha uma turma da SLU trabalhando. Eita gente que trabalha, os garis e as formiguinhas trabalham de sol a sol pra deixar nossas cidades limpas, mas sempre tem gente mal educada que chega a atirar papel no chão, até na frente deles. E uma vergonha. Depois, num dia  de chuva forte, a sujeira e as sacolas de plástico que eles atiram na rua, tampam os bueiros e dá uma enchente daquelas. A culpa é e quem? Do governo, dizem eles, sempre do governo. Se a gente não tiver a civilidade de acondicionar o lixo corretamente, para ser recolhido elos caminhões, não ha gari que agüente. Eles sozinhos não dão conta.

Nessa tarde, eles pararam um pouquinho para descansar e um deles, um senhor já de mais idade, por volta dos 50 anos veio ao buteco tomar uma laranjada e comer um pastel de carne, especialidade da cozinheira que trabalha durante o dia. 
Enquanto fazia seu lanche, puxei conversa com ele, pois gosto muito de conversar com estas pessoas simples, e que muitas das vezes passam despercebidas da gente.  É como se não existissem, apesar do uniforme todo cor de laranja. Vocês já repararam que ocorre o mesmo com o pessoal de faxina nos escritórios, porque será? 

Bom, continuando o papo,  conversa vai, conversa vem , o tema recaiu sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre o governo de Lula e sobre a candidatura da Dilma. 
Caboclo vindo da roça, sem estudo, mas tinha aquela sapiência nata dos homens da terra, do interior de Minas Gerais.  E como entendia de política o danado!

A conversa ia avançada e m determinada hora o  gari disse: 
- Bom, o senhor sabe, a Dilma é que nem uma tartaruga em cima do poste... 
Sem saber o que o gari quis dizer, eu perguntei o que diabo significava uma tartaruga num poste?
E o gari respondeu:  - É quando o senhor vai indo por uma estradinha e vê um poste. Lá em cima tem uma tartaruga tentando se equilibrar, lá no alto. 
Isso é uma tartaruga em um poste. 
Diante da cara de bobo que eu fiz, o gari acrescentou:       
  
- Você não entende como ela chegou lá; 
- Você não acredita que ela esteja lá; 
- Você sabe que ela não subiu lá sozinha; 
- Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá; 
- Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá; 
- Você não entende porque a colocaram lá.

- Então, tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar! 

Não é que o gari, na sua sapiência cabocla, num tá coberto de razão?

Piada do texto enviado por e-mail sem autoria 
A primeira charge é do Frank e a segunda do  Spon
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