Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Essas velhinhas...


Memória Fraca
Três velhinhas estavam reunidas para um chá da tarde, quando a primeira delas  falou:
- Meninas, eu acho que estou ficando esclerosada. Ontem, me peguei na sala, com a vassoura na mão e não me lembrava se já tinha varrido a casa ou não.
- Isso não é nada - diz a segunda. Outro dia eu me vi de pé, ao lado da cama, de camisola e chinelas, e não sabia se tinha acabado de acordar ou se já estava me preparando para dormir.
- Cruz credo, fez a terceira. Deus me livre ficar assim! Isola! E se benzendo deu três batidinhas na mesa - toc-toc-toc.
Fez-se um silencio e ela, imediatamente olhando para a cara das outras, emendou:
- Esperem aí um pouquinho que eu já volto! Tem gente batendo na porta!

Velhinha Suicida

Desde o dia em que seu companheiro de 60 anos de casamento morreu, aquela velhinha de 80 não via mais graça nenhuma na vida. 
Mesmo assim ia passando os dias, que se arrastavam numa rotina insuportável, até o dia em que, mexendo numa velha caixa do marido, encontrou uma arma carregada e em bom estado.
Obcecada com a idéia de juntar-se ao falecido no além, ela pergunta ao seu filho, que veio visitá-la, onde se localiza o coração.
O filho diz, sem imaginar que tipo de plano se passava na cabeça da velha mãe explica:
- O coração se localiza dois dedos abaixo do peito esquerdo. Dizendo isso, partiu tranquilamente para sua casa.
No dia seguinte, ao abrir o jornal, o filho horrorizado se depara com a seguinte notícia:  
“SENHORA IDOSA TENTA SE MATAR COM UM TIRO NO JOELHO ESQUERDO!!!!”

Era ela?
O casal de velhinhos para o seu fusquinha num posto da estrada para abastecer.
- Pode completar? - pergunta o frentista.
- Pode - responde o velho
A velha, meio surda, pergunta:
- O que foi que ele disse?
- Ele perguntou se era para completar!
- Vocês estão indo pra onde? - pergunta o frentista, novamente.
- Estamos indo para Americana, visitar uns parentes - responde o velho.
E a velha:
 - O que foi que ele disse?
- Ele perguntou para onde a gente estava indo...
- Uma vez, há muitos anos, eu conheci uma mulher de Americana! - tornou o frentista
- Mas não tive sorte, continuou ele,... era uma mulher impertinente, chata, que nunca parava de falar...
E a velha:
- O que foi que ele disse?
Ao que responde o velho:
- Ele disse que te conhece!!!!
.

TUAREG

Resolvi postar esta entrevista pela simplicidade das verdades aqui contidas.
Entrevista realizada por Victor M Amela e Moussa Ag Assarid em 20/10 /07

