Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A leitura e eu.

A minha relação com a leitura vem de muito tempo. Aprendi a ler aos 4 anos quando meu irmão de seis estava sendo alfabetizado. Eu curioso ficava ali grudado prestando atenção. Aprendi a juntar as letrinhas antes dele e minha mãe pegando um jornal foi confirmar me fazendo ler as manchetes. Logo, a primeira vez que li foi sobre os ombros de meu irmão. A partir daí nunca mais parei de ler. Não tive uma orientação especifica de leitura, mas tive muito acesso a ela. Lia de tudo. Tive em mão o Tesouro da Juventude,  a coleção completa de Monteiro Lobato, as Seleções Reader’s Digest de meu avô, (morávamos em uma casa em frente, na mesma rua) os livros de Tarzan de Edgar Rice Burroughs, Charles Dickens, Agatha Christie ,  Irmãos Grimm  e outros autores, de meus tios (tenho tios mais velhos dez anos apenas). Minha infância foi assim, no meio dos livros, isso quando eu não estava sobre o telhado da casa, em cima de uma arvore, jogando futebol, bentealtas ou finca na rua. Fui um moleque feliz. Já adolescente tínhamos em casa as coleções de Machado de Assis, de Jose de Alencar,  a Enciclopédia Barsa e outros, além das Sabrinas e outras literaturas juvenis das moçoilas da época, que me caiam a mão através das minhas irmãs.  Li todos vorazmente.

 Era uma verdadeira miscelânea literária.

Ainda hoje tenho por habito ler de tudo, sem preconceitos. Acho que qualquer livro, por pior que ele seja, sempre nos traz alguma coisa de bom e pode ao menos nos aguçar o senso critico de questiona-lo.
Sempre tive muito cuidado com os livros. Não dobro paginas, não faço anotações, tendo o cuidado de sempre utilizar um marcador. Ao terminar a leitura, meus livros parecem ter saído das estantes das livrarias. Este habito talvez tenha surgido quando no final da adolescência fui ajudar um grande amigo em um sebo que ele abrira, ao deixar de trabalhar com um tio dele, dono do mais tradicional sebo de Beagá.  Ajudei-o desde o inicio, desde o pintar a loja e pregar as prateleiras, até ir com ele comprar acervos de bibliotecas particulares de casa em casa. Aprendi com ele a observar os livros pela qualidade literária, valor histórico ou ate mesmo pelo valor de revenda. Trabalhei com ele (sem salario) durante dois anos até entrar na faculdade. A remuneração era feita através das saídas a noite, viagens  e ate mesmo as noitadas com as namoradas, bancadas por ele. Mas a maior remuneração que tive foi através do acesso a qualquer livro que eu quisesse ler (daí o cuidado, pois tinha que devolve-los a livraria). E isso não tem preço!
Eu me sentia feliz como um pinto no lixo! Eu estava no Paraiso! 
Afinal eu tinha em minhas mão, livros novos e usados, de todas as áreas do conhecimento humano, de religião, filosofia, historia, romances, ficção, literatura brasileira e internacional, romances históricos, livros de historia brasileira, enfim, qualquer assunto que eu quisesse. Nesta época eu lia ate sentado em pilhas de livros no deposito da loja. Foi a época em que mais li em minha vida, pois inclusive para me tornar um livreiro de qualidade eu teria de saber do que eu estava falando. E na época, modéstia a parte, eu discorria sobre tudo que existia na loja. O tempo foi passando, novas responsabilidades foram surgindo, família, trabalho, logico que a intensidade de leitura foi diminuindo com o tempo. Mas ainda sou um leitor voraz. Não tenho o habito de carregar livros no cotidiano. Leio sempre em casa ou viagens, no transporte só em aviões. Hoje na blogsfera, passeio por um outro tipo de leitura, e também muito diversificada. Gosto muito dos blogs que falam sobre literatura, mas de forma critica, onde o blogueiro fala de suas impressões, a sua percepção do que leu e não uma simples sinopse pinçada nas orelhas dos livros. Gosto de blogueiros inteligentes, criativos, de palavra facil e que demonstram ter vivido no universo da leitura.

