Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Discriminação/Preconceito


Alexandre Mauj em seu ultimo post, no "Lost in Japan", contou um caso de preconceito vivido por ele e uma amiga num shopping de são Paulo.
Fiz ali esse comentário: “Infelizmente ainda estamos impregnados de muito preconceito. E não é só de cor! Ao fazermos uma reflexão, veremos que todos nós já o praticamos, seja por cor, sexualidade, idade, condição social, tipo de cabelo, maneira de vestir, de falar, sotaques, forma do corpo, tipo de alimentação e etc. São tantas as formas! Parabéns por colocar seu pensamento aqui. Somente através da colocação as claras, das discussões, dos debates, poderemos combatê-lo.Temos muito a evoluir.”

Mesmo depois de comentar eu ainda fiquei com o assunto na cabeça. É tão fácil a gente criticar os outros por suas atitudes e na maioria das vezes esquecemos aquilo que fazemos quase que diariamente. Sentamos no próprio rabo para falarmos do rabo dos outros. O preconceito se encontra enraizado dentro de nós, e me arrisco até afirmar que ele faz parte do ser humano, pois ele transparece rotineiramente em nossas atitudes.
Sim, eu você e todo o mundo o temos! Uns mais, outros menos, mas cada um tem o seu.
O preconceito não está somente na sua aplicação ostensiva ao chamar um negro de macaco, como ocorreu outro dia num show de Stand up ou ao atirarem uma banana em campo em direção a um jogador negro.
Discriminamos as gordinhas e as magrelas, as “bombadas” e as flácidas, as “louras”, as muito “certinhas”e as “periguetes, as castas e as devassas, as solitárias e as namoradeiras, achamos pedantes as pessoas de inteligência rara e criticamos os dela desprovidos.
Temos preconceito racial, social, lingüístico, religioso, contra deficientes de qualquer espécie, de origem, de região geográfica até mesmo dentro do próprio país.
Que mãe aplaude e acha lindo quando sua princesinha criada com todo carinho, anuncia que vai “morar junto” com aquela amiguinha de infância?
Quantas mulheres são crucificadas pela sua opção de não terem filhos, ou de os terem como coelhas, com a opção de não se utilizarem de meios contraceptivos?
E as pessoas que não gostam de animais ou não cultuam a natureza, preferindo a selva de pedra?
São inúmeras as nossas atitudes preconceituosas, até mesmo contra quem os comete acintosamente.
Considero ate mesmo o “politicamente correto” extremamente preconceituoso. Tenho um tremendo preconceito contra ele, eu confesso.
Como eu disse no comentário ao post do Alexandre, cabe a nós fazermos uma profunda reflexão sobre nos mesmos e buscarmos abrandar nossas atitudes contra as diferentes formas de ser e agir, pois o preconceito não é nada mais que a não aceitação das diferenças.
Enaltecemos o fato de sermos “unos”e nos esquecemos de vangloriar o fato de não sermos iguais.
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem, por sua religião ou por outra coisa qualquer. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, via de regra, elas aprendem no meio em que vivem. Muitas das vezes elas também o desenvolvem através do ego, da inveja, do despreparo, do descontrole.
Vale a pena pensar sobre isso!

Ao fazer essa reflexão me veio imediatamente, invadindo o pensamento, um caso que me contaram outro dia e eu o reconto pra vocês:

Numa escola do interior a professora preocupadíssima com o racismo e o bulliyng diz aos seus alunos:
- A partir de hoje não permitirei mais racismo ou bulliyng na minha sala de aula!
E continuou dizendo:
- Agora, aqui  já não há mais brancos, mulatos ou negros. Passamos a ser todos azuis!
Cria-se uma balburdia na sala! Imediatamente criou-se uma discussão generalizada, com todos entusiasmados com a nova proposta.
Buscando acalmar a classe, baixar a adrenalina, ela chama a atenção de todos e diz que também vai modificar os lugares, como mais uma medida de maior socialização e interação.
E prosseguiu:
- Agora vamos todos sentar nos novos lugares determinados. Os azuis clarinhos aqui na frente e os azuis escuros lá no fundão!!!!!




10 comentários:

  1. O ser humano odeia o ser humano?
    Nós detestamos ser oque somos e vivermos entre iguais?
    Eu acho isso tudo tão ilógico que chega a ser irracional.
    Você diz muito: "não aceitação das diferenças"

    Eu acho que falta amor de verdade, me refiro o amor de Deus, de amar ao próximo como a si mesmo, pensando nisso falta amor próprio, nós nos odiamos..

