Nos dias de hoje, nesse mundão que vivemos, os meninos tem três pais ou quatro mães e a meu ver, corremos um serio perigo de acabarmos com toda estrutura familiar na qual fui acostumado. Na minha família sempre se cultuou os almoços de Domingo onde se junta a turma toda e a cada dia o bando cresce mais pois vão se incorporando os namorados da mulecada. Aqui em casa, somos cinco filhos, dois machos e três fêmeas, treze netos e uma bisneta. Dos netos, nove são mulheres e todos na faixa dos 18 aos 30 anos. Bom, né? Quando a mulherada junta, sai de baixo! E também, todos tem uma característica em comum, falam alto. Valha-me Deus quando a conversa se anima, é cada um querendo expor sua opinião num tom mais alto que o outro. Vira uma balburdia . O expectador desavisado corre o risco de chamar a policia. É um bando de gente, cada um com a sua maluquêz, convivendo sob a batuta da matriarca. Isso mesmo, a coisa aqui é o matriarcado. Minha mãe é igualzim galinha choca, mantêm todos debaixo das suas asas. Traz os filhos até hoje sob rédea curta. As noras e genros que se adaptem pois senão, como se diz aqui em Minas, “sai da frente que atrás vem gente”, isto é, a fila anda. Tem filho ainda casado e tem gente que já rodou. Na casa de minha mãe não se cultua convivência com ex. Na concepção de minha mãe, Ex é exatamente Ex, moreeeeeu! Isso traz um aspecto interessante, pois a terceira geração só apresenta o namorado(a) quando já é namoro firme, e felizmente eles todos se integram passando a fazer parte da família, com todos prazeres e pesares. Namoro curto, a véia não curte nem conhecer o individuo. Gosta de saber pelo menos o nome deles(as).
Do jeito que as coisas andam eu até já me acostumei a não dizer o nome dos filisteus que aparecem na minha casa, é só oi e tchau. Se não é um tal de: - Cê emagreceu? – Eu? –Xiii, o gordinho era outro!
Que coisa mais desagradável!
Não temos ascendência italiana, mas a estrutura familiar é a mesma. Todos de temperamento forte acostumados a defender suas opiniões com unhas e dentes, ninguém tem medo de enfrentar nada. Mas também todos constituídos de uma ética solida, e retidão de caráter.
Minha mãe sempre fala: -Nessa casa não nasceu ladrão nem borboleta!
Minha mãe é a propria mamma e a mamma italiana é sagrada. Outro dia deu nos jornais: “Uma mãe siciliana, de 81 anos, cancelou a mesada, tirou as chaves de casa do filho, de 61 anos, e fez queixa na delegacia da cidade italiana de Caltagirone, porque ele chega tarde e não diz onde vai à noite”
Em minha casa nunca houve essa conversa de feminismo...as mulheres já nascem mandando mesmo! Culpa da minha mãe.
Por causa disso ajudamos a fundar o M.M.M, que é o Movimento Machão Mineiro. Mas isso é outra estória que um dia eu conto.
Fomos criados assim. Você fez alguma coisa errada? Assuma, sejam quais forem as conseqüências. Ela ainda ajudava a reprimenda, dando mais uns cascudos. Isso foi ruim? Não! A gente hoje lembra com carinho até dos cacetes que tomava e dá boas gargalhadas. Isso nos ensinou a pensar antes de agir, avaliar os riscos e agir de acordo as regras. Claro que as regras agüentaram umas torcidinhas, umas curvas, mas quebrar nunca! Acho interessante essa cultura do “bando” pois assim todos se cobram, da mesma forma que se ajudam, desse jeito todos crescem, a vida é mais exposta mas também é mais prazerosa. Falar mal de um de nós.....esse direito só nós temos, e ai de quem de fora se atreva!
SENSACIONAL!!!!!!!Parece o retrato da minha própria família!!!!!Minha mãe....já se despedindo, quase sem forças de falar ainda dava ordem, a última a gente continua cumprindo fielmente, ao menos uma vez por mês nos reunimos todos, os 14, para jantarmos juntos em um sábado, quase sempre saí aquele super churras, tudo bisneto do Seu Joseph, um a falar mais alto do que o outro!
ResponderExcluirSimplesmente adorei o que tu escreveu, só me trouxe boas lembranças do meu próprio clã!Um super abraço!
Pois é Lufe, meu sonho sempre foi ter uma família ENORME, muita algazarra, etc e tal.
ResponderExcluirMas o destino quis que fôssemos uma família pequena. Pequena mas muito, muito unida mesmo!!!
Sua frase final cabe como uma luva pra minha família: "Falar mal de um de nós.....esse direito só nós temos, e ai de quem de fora se atreva! "
Enfim, de qualquer tamanho, não importa. O amor familiar é o que há de melhor nessa vida.
Um viva a nossas famílias!!!
Beijos
Genial Lufe. Genial! Também senti um pouco da minha família, apesar de que aqui em casa somos todos açorianos. Minha mãe, todavia, até pelo falecimento muito cedo do meu pai, é quem comanda quase tudo. Não chega a ser uma "nona" italiana, mas adora reunir os filhos em torno da mesa farta aos domingos e feriados.
ResponderExcluirMas deixando o sério de lado... agora entendi porque tua torcida pelo Dourado. É que conheces a lei da Mafia comandada por uma matriarca... (risos).
Ps. Não sei se já estivesses lá, mas no meu blog postei um video do trailer do filme OCEANS, lançado na semana passada pela Disneynature, pela passagem do Dia da Terra. É SIMPLESMENTE FANTÁSTICO. Vale a pena ver! Abração amigo!
Sandra, Regina e Milton
ResponderExcluirA presença de vocês é sempre bem vinda pra mesa desse buteco. Clientela fina...
Milton, vou conferir, é claro.
Nada no mundo diz tanto sobre nós quanto a nossa família. Somos privilegiados por nos identificarmos com nossos entes queridos, por nos sentirmos acolhidos, protegidos, em casa. Essa é a certeza de que nascemos no nosso grupo espiritual. Ótimo texto, parabéns pela sua família. E viva a Mama!
ResponderExcluirBeijos, até sempre.
Claris
ResponderExcluirE viva muito.
Olá LUFE,
ResponderExcluirótimo post, apesar de "estar longe" da minha família, sinto muito falta, mas é sagrada a ligação aos domingos, já q não podems nos reunir p o almoço.
Quando criança e minha avó materna ainda estava viva, a casa dela era a creche da vovó...rs minha mãe também trabalhava e quando havia falta de babás, era lá q eu e meu irmão mais velho ficávamos, as vezes tinha mais uns 7 primos de cinco a 13 anos.
Infelizmente, cada um tomou seu rumo espalhado pelo Brasil. Até mesmo no nosso pequeno clã...meu pai já falecido, minha mãe em Belém com minha irmã mais nova; eu, interior do Pará; meu irmão mais velho, interior de SP, então vc pode imaginar a dificuldade p nos reunirmos todos ao mesmo tempo.
Mas independente disso, permanece o sentidoe sentimento de família e a sua última frase, como bem colocou Regina, também cabe a nós.
abraços
ps: amo a culinária mineira e com todo o colesterol alto q tenho direito...rs
Born,
ResponderExcluirpode comer o torresminho, nosso porco é light!
Tio Luiz, adorei!!! me sinto mais pertinho daì quando leio os seus textos. Vc descreveu de forma lindìssima a sua mamma e a minha nonna querida. Beijos e saudades de todos!!! Ana Luiza
ResponderExcluirAninha, que delícia.Tou ficando chic, fregues da Italia....
ResponderExcluirBjs