A Elaine Gaspareto do blog "Um pouco de mim", sempre com ideias inovadoras de interação dos blogueiros, no ano passado lançou essa blogagem que foi um sucesso.
Este ano, ela resolveu repeti-la e eu resolvi novamente participar.
Me lembrei dessa postagem, originalmente feita em 29/12/10, que pela época - festividades de fim de ano e reuniões de familia - me pareceu valer a pena reeditar.
E vamos a ela:
Vou revelar a vocês um fato interessante. Já faz pelo menos 10 anos que eu não leio jornal e nem assisto noticiário de TV. Eu só assisto se tiver algum assunto especifico de meu interesse. Eu não tenho paciência para assistir telejornais onde a mídia, ou massacra ou endeusam a quem for de seu interesse.
E o principal de tudo é que só noticia ruim vende jornal. Qualquer um deles. Nenhum fala em melhorar a educação, cultura, nem mete o pau nas falcatruas de governantes ou poderosos. Não me tem feito falta alguma.
Por exemplo, em 2001 eu estava indo trabalhar e escutei pela radio Itatiaia que um avião tinha batido no World Trade Center, cheguei ao trabalho, liguei a TV na CNN e assisti ao vivo o segundo avião batendo na outra torre.
A gente não perde nada se não os assiste.
Mas voltando ao caso que interessa aqui, eu escutava um programa de variedades, do José Lino de Souza Barros, um programa onde ele lança um tema e vários comentaristas, das mais variadas áreas, dão a sua opinião em um debate saudável.
Neste dia, 28/12/10, ele lançou como tema um texto sobra a família, que eu achei delicioso e quis dividi-lo com vocês.
Neste final de ano, quando a gente se dispõe mais às reflexões, achei que seria bastante interessante este tema.
Ele pediu que os comentaristas tentassem se colocar como um dos ingredientes deste “prato” e saíram perolas de comentários.
Desafio agora a que vocês tentem fazer o mesmo.
Que ingrediente vocês são, e qual a sua receita de família?
A minha eu já adianto que parece ser feita, quase em sua totalidade, de ingredientes modificados geneticamente.... só tem peça rara....rs
“Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes.
Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo.
Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um.
Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio.
Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.
O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
Súbito, feito milagre, a família está servida.
Fulana sai a mais inteligente de todas.
Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.
Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo.
Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.
Aquele o que surpreendeu e foi morar longe.
Ela, a mais apaixonada.
A outra, a mais consistente.
(…)
Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo.
De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.
Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas.
Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre.
Família é prato extremamente sensível.
Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.
Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional.
Principalmente na hora que se decide meter a colher.
Saber meter a colher é verdadeira arte.
Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão.
(…)
Família é afinidade, é “à Moda da Casa”.
E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas.
Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha.
Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa.
A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia.
(…)
Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas.
Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo.
Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.”
Texto do livro “O Arroz de Palma”, de Francisco Azevedo
Perfeito, como sempre! Este buteco é de utilidade pública!
ResponderExcluirQuerido Lufe,
ResponderExcluirVenho hoje agradecer sua companhia ao longo de 2011. Venho dizer o quanto foi importante o nosso contato, mensagens de carinho e de coragem. Este ano descobri um Lufe escultor e fiquei encantada. Que vc tenha um 2012 maravilhoso e continue alegrando a todos pela blogosfera.
Carinho sempre,
Lufe!
ResponderExcluirEsse prato não é muito fácil de confeccionar, mas depois de bem confeccionado, e não ficar faltando nenhum ingrediente pode ser muito saboroso.
Muito bom texto.
Abraço,
José.
Lufe,
ResponderExcluirMesmo correndo o risco de ser repetitiva, tenho que dizer: parece que ouço você dizendo "Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo" com a voz aveludada e cadenciada...
Texto lindo, como sempre acontece.
Muito obrigada por participar!
Beijosss
Feliz 2012!!!!!!!
Olá, Lufe
ResponderExcluirNo qual cada semente em FLORES de ouro abrindo...
Em nossa mente árida ORVALHA TUA GRAÇA...
Lembro-me deste post que marcou-me pelo conteúdo... Muito bom!!!
Abraços fraternos de paz
Lufe, participei dessa coletiva tb mas não consegui comentar no fim do ano. Bom, começou com Tarsila já me ganhou, não assiste noticiario, virou meu ídolo, terminou com este texto , fechou com chave de ouro. Abração!
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