Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Centenário de Adoniran

Há 100 anos, em 6 de agosto de 2010, nascia João Rubinato, o Adoniran Barbosa, o homem que provou que Sampa dá samba com sotaque suburbano, caipira e italiano.
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Nasceu no mesmo ano de Noel Rosa, sendo apenas alguns meses mais velho. Seu primeiro samba de sucesso só foi acontecer em 1951, ele já quarentão, e 14 anos após a morte de Noel. Ele demorou a acontecer.
Seu primeiro sucesso foi Saudosa Maloca.
Adoniran Barbosa nasceu em Valinhos, SP. Filho de imigrantes italianos, cresceu entre Jundiaí e Sto. Andre até chegar a capital. Nestas indicações estão as origens do homem e de seu estilo, o sotaque italianado, macarrônico, o humor,  a presença da cultura do caipira que chega a cidade grande, as múltiplas ocupações para ganhar a vida, o gosto pela boemia, a identificação com o subúrbio. Foi entregador de marmitas, pintor de parede, serralheiro, garçom e radio ator de sucesso. Cada situação por ele vivida o transformava num novo personagem e numa nova história
Ele nos contava a vida de um típico paulistano, a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole que corre, range e solta fumaça por suas ventas.
Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade.  Para quê lamúrias?
Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal, quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.
Adoniran nasceu e morreu pobre - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com os amigos. Seu combustível era a realidade, porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.
Adoniram morreu em 1982 e foi enterrado, a pedido da mulher Mathilde, com o chapéu sobre o peito, gravata borboleta e cachecol, suas características marcantes.
Deixou obras primas como:
Saudosa Maloca, Iracema, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro, Malvina, Pafunça, Prova de carinho, Tocar na banda e Trem das onze.
 
O CD Adoniran 100 anos chega esta semana às lojas e conta com a participação dos Demônios da Garoa, Cauby Peixoto, Mart’nalha, Zélia Duncan, Leci Brandão, Arnaldo Antunes e Jair Rodrigues. O lançamento será acompanhado com uma serie de shows em São Paulo.   .  

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