Esta postagem faz parte do Meme Literário proposto pela Vanessa do blog Fio de Ariadne em comemoração pelos 6 anos do blog. Parabens a ela e a todos os participantes.
Veja as outras postagens aqui 



13 comentários:

  1. Poxa Lufe obrigada por compartilhar sua história com os livros com a gente. Rapaz , já pensou em transformar essas suas histórias do Boteco em livro? Ficaria bom demais.

    E alguém com 6 anos de blog já é blogueiro velho e nem dentes mais tem :-P

    abraço!

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  2. Olá Lufe Pode parecer hilario, mas foi com os Sabrinas que adquiri o gosto pela leitura há alguns anos, muitos alias. O meu filho mais velho também tem esse cuidado com os livros dele. Se peço emprestado, tenho que ouvir as recomendações a cada emprestimo. Nem abrir muito eu posso srsrrsrsrsr Parabéns pela bela participação. Bom final de semana.

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  3. Oi Lufe,
    Legal saber dessa tua historia, me faz pensar na minha com as palavras, comecei a ter consciência de livros aos 10 anos, e lia tudo inclusive o que não poderia ter lido( não na época), isso me despertou diversas curiosidades, algumas delas vc sabe, mas isso são outros casos..rs.
    Por falar em livros estou carente deles, aceito doação!!
    Obrigada por compartilhar.

    Beijo meu

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  4. A Jussara mandou o seu comentario por e mail. Transcrevo aqui o comentario dela.
    O Blogger esta apanhando por culpa do crescimento estrondoso. Fazer o que, não é mesmo?
    A gente vai convivendo com isso.

    Lufe,

    Não estou consegundo postar um comentário! Não é só no seu blog é em vários, em alguns dá tudo certo em outros não! Aí que raiva!

    "A cada dia que passa eu mais vejo que quem teve acesso a livros, revistas e jornais desde a infância, melhor leitor é! Nós não precisamos de discursos, de professora ou literatura voltada especialmente para nós (talvez Monteiro Lobato) para gostarmos de ler. Simplesmente tinhamos a nossa disposição e com certeza seguíamos exemplos de casa.
    bjs
    Jussara

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  5. Lufe
    É muito gostoso de ler teu post e saber sobre você e a leitura. Tiro o meu chapéu, pois ainda tenho muito que caminhar para tentar encostar em seus pés. São pessoas como você que me incentivam a cada vez mais dedicar meu tempo a leitura.
    Temos muito em comum sobre o cuidado com os livros ,mas isso vem de ter estudado em colégio de irmãs alemãs e ter aprendido a cuidar dos livros desta forma.
    Na Biblioteca do colégio todos os livros eram encapados e tinham o seu marcador feito a mão pelas freiras.
    Monteiro Lobato, as Seleções Reader’s Digest também foram meus companheiros. Mamãe tinha a coleção das Seleções Reader´s e também da obra da Agatha Christie que era fã de carteirinha.
    Meu gosto é eclético, porque também procuro ler de tudo, mas tenho minhas preferências por romances, dramas, suspenses e policiais.
    Adoro entrar num sebo e sempre saio de lá com uma meia dúzia de livros. Imagino como deve ser gostoso poder trabalhar e ter acesso a todo o tipo de leitura.
    Muito bom ter estado por aqui mais uma vez e conhecer um pouco mais do amigo Lufe.
    Olha que daqui a pouco vou virar freguesa.