    Beijo Lufe

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    1. Fatima,

      Talvez não seja odio, mas uma tremenda insegurança quanto ao que somos ou ao que vemos....

      bjo procê

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  2. Mudar a cor não resolve desde que essa cor tenha tonalidades... Somos sim preconceituosos Lufe, uma vergonha, mas somos. Vez ou outra escapam coisas assim como dessa professora.
    Temos muito a ser mudado, a começar por nós mesmos, pois eu acredito na ideia de que negamos aquilo que somos, ou seja, o preconceito nada mais é do que uma "projeção identificativa"(jogar características, sentimentos e propensões suas sobre outro...)
    Boa reflexão Lufe!
    Beijokas doces e uma boa semana.

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    1. Marly,

      Até o fato de combatermos o preconceito nos colocando fora de quem os tem, tambem é uma forma de preconceito, né?

      bjo procê

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  3. Lufe, adoro essas suas paradinhas no pensar! (Lei-se reflexão).

    Concordo, acho que já de certa forma o preconceito está enraizado na cultura, do olhar, da primeira impressão, ou das conclusões precipitadas e por aí vai...

    Um exemplo: Minha irmã é mais escura que os outros 4 irmãos, chamamos ela carinhosamente de Preta! É uma classificação carinho ou preconceito?...

    Se alguém bate na minha porta, mal vestido e fedorento, ficarei reticente... Se for bem vestido, cheiroso, recebo com um sorriso. É amigo sou falha, o DNA cheio de defeitinhos, mas estou sempre tentando melhorar nas atitudes com o meu próximo!

    Beijooooooooooooo

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    1. Bia,

      Eles são tantos e tão enraizados que a gente nem os considera como.Acostumamos com ele.
      Nos incomodam somente as formas agressivas ou pejorativas.
      Quantos recalques causamos com nossas "brincadeiras" inocentes....
      A constatação realista de que somos assim já é um fator de crescimento como individuo.

      bjo procê

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  4. Alexandre,

    O dia que as pessoas se conscientizarem que nessa vida nao passamos de materia e que um dia igualmente iremos todos adubar capim, acho que as coisas melhoram um pouco.
    Até lá, vamos continuar a falar sobre o assunto, as claras as coisas se tornam mais contundentes...

    abraços

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  5. To de acordo com tudo que disseram até o momento, mas você já disse tudo quando respondeu ao primeiro comentário(à Fátima...( não é ódio o q se sente pelo outro são as "desigualdades que nos faz sentir inseguros; eu já passei por situações incríveis, já me chamaram de "favelada, descontrolada, bocuda...; uma coordenadora, um dia me chamou em sua sala e disse:
    -"Modifique a maneira de se vestir, não está de acordo c/ uma professora e tantas vezes me fez sentir pobre"...devido ao lugar onde moro, que ando 'c/bandidos; e minha própria irmã q 'me ama" e diz coisas que machucam.
    Mas agora já nem ligo, penso q faz parte da vida*, aprendemos a lidar com essas diferenças, afinal "não somos todos da mesma cor, não temos a mesma religião, não torcemos pelo mesmo time, etc
    Aproveito a oportunidade para te agradecer e te parabenizo por postares esse tema; por me falares(por e-mail) o que ninguém observou lá no meu post, você tá certo, eu guardei aquele texto/poema... desde a adolescência e sempre entendi como "guache", quando percebi o erro, tentei consertar colocando o significado da palavra 'tinta de cores destemperadas"...mas sei q não tá certo.
    Mas eu deixei, me identifico com esse "destemperada...porque um dia quero voltar ao passado e(viver o q deixei pra trás) e em outro sonho com uma vida melhor pra mim, mas sem meus filhos casada sem amor...e coisa e tal.
    Obrigada, você sabe das coisas, cara.
    Beijão.
    DESCULPE O DISCURSO APROVEITEI PRA DESABAFAR.

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    1. Mery,

      Acompanho sempre seus posts e gosto muito da forma como vê e coloca as coisas.Você fez uma opção que a coloca diariamente frente a discriminação/preconceito.Vida dificil de levar para quem tem a sensibilidade que você tem.A gente passa a vida representando papéis, nem sempre aqueles que escolhemos e, quando fazemos escolhas elas nem sempre são aceitas pelas pessoas com as quais convivemos. Ser diferente causa estranheza. Te admiro Mery, por ser gauche na vida e assumir isso!

      bjos procê

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  6. bem legal acho bom mesmo cuidr dessa discriminação de negros,brancos,japoneses,asiaticos e etc

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