Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

Tela do artista plástico moçambicano Antero Machado.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Delícias da minha juventude! II - Ano 67


Estávamos nos últimos meses de 1967 e o Guilherme ( aquele do violão do "Delicias da minha juventude") estudava Física na Universidade Federal.de Minas Gerais.
Nesta mesma época foi também inaugurado o CEU, Centro Esportivo Universitário, logo ali ao lado do Mineirão. Um centro de esportes com todas as modalidades olímpicas.
Somente poderiam frequentá-lo os alunos da Federal.
Como tínhamos o nosso conjunto vocal, éramos o arroz doce de todas as festas da turma da Física e foi fácil arrumarem uma carteirinha no DCE em meu nome, a qual me daria ingresso ao Céu. Coisa de jovens deliciosamente trambiqueiros. 
Esse acesso precoce ao meio universitário teve grande influencia na minha formação como homem e como bicho social. 
Com o acesso garantido, eu não saia mais de lá. Virei universitário, estudante de Física, aos 17 anos. Bom, pelo menos a atividade física era quase diária, né? 
Atividades anaeróbicas e orgásticas. Mens sana in corpore sano.
Naquela época, estava no auge a tese do amor livre e toda menina que queria se dizer moderninha aderiu. O tabu da virgindade começou a ser encarado como se hoje quem o defendesse fosse a favor do desmatamento. O termo ainda não existia, mas virou politicamente correto perder a virgindade. 
Era um tempo de novas descobertas para os jovens de ambos o sexos.
Nós, os homens, já vinhamos perdendo nossa virgindade na Zona Boemia, nas “casas da luz vermelha” ou então com as gentis domesticas, que nos favoreciam nas esquinas, escadas e garagens dos predios,  apenas por amor. 
Era tambem a oportunidade que elas tinham de transar com um garotão Zona Sul, que naqueles instantes lhe fazia juras de amor eterno. A gente fingia um flerte e elas fingiam que acreditavam. Este era o costume da época.
Aos homens tudo, às mulheres o recato. Éramos incentivados a sermos garanhões e predadores. Elas, mães de família cercadas da prole.
Com as garotas já era bem diferente. Com a educação ainda nos moldes dos anos 50, morriam de medo de serem “faladas” e não conseguirem mais casar. 
Com o advento da minissaia elas se tornaram mais sexys e logicamente começaram a aprender a lidar com essa sexualidade mais exposta. Elas foram tomando mais consciência do poder que exerciam nos homens. Com o aparecimento logo em seguida da pílula anticoncepcional a maior barreira passou a ser a discrição. 
Elas não queriam ser chamadas de “fáceis’, “galinhas”.
Pra transar tinha que namorar, e muito. 
A vida de garanhão não era nada tranquila e muitas vezes ainda saiamos da casa de nossas namoradas e íamos encerrar a noite com as meninas de “vida fácil”. 
Era uma fase de transição.
Os homens excitados pela facilidade da pílula, que os livrava de uma paternidade indesejada e as garotas ainda receosas do que “os outros iam pensar”. 
Naquele tempo, o uso de camisinha era considerado ate um desrespeito, pois demonstrava que você tinha medo de pegar alguma DST com  a garota. Mas como? Ela eram virgens, não eram? Isso mesmo, camisinha só era usada com uma grande desconfiança de doença. 
Nem na zona as usávamos.
Namorávamos inicialmente só de mãos dadas e as vezes demorávamos de três a quatro encontros para trocarmos o primeiro beijo. As garotas se preservavam. 
Elas ainda viviam numa estrutura que as obrigava, vinda do final dos anos 50 e inicio dos 60, a se submeterem a casamentos, nem sempre convictos, mais com o objetivo de saírem da casa dos pais. Saírem daquele circulo social que ainda as oprimia. 
Naquele tempo ainda era através do casamento que elas conseguiam esse intento. Serem seres dotados de sexualidade e donas do próprio nariz.
Mas as garotas dessa geração estava disposta a mudar este processo. Elas intuitivamente sabiam o que queriam. A mudança era inevitável!
Elas sabiam ( a mulher sempre sabe) que os homens ainda não tinham um preparo (nem sei se hoje já tem)  para encararem essa mudança numa boa. 
Eles precisavam amadurecer.
Eles ainda classificavam as garotas em garotas “pra sair” e garotas “para casar”. 
Outro dia assisti horrorizado na TV um rapazinho do século XXI falando isso: “Aquela é pra casar! Foram anos de luta e evolução social para chegarmos aos dias de hoje e ainda escutarmos isso saido da boca de um Emo?
Bom, mas voltando no tempo...
Nessa época ocorreu o nascimento cultural da "nossa" sexualidade, a sexualidade dissociou-se do sexo com fins reprodutivos. 
Esta divisão foi tão completa que no final dos anos 60 começou-se a acreditar que as duas não tinham absolutamente nada a ver uma com a outra. 
Esta revolução sexual se iniciou com o questionamento dos modelos morais vigentes e da "da família feliz" como fonte de opressão e de descontentamento. 
Esse questionamento foi estimulado pela introdução da pílula que, por um lado permitiu que as mulheres, pela primeira vez na história, pudessem impedir a gravidez com um grau de confiabilidade sem precedentes.  Isso as tornou mais livres mas, por outro lado, a pílula contribuiu para colocar, sobretudo mulheres jovens, numa grande tensão para não se sentissem constrangidas face ao ato sexual. 
Não havia mais desculpa para não pô-lo em pratica. E como isso pesou.
Não pensem que essa transição foi difícil somente do lado feminino. Ela foi extremamente difícil também para nos homens.
Estávamos acostumados com as profissionais do sexo. Não tínhamos preparo para nos relacionarmos sexualmente com nossas namoradas. E elas queriam!
Nós as respeitávamos muito mais do que elas queriam e achávamos que com elas não poderíamos agir como agíamos com as “mulheres da vida”.  Ficávamos cheios de dedos sem saber como agir com aquela sexualidade transbordante e excitante. 
Em matéria de sexo, pelo lado masculino, não estávamos acostumados a envolver sentimentos. Sexo era só sexo. Mas agora um nova forma de sexo se apresentava.
Essas novas garotas estavam nos ensinando uma forma, também nova, de lidar com a sexualidade.  Tudo era experimental. Ocorreram muitos excessos, lógico, mas éramos puros e ingênuos e nos entregamos plenos aos experimentos. 
Alguns aprenderam!  Elas é que transformaram o mundo!
Essa fase de transição social, de costumes e valores, eu passei, menino ainda, junto a garotas universitárias, de vanguarda. Como me ensinaram! E como eu aprendi. 
As mudanças começaram com o sexo. Tudo o mais nasceu na luta contra a autoridade e aos valores sociais e morais estabelecidos.
Lia-se Reich, Simone de Beauvoir, Marcuse e os fundamentos da contracultura, a chamada geração Beatnik e o rock,  fenômenos dos anos 50 nos Estados Unidos, já batiam as nossas portas.  As filosofias orientais eram assunto das rodas de boteco.
Cresci muito nessa epoca como pessoa, intelectual e socialmente.
Tudo isso por causa daquele trambique da carteirinha, levado a cabo pelos relacionamentos feitos nas rodas de viola.