    Beijos e até a próxima

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  6. Lufe,
    Aposto que vc é do tipo que lê bula de remédio no "trono" ou mesmo a embalagem de qualquer coisa que esteja por perto nessa hora rsrsrs.
    Olha, o bom leitor é formado cedo, pois é quando somos crianças que a imaginação se solta, é quando viajamos na escrita, conhecemos castelos, lugares incríveis e a terra do nunca.
    Faltou falar da coleção "Para gostar de Ler", essa não tem como ficar de fora.
    E olha, adoro quando ouço alguém dizendo que lê de tudo, pois acho que o bom leitor tem que ser eclético, e tudo acaba sendo informação de uma forma ou outra.
    Eu adolescente, adorava Sabrinas, Julias, Biancas e outras. Imaginava meus personagens e até me apaixonava por eles. E depois veio Sidney Sheldon que eu devorava todos os livros, embora os que se dizem leitores cultos torçam o nariz pra ele. Eu acho que não sou tanto rsrsrsrs e lia escondido, podia me torturar que eu nao contava que o lia. Hoje sei que esses preconceituosos, leem pouquinho, pouquinho...
    Adorei seu texto Lufe, e quando se trata de leituras e afins eu me empolgo.
    Beijokas doces e um bom fim de semana.

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  7. Adoro poder te conhecer assim a conta-gotas... Dá mais emoção.
    Um grande bj querido amigo.

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  8. Lufe
    Que delícia conhecer a sua trajetória literária. Faz a gente apreciar muito mais o universo dos livros, das palavras e poesia. Pois você narra esta sua paixão com tanto prazer que nos contagia.
    Na adolescência meu autor preferido, curiosamente, era também um mineiro, Fernando Sabino. Tenho quase todos os livros dele. Obrigada por dividir entre seus leitores esta sua gana tão fascinante de leitura.
    Bjussss
    Sil

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  9. Olá, a bagagem acumulada ao longo da vida nos modifica no interior e leva a nossa alma...
    Abraços fraternos de paz e ótimo fim de semana

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  10. Que legal essa passagem do sebo, gostei tanto!

    Dia desses comentei no Twitter que não gosto de emprestar meus livros porque fico muito íntima deles.

    Quanto às "Sabrinas", tu sabe que elas têm pimentinhas na capa? Parece que vai de uma até cinco...

    Conta pra gente quantas pimentinhas haviam nas capas das que tu lia, Luiz Fernando, conta?

    :p

    Beijocas, muitas!

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  11. Você é um leitor de palavras.
    Mas, existem também os leitores de mãos, bocas, imagens...
    Não fui, nem sou tão leitora de palavras como você, mas; muito cedo aprendi a ler o mundo através de seus fatos e imagens.
    Eu gosto muito de relatos de vida, como os que você expõe aqui. São momentos de reflexão para quem não tem coragem de se expor.
    Parabéns também pelo post: " Há amor em mim"(28/09). Nele, você "deixa fluir" sua sensibilidade.
    Gosto muito de visitar Sebos. Não pelos "títulos" que lá se encontram, mas pelos pequenos relatos escritos à lápis nas páginas amareladas de décadas e décadas passadas.
    Abraço!

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  12. Lufe, prazer imenso em conhecer o teu blog, através do teu comentário, pude vir aqui. Adorei e me identifiquei muito com teu post, também minha infância foi rodeada pelos livros e pelas seleções, me ocorreu também, tal qual o comentário da Marly, se você lê as bulas, porque meu irmão que é mais fascinado que eu pela leitura, lê bulas eheh,lê de tudo. Eu já seleciono mais, não por nada contra, é que não consigo me interessar apenas pela leitura, o interesse pelo assunto vem à frente, um dia eu espero chegar nesse patamar de me aventurar mais. Adorei chegar aqui, parabéns. abraço!

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  13. Puxa, que facilidade de discorrer sua historia, Lufe. Muito bom encontrar alguém tão apaixonado pelos livros.Li muitos livros de biblioteca, que tambem devem ser devolvidos, mas nada mais delicioso que adquirir ou ganhar um. Um prazer. Abraços

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