Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

E o meu pai quebrou o fêmur!

Meu pai, mineirão de raiz, 94 anos, quebrou a cabeça do fêmur. Até aí novidade nenhuma. Fratura, gripe e piriri são as maiores causas de passagem pro segundo andar dos nossos velhinhos queridos. Até mesmo porque com o prodigioso avanço da medicina não se morre mais de velhice. Tem aparelho hoje, tão detalhista, mas tão detalhista que nem os médicos tão sabendo o que é que eles vêem. Os remédios de ultima geração curam qualquer coisa. Quer comer um torresminho? Pode! É só tomar um anticolesterol todo dia. O trem parece um detergente, fora gordura! Ainda tem os remédios naturebas que também estão a solta. Gosta de encher a pança demais? Tome uma colherzinha de chá de semente de linhaça antes das refeições que é tiro e queda! Haja fibra pra se ir ao banheiro toda hora!
Mas voltando à vaca fria, entre a queda, a cirurgia para colocação da protese, a alta e a volta do hospital tudo beleza. A hotelaria dos hospitais, nos dias de hoje, mais parece um Resort. Até manicure tem!Você pode até pedir pizza delivery.
É verdade mesmo! O que tem de maquina de refrigerante, batata frita e sanduiche ensacado nos corredores hospitalares é brincadeira! Já tem até microondas acoplado na geringonça pra você esquentar o veneno! Bom, chegando em casa é que a jurupoca pia. Os caras de branco fazem a entrega a domicilio e deixam o nosso amado progenitor deitadinho e confortável em sua própria caminha. Lindo. E agora?
Vocês não imaginam a logística necessária pra cuidar do velho. O homem tem que comer e beber. Deitado não pode senão corre o risco de aspirar o alimento pro pulmão, aí bau bau! Um levanta o dorso, coloca almofadas e sustenta o véio. Outro dá comidinha de aviãozinho. Legal, né? Mas o que entrou tem que sair!
E agora? –Tou com vontade.....É uma correria. Pega o véio, três de cada vez, bota na cadeira de rodas, corre para o banheiro, senta-o no vaso e espera a execução da obra. Obrou? Beleza, agora toda a estratégia da volta.
Quando dá tempo e a operação é executada com sucesso, todos exultam, e com razão. Quando não dá tempo e a obra é executada durante o percurso, valha-me Deus.
O barro cria um rastro que vai da cama ao vaso. Fenomenal! E como a operação não pode parar, os ajudantes se sentem andando nas calçadas de Copacabana.
Como é que você desvia da merda carregando um pacote frágil que lhe impede a visão? Como dizemos por aqui é pá e bosta! Passadas as agruras e escorregadelas, acaba tudo correndo na mais perfeita desordem. Agora vamos à operação final do processo. Genial! Você tem que pegar o chuveirinho, levantar os apetrechos que atestam a masculinidade dos machos da espécie, dar uma lavagem geral, no detalhe, secar, passar pomadinha antiassaduras e o escambau. Todo cuidado é pouco!
Já recomendei à cozinheira, comidinha leve, verduras, nada de frutas cítricas.
Já pensou se o veio pega uma diarréia?
Chamamos o Shower body delivery, parece coisa das Organizações Tabajara! Momento Mastercard – Não tem preço.
Veio uma moça: _ Nâo deixo, diz o veio! Mandaram um rapaz. Rapaz! Era um membro de uma minoria que quer se fazer maioria, muito em voga hoje em dia. Meu pai, notando o gliter e a purpurina já gritou: _em mim não põe a mão!
Mandaram outra, só assim o véio lavou os documentos.
Por essas e outras já avisei aqui em casa. O Departamento Bundal definitivamente não é comigo. Alguém assume! Dos outros Departamentos cuido eu!
Mas tem muitas outras peripécias que merecem registro.
Depois eu conto mais, pois o alarme tocou....corre aqui!

6 comentários:

  1. Isto é que eu chamo de ver tudo com bom humor!!!!
    Esta é a grande arte da vida, né Lufe?!
    Parabéns!!!!
    Pelo humor, lógico!!!
    E melhoras para seu pai...
    Abraços.

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  2. Lufe.......amei!rs
    Dei belas risadas,por diversos motivos. Passei por isto com minha mãe, aliás, não só eu como minha irmã também....no caso de minha mãe ela não admitia ninguém além de nós duas, meu pai era escurraçado, os enfermeiros nem pensar, as enfermeiras então, proibidas de chegarem perto! E assim foi até o final...Que bom que estás vendo tudo pelo lado do bom humor, posso te assegurar que vais ter que ter muito, mas muito mesmo. Sem contar a correria, e tudo que vem junto tem o custo.....não gosto nem de lembrar! Mas enfim, o que não fazemos por nossos pais e por nossos filhos? Continue neste bom astral! Um grande abraço!

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  3. Lu e Sandra
    Falando sério, não podemos nos esquecer que como ator principal desta opera tem um senhor de idade avançada, anteriomente autosuficiente, pudico, digno, constrangido em expor sua intimidade às filhas que lhe dão suporte.Tem que se levar numa boa, mesmo e com muito bom humor pra que uma coisa natural não se torne deprimente. Já estamos conseguindo que ele também dê boas risadas, e isso é otimo!

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  4. AhAhAhAAh...

    Genial, genial... Claro que o que eu quero, antes de tudo, é que teu pai melhore o mais rápido possível, todavia fostes sensacional no post. Parabéns amigo!

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  5. Oi Lufe,
    Conheci seu blog por indicação da Lu e da Sandra.
    E que bom que estou aqui, porque mal cheguei do serviço e tive oportunidade de dar ótimas gargalhadas... :D
    Desde a piada da mocinha que não morreu, passando pelo formulário a pretendentes de filha, até chegar ao acompanhamento médico de seu pai.
    Torcendo muito pela recuperação dele, mas é impossível não rir com sua forma de contar as peripécias.
    Já virou parada obrigatória.
    Parabéns!!!
    Beijo

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  6. Regina, que bom que vc veio, chega mais, esse buteco é igual coração de mãe. Bem vinda

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