- Não sei a minha idade. Nasci no deserto do Saara sem documentos. Nasci em um acampamento de nômades Tuareg entre Timbuctu e Gao, ao norte de Mali. Fui pastor de camelos, cabras, cordeiros e vacas do meu pai. Hoje estudo Gestão na Universidade de Montpellier. Estou solteiro. Defendo os pastores Tuareg. Sou muçulmano, sem fanatismo.
- Que turbante, tão formoso.
- É uma fina tela de algodão: permite tapar o rosto no deserto, e continuar a ver e respirar através dele.
- É e um azul belíssimo!
- Nós os Tuaregs, somos chamados de homens azuis por isso; o tecido solta alguma tinta e nossa pele adquire tons azulados.
- Como conseguem este tom de anil?
- Com uma planta chamada índigo, mesclada com outros pigmentos naturais. Para os Tuaregs o azul é a cor do mundo.
- Por quê?
- É a cor dominante. É a cor do céu, do teto da nossa casa.
- Quem são os Tuaregs?
- Tuareg significa “abandonados“, por que somos um velho povo nômade do deserto, solitários e orgulhosos: “Senhores do deserto“, é como nos chamam. Nossa etnia é a amasigh (bereber), e o nosso alfabeto, o tifinagh.
- Quantos são?
- Uns três milhões, e a maioria permanece nômade. Mas a população diminuiu. “É preciso que um povo desapareça para que saibamos que ele existiu“: Apregoava um sábio. Eu luto para preservar este povo.
- A que se dedicam?
- Pastoreamos rebanhos de cabras, camelos, cordeiros, vacas e asnos num reino de imensidão e silêncio.
- O deserto é realmente tão silencioso?
- Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se o batimento do próprio coração. Não há lugar melhor para se estar sozinho.
- Quais recordações de sua infância você conserva com mais nitidez?
- Desperto com a luz do sol e ali estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós as levamos onde há água e pasto… Assim fizeram meu bisavô, meu avô e meu pai e eu. Não havia outra coisa no mundo além disso.
E eu era muito feliz com isso.
- De fato! Não parece muito estimulante…
- Mas é muito! Aos 7 anos já te deixam afastar-se do acampamento para que aprendas coisas importantes: farejar o ar, escutar, apurar a vista, e as estrelas…
E a deixar-se levar pelo camelo, se você se perder. Ele e levará onde há água.
- Saber isso é valioso, sem dúvida…
- Ali tudo é simples e profundo. Existem muito poucas coisas. E cada uma tem um enorme valor!
- Então esse mundo e aquele são muito diferentes?
- Ali cada pequena coisa te proporciona felicidade. Cada toque é valorizado. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos e estarmos juntos. Ali ninguém sonha com chegar a ser, por que cada um já o é.
- O que mais o chocou em sua primeira viagem á Europa?
- Ver as pessoas correndo pelo aeroporto. No deserto só se corre quando vem uma tempestade de areia. Me assustei! É claro!
- Eles iam apenas buscar suas malas…
- Sim! Era isso. Também vi cartazes de mulheres nuas. Me perguntei: por que esta falta de respeito para com a mulher? Depois no Íbis Hotel, vi a primeira torneira da minha vida, vi a água correndo e senti vontade de chorar…
Que abundância! Que desperdício! Não?
Todos os dias da minha vida consistiam-se em procurar água. Quando vejo as fontes ornamentais aqui e acolá, continuo sentindo por dentro uma dor tão intensa…
- Tanto assim?
- Sim! No começo dos anos 90 houve uma grande seca. Morreram animais e nós também adoecemos. Eu tinha uns 12 anos e minha mãe morreu. Ela era tudo para mim! Me contava histórias e ensinou-me a conta-las muito bem.
Ela me ensinou a ser eu mesmo.
- O que sucedeu com a sua família?
- Convenci meu pai que me deixasse ir á escola. Quase todo dia caminhava 15 km. Até que um dia o professor me arranjou um lugar para dormir e uma senhora me dava o que comer, quando eu passava em frente á sua casa.
Entendi que esta ajuda vinha da minha mãe.
- De onde surgiu este desejo de estudar?
- Uns dois anos antes havia passado pelo nosso acampamento o Rally Paris- Dakar, e uma jornalista havia deixado cair um livro da sua mochila. Eu o apanhei e o entreguei. Ela me deu o mesmo de presente. Era um exemplar do pequeno Príncipe e eu me prometi que um dia conseguiria lê-lo.
- E conseguiu?
- Foi assim que consegui uma bolsa de estudos na França.
- Um Tuareg na Universidade!
- Ah! O que mais sinto falta aqui é o leite de camela… E o calor da fogueira, e de andar com os pés descalços na areia quente. Lá nós olhamos as estrelas todas as noites e cada estrela é diferente das outras como cada cabra é diferente. Aqui á noite, você olha para a TV.
- Sim! E o que você acha pior aqui?
- Vocês tem tudo, mas não acham suficiente. Vocês se queixam. Na França passam a vida reclamando! Aprisionam-se pelo resto da vida á uma dívida bancária, num desejo de possuir tudo rapidamente… No deserto não há congestionamentos e você sabe por quê? Por que lá ninguém quer ultrapassar ninguém!
- Conte-me um momento de extrema felicidade no seu deserto distante.
- Todo dia, duas horas antes do pôr-do-sol: a temperatura abaixa, mas ainda não chegou o frio, e os homens e os animais, lentamente voltam para o acampamento e seus perfis são recortados em um céu cor-de-rosa, azul, vermelho, amarelo, verde…
- Fascinante, na verdade…
- É um momento mágico. Entramos todos na cabana e colocamos o chá para ferver. Sentamo-nos em silêncio a ouvir a ebulição… A calma invade todos nós e o nosso coração bate no ritmo da fervura…
- Que paz!
- Aqui vocês têm relógio, lá nós temos tempo.
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