Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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sábado, 5 de novembro de 2011

Causos de Minas X – Medo

Óia seu moço, deixa eu contá um causo procê.
Antisdonte, tava eu andano suzinho de noite indo pra casa, vino da fazenda do inhô Argemiro quando passou por mim um troço istranho, um vurto.
Parei na hora e fiquei só oiano...
Eu tava meio tontiado pro mode dumas pinga que ele tinha servido adespois do jantá.
Umas não, como era pinga da boa, eu tinha tomado era muita......
Derrepente escuto um uivado. Pensei primero sê um cachorro daqueles que perambula de fazenda em fazenda ou então, parecia tamém sê o vento uivano nas fôia dos miaral, mas não... esse troço continuô a uivá e vim pro meu lado, fiquei branquim, o coração parpitô ligeirim, moço do céu... o sinhô não imagina o trem que dá aqui dentro de nóis, embruia os estomago,  revorve as tripa, dá um nó no gogó e parece que nóis vai se borrar tudim.
Eu imaginava o troço danado de feio, tão feio daqueles que duía até os zoio.
É seu moço, medo faz coisa!!!!
Mas eis que aparece na minha frente uma muié danada de bunita, uma belezura de dá gostio. Branquinha, dos cabelo loro igual espiga de mio, vestida numa camisola branca, fininha, daquelas que os óio travessa, que dava pra ver toda redondeza dela.
E como a danada tinha redondeza......
Já fiquei mais aliviado, passô toda tremedera.
Vê lá se eu era home de tê medo dum anjo desse? É seu moço, ela parecia um anjim.
Inté esse dia eu nunca tinha visto nenhum não, mas só podia sê.... onde já se viu tanta formosura junta?  Só podia ser coisa vinda lá do céu.
Aí, ela veio andano pro meu lado, andano não....parecia que ela frutuava no ar, vinha deslizano lindamente pro meu lado, cum sorriso nos canto da boca, os oinho briano, que me deu até uns comichão lá em baixo.  O bicho ficou inquieto!
Eu tava tão incantado cum ela que nem me passô pela cabeça o que fazia uma muié daquela, delicadeza pura, naquela noite escura, sozim ali no meio da mata.
De inicio eu fiquei meio arredio, sem sabê o que falá pra ela. Só botava reparo....
Meu custume era com as moça daqui, que logo que passa a infância e vem as regra, já começa a ficar meio barriguda, peito caido, mão grossa do trabaio na roça, pele toda pintada e seca pro mode da lida no sol a sol frevente e são meio abestalhadas....
Os cabelo delas parecia quinem monte de feno seco se fosse compará com os cabelo brioso dessa moça que eu via aqui bem na minha frente.
O fio do inhô Argemiro, o Bastiãozim, que estudou na capitá, inte já havia me falado que lá pras banda da cidade grande tinha umas moça assim, quinem essa. Pele igual de veludo, rostinho corado cor de pessego madurano, mão fininha como mão de fada. Pezinho delicado nuns sapatinho de sarto arto que fazia elas ficá mais espigada, bem diferente dessas moça atarracada aqui das redondezas.
È quinem compará aquelas égua ingresa com as nossa mula de carroça.
Num tinha acreditado muito nele não, mas veno essa moça interim aqui na minha frente, so podia achar que era de vera.
O Bastião num mentiu pra mim, num mangou de eu.
Deu pra pensá tudo isso enquanto ela se aprochegava. Eu tava bobim de tudo.
Como ela tava chegando perto, ressorvi puxá um dedinho de prosa.
- Boa noite sá moça! Cê tá ino pra argum lugá? Se perdeu no escuro?
Ela calada, com o riso nos canto da boca num falava nada, só chegava mais pertim.
Quando ela chegou a um parmo de mim, a quentura e os comichão que eu sentia lá em baixo, foi subindo e se transformano num gelume que me arrupiou toda nuca.
Meus cabelo ficaro de pé, tudo arrepiado. Meu coração pertadim! Quais parô!
Ela deu uma gargaiada estridente e oiano bem dentro dos meus oio disse com uma voz bem isquisita, que mais parecia vim do além:
- Vim te buscá!!!!
Era a morte, seu moço! Eu tijuro que vi ela cara a cara!
E naquela belezura toda ela tinha me inganado.
Pretiou tudim na minha vorta, dispois daquela hora eu num vi mais nada!

