Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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domingo, 17 de outubro de 2010

Papo de buteco 17 - Compatibilidade

É interessante observar como o mundo evolui.
Aqui desse balcão do buteco, a gente acompanha todas as mudanças sociais que ocorreram nos últimos tempos.
O índice de mulheres trabalhando fora, profissionais liberais, executivas, era muito pequena e hoje ocupam altos postos levam sua vida com extrema liberdade, são donas dos seus narizes. 
Os homens sem preparo pra esse avanço avassalador, ainda se assustam, se questionam.
A liberdade sexual atingiu níveis já acima dos preconceitos.
As orientações  sexuais estão superando os estereótipos e já não é tratada como uma coisa a parte, estando inserida em todos os círculos sociais e sendo tratada com a maior naturalidade. Ainda bem.
Ainda outro dia uma revista de circulação nacional divulgou uma reportagem sobre a homossessualidade onde relata que os jovens estão declarando a sua condição aos familiares, cada vez mais cedo, e sendo aceitos, levando uma vida mais feliz, sem muitos traumas, libertos, aceitos tranquilamente na escola, nos grupos de jovens, abandonando os guetos.
Esta evolução esta vindo com naturalidade entre eles, sem o hastear de bandeiras ou movimentos radicais. 
Eles hoje freqüentam os mesmos lugares que os jovens heteros, boates, clubes, shows, se misturam, convivem, namoram, sem muito alarde, sem contestação.
O estereótipo entre eles praticamente esta deixando de existir, da mesma forma que não o utilizam com o amigo japonês, chinês, negro, árabe, judeu, eles simplesmente os tratam como o amigo fulano de tal, sem marcas.
Com isso, pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, que antes levavam uma vida dupla, escondidos por receio, medo de preconceitos estão podendo cada vez mais levar uma vida plena, com maior liberdade, sem que isso o estigmatize.
Essa evolução dos costumes veio para ficar.
Outro dia, uma freguesa aqui do buteco, me contou um caso interessante, que demostra claramente estas mudanças.
Ela resolveu se separar do marido Ricardo.
Entraram com os papéis e, após os tramites, os dois compareceram à audiência de conciliação.
Nessa audiência, perante o juiz, os dois são interpelados e instados a se reconciliarem, este é o processo usual.
Neste momento, o juiz perguntou a ela qual seria a principal razão para essa separação.
- Compatibilidade de gênios, disse ela.
O juiz fez cara de espanto, estranhou, e tentou corrigi-la:
- A senhora deve estar querendo dizer "incompatibilidade de gênios"...
- Não, não, Meritíssimo. É compatibilidade mesmo!
O juiz incrédulo a interpelou novamente:
- Mas minha senhora, como “separar por compatibilidade”?
- Eu gosto de passear...
E o Ricardo então disse:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de andar de bicicleta...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de ir ao cinema...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de ir ao teatro...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de esportes...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de academia...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de pizza aos sábados... 
E o Ricardo:
- Eu também gosto! 
- Eu gosto do Flamengo...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
- Eu gosto de homem...
E o Ricardo:
- Eu também gosto!
E o juiz de imediato:
- Concedido!

Não é que era compatibilidade mesmo?
.

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