Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ruminâncias


Visitando o blog da Carla Farinazzi, “Pequenos barulhos internos”, me deparei com um post – “Sou do tempo que...” – e me lembrei deste texto que li a algum tempo atrás e resolvi postá-lo também. Ele lembra muitas coisas de minha infância, ainda no milênio passado.....
Eu sou de um tempo distante,
o chamado “Tempo do Onça”,
tempo em que qualquer máquina 
se chamava geringonça…
Sou do tempo em que se amarrava 
cachorro com lingüiça,
e que em todos os domingos 
a gente ia à missa…
Sou do tempo do bicarbonato,
do lançamento do Sonrisal,
do sabonetes  Gessy e Lifebuoy.
Sou do tempo em que futebol era para macho,
em que ninguém sossegava o facho
nos bailes de formatura,
e da banca dos play-boys.
Tempo em que o telefone era preto 
e a geladeira era branca! 
Sou do tempo em que se confiava 
nas companhias aéreas, 
em que a penicilina curava 
as doenças venéreas! 
Sou do tempo da Rádio Nacional, 
do lança perfume no Carnaval, 
do calouro na hora da peneira, 
e as moças diziam... “aí pode” 
só na hora da brincadeira. 
Sou do tempo em que “ficar” era não ir… 
Meu mundo não era uma ilha 
e a gente escutava a sorrir 
um radio que nem era de pilha. 
Tempo de se permitir passeios à beira-mar. 
Tempo de se curtir a vida 
sem medo de bala perdida, 
tempo de respeito pelos pais.
Enfim, sou de um tempo 
que acredito não volta mais…
Sou do tempo da brilhantina,
do laquê, do Gumex.
O correio não tinha Sedex,
o que vinha era telegrama 
trazendo uma má notícia…
Sou do tempo em que a polícia 
perseguia todo sambista
que tivesse alguma fama.
Tempo em que mulher é que usava brinco,
 em que as portas não tinham trinco,
e que se dizia “demorou”,
só pra quem chegasse atrasado…
Sou do tempo da estricnina,
veneno tão poderoso!
Sou do tempo do leite de magnésia,
do sagu, do fubá Mimoso,
e do fosfato que curava a amnésia.
Porém: Político corrupto, 
o rato que sai da toca,
 Ora! Esse, sempre existiu!
Sou do tempo em que Benjor se chamava  Ben,
a carne do bife era acém,
ração de cachorro era bofe,
Ah, e nesse meu tempo, 
não havia estrogonofe.
Sou do tempo do tostão e do vintém.
Sou do tempo da Cibalena e do Veramon,
só não vi a revista Fon-fon.
Sou do tempo do óleo de linhaça,
andei na Maria Fumaça,
li muito a revista Cruzeiro,
escrevi com caneta- tinteiro,
separei o joio do trigo,
vi muito vigarista na cadeia…
Só não fui garçon da Santa-Ceia.
Mas também, não sou assim tão antigo!
 Autor desconhecido 



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