Cumo é qui eu tô aqui?
Sei lá seu moço...... só sei que tô.
No dia seguinte, acordei no meio da mata já com o sol quente.
Até hoje eu tenho minhas duvida se era de vera mesmo ou se eu tava delirano pro mode das pinga que tomei dimais.
Vou ti confessá aqui uma coisa só procê.... Quando dei por mim, eu tava todo móiado e borrado pras perna abaixo!  Parecia inté que eu tinha caido na fossa!
Sóssei que num me arrisco mais de noite pelas banda de lá.  Nunquinha!!!
Prestenção no que eu vô ti fala procê, seu moço, dispois desse dia eu passei a desconfiá, tanto das feiura di com força, como das belezura que é dimais.
As duas seu moço, me dão um medo dos inferno.
Fujo delas como o diabo da cruiz....


21 comentários:

  1. Amei a historinha... rs...
    Agora, o que esse tal de gato que dorme dentro do saco, hein?!? hahahaha...

    Beijo

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  2. Oi T.

    he he he
    Exitem mais coisas impublicáveis e inconfessáveis do que supõe a vã filosofia .....A curiosidade matou o gato.....rsrs

    bjocas procê

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  3. Esse minerim é um ótimo contador de causos. Muito bom!

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  4. Muito bacana seu blog homi...rs.
    Espero sua visita no Lua?rs
    Abraços querido.

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  5. hehehehehehehehehe ta veno? A morte pode inté sê bunita né?
    Prumodequê a gente pensa que o coisa ruim so aparece fei??
    ...Se bem que muitos mé na cachola tamém faiz vê coisa, e inté há o ditado que diz que num há muiê feia, só bebum que bebe de menus... Vai vê era danada de feia, mas ele bebeu pinga na medida certa!
    Adorei Lufe esse causo de Minas!
    Beijokas doces e um domingo marvilhoso

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  6. Cris,

    Obrigado pela visita no Atelier do Lufe.

    bjo procê

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  7. Edilson,

    Obrigado pela visita

    abraços

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  8. Marly

    E num é que ocê ta falano qui nem nóis....rsrs

    Teoria interessante essa sua, ele deve ter tomado pinga na medida certa.

    bjo procê

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  9. Oi Lufe,

    Eu adorei esse causo, to bobim de tudo.
    (Paranaense falando com sotaque mineiro, não dá certo.., sai cantando piá..rs).

    Beijo meu

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  10. Xiiiiiiiii...Se a morte me aparecer de um jeitinho sedutor, morro jovem porque sou presa fácil.

    :p

    Ô, Luiz Fernando, volta lá no blog e explica o lance do gato? Volta, seu doce de leite, volta...rs

    Mondibejo pra ti.

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  11. Fatima,

    Você sempre fala bunitim, principalmente atraves de seus poemas.

    bjim procê

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  12. Miss Moon,

    Se a mote aparecer de forma sedutora te encontra facim, facim......rsrs

    Tem certas coisas que não se diz em casa de moça de familia =D

    bjocas procê

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  13. Com todo o respeito, sou eu quem agradece a minha visita ao seu ateliê.
    Abraço.

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  14. Modiquê eu fujo também, di feiura e belezura dimais rsrsrs

    Só tu mesmo, Lufe, pra publicar uma pérola dessas com tanta riqueza de detalhes da linguagem!! Amei!

    E Lufe, sobre o amor, concordo muito contigo, a única e difícil forma de amar... ;)

    beijos carinhosos, querido.

    Jan.

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  15. Cris,

    Volte sempre, sera um prazer.

    bjo procê

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  16. Jan,

    Quando a gente aprende que a liberdade do outro é tão importante qunto a nossa, fica um pouco mais facil, né?

    bjo procê

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  17. Noosssa Lufe....

    Que história medonha, rsrsrs. 'Tô rrepiada' até agora, brrrr.
    Bjusss 'minerim'
    Sil

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  18. Sil,

    he he he

    medo de mais ou pinga de menos?....rsrs

    bjo procê

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  19. KKKKKK

    Pode ser ambas opções. As vezes Recife fica gelada de madrugada,rsrsrs. Que pinga recomendas, hehehe???

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  20. Sil,

    Você sabe que a cachaça é um dos patrimonios culturais de Minas, né?
    As nossas pingas artesanais são o nectar dos Deuses. Toma uma de Salinas, onde se encontram os melhores alambiques. Te garanto que o frio passa, assim como as assombrações....rsrs

    bjocas procê

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