Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Drummond erótico.


Meu propósito  sempre foi valorizar o PIB de Minas Gerais, e o nosso maior produto é gente da melhor qualidade. Dentre elas, não poderia deixar de render uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade, uma das maiores cabeças pensantes deste país. Com uma ampla obra que transita entre a poesia e o conto. Drummond escreveu incansavelmente até o fim de sua vida. Uma mente tão criativa e produtiva que, mesmo depois de sua morte, ainda foram lançados diversos materiais inéditos de sua autoria. Mais do que qualquer outro gênio soube ser reconhecido enquanto vivo e não se deixar morrer mesmo negando os convites para se tornar imortal como membro da Academia Brasileira de Letras. Um fato interessante é que Drummond, aos 17 anos, foi expulso da escola onde estudava, sob a alegação de "insubordinação mental". Ainda bem...



Nascido e criado na cidade mineira de Itabira, Carlos Drummond de Andrade levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.
Formou-se em Farmácia, atendendo a insistência da família em graduar-se, mas não chega a exercer a profissão, alegando querer "preservar a saúde dos outros" Trabalha em Belo Horizonte como redator em jornais locais até mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, para atuar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública.
Em 1930, seu livro "Alguma Poesia" foi o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. O autor demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distância dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores.
Drummond também falava sobre temas como o desajustamento do indivíduo, ou as preocupações sócio-políticas da época e apesar de serem temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia.
Produzindo até o fim da vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Quando faleceu, em agosto de 1987, já havia destacado seu nome na literatura mundial.
Com seus mais de 80 anos, considerava-se um "sobrevivente".
Existiu uma faceta de Drummond pouco conhecida dos leitores e só veio a publico em sua integra, na publicação pela Editora Record o livro “O Amor Natural”, de 1930, composto de poemas eróticos.

“Amor, amor, amor - o braseiro radiante que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.”

O Amor Natural é sem dúvida o livro mais ousado do poeta.
Publicado após a sua morte, trata do amor com uma linguagem desnuda, quase pornográfica, dividindo as opiniões sobre seu conteúdo.
Seria uma obra obscena ou um exercício estético do erotismo?
Muitos dos poemas foram compostos muito antes da década de 1970 onde, algumas delas,  frequentaram revistas eróticas como Homem, Ele&Ela e Status.
Durante sua vida, Drummond evitou publicá-los em livro, antes da revolução sexual e de costumes, por receio de serem confundidos com pornografia.
Em 1985, o poeta, que nunca considerou esses escritos um trabalho menor, concordou em ceder 39 dos 40 poemas reunidos em O Amor Natural à pesquisadora Maria Lúcia Pazo Ferreira, para que esta os analisasse em tese acadêmica.
A conclusão a que chegou Maria Lúcia é de que o erotismo em Drummond tem um fundo místico e se afasta da pornografia.
O escritor tampouco teve intenção de privar o público de conhecer seus poemas eróticos. O que fez foi instruir seu neto e herdeiro Pedro Augusto a publicá-los após sua morte, na data em que achasse mais conveniente.

A obra de Drummond é por demais conhecida, mas a fase erótica ficou um pouco obscura e no intuito de divulgá-la, no proximo post começarei a apresentar essa fase, da qual gosto muito, iniciando com o poema:
O que se passa na cama 

Dados colhidos no site da Editora Record
.

17 comentários:

  1. E eu vou ficar sentada nesse lugar mágico, esperando tudooooo!

    Salve Drummond, eterno!!!!

    Beijãoooooo Lufe!

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  2. Eu, no buteco, e você postando no meu blog rs!

    Olha a sintonia aiiiiiiii genteeeeeeeeee!

    Outro beijo!

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  3. Sil,
    E não perde por esperar...
    Dizer como ele diz...só Drummond.
    Eu vou te fazer uma visita, e você no bar...rs
    bjo

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  4. Lá vem eu na contramão.

    Eu li o AMOR NATURAL. Confesso que não li demoradamente e com a devida atenção. Dei a minha tradicional lida "deixa eu dar uma olhada para eu ver se vou gostar", que vai do início ao fim. Não gostei. Não sou nenhuma puritana, gosto de sexo e gosto de ler textos eróticos. Eu não gostei porque para mim certas palavras só saem bem, quando saídas da boca de um médico. Nesses poemas, bem no meio de linda, linda poesia, uma palavra ou duas ou mais ou repetidas que só gosto de ouvir quando meu médico fala.

    Gosto é gosto, respeito quem gostou e gosta, é claro! É só a minha humilde opinião.

    Mas, virei aqui sempre para lê-los novamente. Quem sabe, durante os comentários, lendo um e outro, eu não venha a rever os meus conceitos?

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  5. Suzana,
    Eu gostei.
    Não gosto do palavrão pelo palavrão.
    Não gosto de palavras chulas ditas desnecessariamente.
    Não gosto de pornografia escancarada e escrachada.
    Não gosto de pornografia dita: Olha como sou moderno!
    Mas...
    Quando são inseridos num contexto...
    Quando são ditas porque devem ser ditas...
    Quando num poema nu e cru....
    Como nestes poemas de Drummond...
    Acho que são válidos.

