Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Papos de Buteco 51 - O crachá

 Algumas pessoas não podem subir num banquinho que já começam a destilar sua arrogância. Se está numa posição de poder então....sai de baixo!
Este tipo de pessoa adora se fazer de superior e humilha, principalmente os mais humildes, que sempre julga como ignorantes.
O arrogante é a pessoa que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não saiba (ele sabe tudo!) ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo (Ele sempre olha os outro de cima). Na verdade, ele os ignora. Não existem! Ele simplesmente os atropela!
Ele normalmente apresenta um  orgulho excessivo, é soberbo, a altivo, e tem um excesso de vaidade pelo próprio saber ou pelo seu sucesso.
Eu estou falando isso, pois outro dia passou por aqui o compadre Tonho, fazendeiro lá de Formiga, bem no interior de Minas Gerais.
Formiga é aquela cidade onde tem a lingüiça artesanal maravilhosa, que eu cito no texto de apresentação do Buteco. Essa lingüiça é patrimônio da nossa terra!
O “cumpadre” me contou um caso de um agente da Policia Federal que apareceu um dia na sua fazenda.
Segundo ele, "daqueles moço todo vestido de preto", que nem aqueles homens das tropas de elite do exercito americano, calças cheia de bolsos, colete a prova de balas, pistola automática na cintura, óculos escuros de lentes pretas, boné e cara de mau. Tropa de elite padrão.
O cara chegou e nem bom dia deu, já foi logo dizendo autoritariamente:
- Vou inspecionar sua fazenda por suspeita de plantação ilegal de maconha!
O fazendeiro mineiro, matuto da roça, humildemente diz:
- Tem dessas coisa aqui não seu moço, mas  se o sinhô tem qui oiá, óia, mas num vai naquele campo ali não - e aponta para uma certa área da fazenda, esticando os beiços para apontar
O agente, puto da vida e cheio de arrogância, diz indignado:
- O senhor sabe que tenho o poder do governo federal comigo?
E tira do bolso um crachá mostrando ao fazendeiro:
- Este crachá me dá a autoridade de ir aonde quiser, da forma que quiser e entrar em qualquer propriedade, ir a qualquer lugar. Não preciso pedir nada ou responder a nenhuma pergunta. Vou onde quero! Fui claro? Me fiz entender?
Seu Tonho, todo humilde e educado pede desculpas e volta lentamente a fazer o que estava fazendo antes do homem chegar.
- Vige, pruquê essa inguinorança toda? Qué í lá, vai uai!
Poucos minutos depois o fazendeiro ouve uma gritaria ensurdecedora e vê o agente da Policia Federal correndo como um maratonista nigeriano para salvar sua própria vida. Ele estava sendo  perseguido pelo "Hurricane Santa Gertrudes", o maior e mais bravo touro da fazenda. 
Touro inteiro, premiado, reprodutor, brigão!
A cada passo que dá o touro vai chegando mais perto do agente, que certamente será chifrado antes de conseguir alcançar um lugar seguro.
O agente está apavorado, gritando como um louco, parecendo um porco no abate.
O fazendeiro, mineirinho muito educado e solícito, larga suas ferramentas, corre para a cerca e grita com todas as forças de seus pulmões:
- Eu num falei procê num í! Óia o seu crachá, moço! Mostra o seu CRACHÁ pra ele...!

Arrogancia dá nisso, né?

RECEITA DA ARROGÂNCIA

Junte uma porção de vaidade
Com um pacote de orgulho
Ferva com ganância
e aspirações de poder
Adicione oportunidade
e uma platéia
Tempere com egocentrismo
e com indiferença
Deixe resfriar nos ares da superioridade
e decore com estupidez
Está pronta a arrogância!
(Sergio Fajardo)

Mote gentilmente enviado pela amiga Jussara do "Palavras vagabundas" 
imagem da net


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