Meu nome é Sebastiana Maria de Souza Carvalho, apelido: Tiana. Tenho 58 anos, sou viúva, mãe de 2 rapazes e 1 de uma moça, avó de um casal de crianças lindas como lindos só o sabem ser os netos. Vivo sozinha numa casinha modesta e, somadas minha aposentadoria de professora e a pensão que me deixou o Falecido, diria que vivo com dignidade. Eventualmente, engordo a renda mensal fazendo renda de bilro, arte que aprendi com minha avó, que foi mestra das navetes e dos fios. Dos bilros não sei, naqueles idos as mulheres eram discretas. Estou acima do peso, confesso. Os cabelos, pintados a cada quinze dias, estão louros e ondulados, foram negros um dia como asas de urubu, porque graúna eu nunca vi. Preciso ir ao dentista, mas tenho medo. A pressão se mantém estável graças a uma dieta saudável e não fosse uma artrose na cervical, eu diria que gozo de excelente saúde. Me distraio vendo novela, indo ao banco, conversando com uma ou outra vizinha, passando a limpo meu caderno de receitas... enfim, uma vidinha normal, arrumadinha.
Mas outro dia a Adélia, minha melhor amiga, telefonou bem cedo, era um sábado. Excitadíssima. Soubera de um baile que haveria no clube. Um Baile da Terceira Idade, uma confraternização pelo final do ano. Sugeriu que fôssemos. Em princípio me recusei. Segundo a Organização Mundial de Saúde a terceira idade é só a partir de 65 anos, ainda me faltam 7!!! Porém, ante a insistência dela e a perspectiva de uma noite agradável na companhia de pessoas alegres e divertidas, concordei. Passei o vestido que usei no casamento de minha filha. Fiz as unhas. Escovei os cabelos. Me achei bonita.
O salão do clube estava belíssimo. Todo enfeitado de flores de papel crepom, cor-de-rosa. Uma orquestra. Um cantor. Uma noite amena, de lua cheia. Dancei com alguns senhores elegantes e muito distintos. Cheiro de cigarro e cerveja nos sorrisos que a mim trouxeram lembranças de melhores dias.
À meia-noite a orquestra parou e o Diretor Social do clube anunciou que haveria um sorteio entre as senhoras presentes. O prêmio, uma surpresa. Minhas pernas tremeram quando ouvi o meu número sendo sorteado. O coração disparou quando me dirigi até o palco para receber o meu prêmio. Uma caixa enorme embrulhada com papel azul e laços de fitas brancas. Desatei os laços, rasguei o papel, abri a caixa e de dentro dela saiu o prêmio.
Só meu!
E era belo como uma carro alegórico da Beija-Flor! E tinha mais músculos do que carne de sopa! E o corpo jovem recoberto de tantos pêlos que fariam inveja ao Tony Ramos! E os olhos ávidos por minhas carícias oscilavam entre o azul e o lilás, como os da Elizabeth Taylor! E a língua, carmim, prometia deliciosas lambidas, anunciavam loucuras e delírios! E ele me olhava com olhar faminto por amor e companhia. Me desejava com a fome atávica dos desejos!
Não resisti. Me enrosquei naquele corpo jovem, apertei seus músculos de encontro a minhas carnes flácidas, deixei que me lambesse todinha, enquanto minhas mãos exploravam seus músculos, enquanto minha voz rouca inventava palavras até então jamais ditas por minha boca, que eu desconhecia fosse tão devassa.
Hoje ele vive comigo, come da minha comida, dorme em minha cama, acalenta minhas noites, enfeita meus dias, engalana minha vida...
Um homem!
Estranho que quando conto isso, todos pensam que ganhei um cachorro.
E a dúvida me angustia: há tanta diferença assim entre um e outro?Texto de Ro Druhens. Escritora, poeta, primeiro lugar no concurso "Ferreira Gullar para poesia em língua portuguesa", promovido pela Editora Uapê, em 1999, participou da coletânea Alguns Contistas Contemporâneos (Editora Uapê-RJ). No prelo, o livro O que transborda pelas margens, a ser publicado em 2006. Escreve no blogue Engrenagem. É uma das Escritoras Suicidas.
Para quem não conhece, vale a pena ler http://www.germinaliteratura.com.br/rdruhens.htm
.
Para quem não conhece, vale a pena ler http://www.germinaliteratura.com.br/rdruhens.htm
.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk muitoooooooooooooooooooooooooo bommmmm Lufe!!!
ResponderExcluirUm HOMEMMMMMMMMM num sorteio...ó Céuss hahahahhaa
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Lufe, estou tendo um grave problema ao passar pelo seu blog...sabe cumé né? Dou muitaaaaaaaa risada aqui, e tem horas que fica dificil controlar. Se eu precisar de um urologista, te mando a conta kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Ahhhhhh, óóóóóbvio que existe uma diferença entre o homem e o cachorro.
O cachorro, por maisssss que a gente faça, abana sempre o rabo pra gente. E obedece hehehehehehe.
Beijoooooooo meu querido, vc é óóóótimo Lufe, ótimoooooooooooooooo!!
PS: Mas continuo na duvida do que é melhor (De verdade)...um Homem ou um cachorro?
ResponderExcluirTô numa dúvida Lufe!!!
Beijoooooooooo kkkkkkkkkkkkkkk
PS: Mandei um email a vc, me diz depois se recebeu.
ResponderExcluirTe vira nos 30 kkkkkkk
Beijo meu querido!
Sil
ResponderExcluirVocê tem de escolher pelo custo beneficio.
Qual fica mais caro, a conta do Pet Shop ou a conta do boteco?....rsrsrs
bjo
Luufe deixei um selo no meu blog para você
ResponderExcluirbeijoos :D adoro os textos que você põe aqui
Mil vezes as conta do Pet Shop do que a do boteco.
ResponderExcluirO "companheiro" volta limpinho, cheiroso, todo arrumadinho.
Já do boteco ...
Vim ao seu blog pelo link que o Alexandre do Lost in Japan deixou hoje na postagem,divulgando seu blog.
ResponderExcluirParabéns,sua escrita é fascinante e me diverti muito em seus textos.
Obrigada
Mariana,
ResponderExcluiragradeço os elogios.
O blog tambem é seu, apareça sempre.
bjo
Isabele,
ResponderExcluirobrigado, vou passar por lá.
bjo
Concha,
ResponderExcluiré o que eu disse, custo benefício.....rsrsrs
bjo