    Existem poemas extremamente eroticos onde tudo é insinuado, nada é exposto às claras, e são absolutamente sensuais.
    Estes de Drummond, embora ele soubesse com certeza faze-los de outra forma, ele os escreveu de uma maneira crua, mais contundente.
    Acho que devem ser analizados dessa forma.

    Aqui, é um local para que as opiniões sejam expressas, discutidas, comentadas.
    Eu acharia horrível que só tivessem opiniões a favor...adoro uma polêmica....rs
    Só não quero que alguém se sinta ofendido, chocado, denegrido, estigmatizado,
    ou discriminado por qualquer postagem ou pelo eu teor.
    Elas não são feitas para isso.
    Esta nunca foi minha intenção.
    Por isso tomei o cuidado de prestar uma homenagem a Drummond e anunciar o tema das postagens posteriores.

    bjo grande

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  6. Num blog tinha Drummond...e adoro ele! Uma boa noite!

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  7. Drummond é um dos escolhidos para ser um brilho só. Deus e o Diabo quando se reuniram, chegaram num comum acordo pelo Poeta Maior.

    Abraços.

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  8. Franck,
    Não sei se conheces, mas vamos ver se gostas desse "outro lado".
    abço

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  9. Guará,
    Pensamento interessante....gostei.
    Abço

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  10. Lufe,

    Eu sei que muitos podem dizer: "quem é ela para dizer isso?". Eu respondo: eu sou eu, uma pessoa com gostos próprios, eu sou a Suzana, prazer. E você?

    Eu apenas fiz tal comentário porque me senti à vontade por saber que você é um homem educado, sensível, "boa gente". Pessoas assim, aceitam opiniões opostas.

    Entendi, desde o início, que você inclusive se interessou e se preocupou em fazer um intróito.

    É a minha opinião. Acredito também que é a de outras pessoas, obviamente, nem JESUS CRISTO conseguiu ser UNANIMIDADE.

    Beijos,

    Suzana

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  11. Suzana, minha querida,
    Sem justificativa...não carece...
    Eu só fiz a minha, pois sou eu a lançar o tema...
    E ainda vou mais longe...
    Me inspirei a lançar esse tema após ler seu post
    "Pele e encaixe" no seu blog http://contosdelily.blogspot.com/, hoje para mim leitura obrigatória.
    Comentei na ocasião:
    "Texto lindo, denso/leve, vigoroso/poético, sensual/elegante, malicioso."
    Aquele seu texto, belíssimo, é justamente o contraponto que eu fiz, no outro comentário, a estes poemas de Drummond.
    São duas formas diferentes, dois caminhos diferentes, e acho todos os dois geniais.
    Sinta-se a vontade para falar o que quiser, da forma que quiser, a hora que quiser.
    Você esta na minha cozinha, ao pé do fogão de lenha, tomando um café com rapadura e comendo um queijim canastra fresquim. Se quiser da pinguinha, tem também. Nessas horas, a gente fala de tudo, discute de tudo, na maior intimidade, e todos se escutam, participam e dão sua opinião.
    Essa é a regra, a norma, o “custume” da minha casa....
    É assim que vejo este buteco...
    bjo

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  12. Alexandre,
    Parbéns pelo 1 ano do blog.
    Esta "bombando" pela qualidade dos seus posts e da sua proposta.
    Agora ele aprendeu a andar sozinho, vida longa!
    Porta aberta....agora aguenta.
    Estarei sempre por lá.
    Um abraço

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  13. Lufe,

    Eu sabia que você reagiria assim. Aproveitei o teu espaço para me explicar melhor, após o primeiro comentário que fiz. Eu gosto do poeta, apenas quis explicar o motivo de não gostar do "Amor Natural". E o seu espaço é ótimo e do que mais gosto? Da sua fineza. Sempre digo que educação é fundamental e você me encanta com este teu jeito elegante.

    Obrigada novamente por reafirmar seu apreço pelo conto PELE E ENCAIXE. Você é generoso em seus comentários.

    Obrigada, beijos!

    P.S.: como eu disse, acompanharei as publicações, os comentários, pode ser que eu venha a mudar de ideia.

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  14. Gosto muito de Drummond, mas não gosto dessa fase erótica. Ele tem um jeito muito seco de falar do sexo e há outros que se saem melhor nessa seara. Não que ele seja grosseiro, só meio técnico demais, pro meu gosto (humildemente falando. Afinal quem sou eu pra julgar Drummond?)Mas vou acompanhar as postagens até para confirmar, ou não, minha opinião.
    Beijos.

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  15. Lua Nova,
    Gosto dessa sua postura...
    Tambem conheço textos, que talvez sejam melhores...
    Mas em se tratando de Drummond, o Poeta do Seculo, quis apresentar essa outra faceta a quem ainda não conhecia.
    Existe tambem um contexto, onde esses poemas foram escritos na decada de trinta, revolucionários então.
    Henry Miller em seu "Tropico de Cancer", tambem em trinta e poucos, causou mal estar a ponto de ser proibido durante decadas.
    Acho que vale a pena serem lidos.
    Talvez se olhados com outros olhos, a otica mude.
    Aos que gostarem, releiam.
    Pelo menos não ficaram na obscuridade.
    bjo

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