Depois eu conto mais destas minhas ruminancias procês.....


31 comentários:

  1. Olha é uma Delícia mesmo!
    O título é preciso. Fico imaginando as cenas e a confusão, hahaha! Garotos desconfortáveis diante daquele fogo* novo!
    rsrsrs!

    Só não entendo com a camisinha não foi "descoberta" antes...
    =|

    Bj!


    p.s
    ow, fiquei até com vergonha, hahaha!

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  2. ola querido!

    interessante!

    pôs minhas imaginação
    para trabalhar.
    sempre quis viver essa
    época.
    um beijo!

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  3. Lufe,

    Boas lembranças! Bons tempos!
    Eu vivi boa parte de tudo o que estás a descrever, foram tempos difícies para quem estava do "outro lado da moeda"...rs.
    De um lado a mudança, de outro a cobrança da família, não foi fácil para as gurias não...rs
    Sempre digo à minha filha: tudo o que está aí de bom foi minha geração quem abriu as portas...aí está o resultado!
    Lembro que eu em 1975 com meus 19 anos já era concursada e trabalhando em um banco, mas meu pai colocava meu irmão de 7 anos a brincar de "forte apache" enquanto eu namorava...bons tempos enganando o guri...rs
    Nossa geração realmente foi uma geração de mudanças em todos os sentidos e conseguimos driblar e acabar com muita hipocrisia e preconceito!
    Bons tempos!
    Adorei o post!

    Beijinhosssss

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  4. Rapha,

    O medo era dos dois lados. Era tudo muito novo. Era uma mudança de paradigmas.
    As cabeças precisaram se abrir. É difícil pra vocês entenderem o que se passava na cabeça dos jovens daquela época. A nossa sociedade exigia o recato das moça e a virilidade dos homens. Ambos tiveram que romper padrões estabelecidos. A moça que não era virgem se desqualificava para o casamento, a única forma de sair da tutela dos pais. Como eu comentei lá em cima, o preconceito existe até hoje. Imagina naquela época. Hoje se tem a liberdade de expressar a sexualidade e pratica-lo com a maior naturalidade, Eu só acho que as mulheres precisam aprender a escutar um “não”, coisa que ainda tem dificuldade em escutar.
    Ah, outra coisa interessante, o sexo naquela época era bipolar, sendo que a multipolaridade só viria a surgir com mais naturalidade nos anos 90.

    A camisinha existia, é claro, mas como eu disse, como nos relacionávamos sexualmente com prostitutas (naquela época não existia AIDS) ou com as domesticas, não nos sentíamos na obrigação de prevenir a gravidez. Isso era problema da mulher (pensamento da época). No Brasil, o uso da camisinha só se tornou habito a partir dos anos 90. E pelo que eu estou vendo, dado o alto índice de gravidez na adolescência, a garotada de hoje esta parando de usar. Falávamos que o uso da camisinha era comparável ao “chupar bala embrulhada no papel.”....rsrsrs

    Bjocas

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  5. Alexandre,

    O padrão social estabelecido não nos servia mais. Para muda-lo tinha que se mudar as cabeças. A leitura das mais diversas teorias sociais, a respeito de todos os seus aspectos, era matéria obrigatória. Não era um simples fazer por fazer. Tinha o “porque”fazer?
    O embasamento teórico se fazia necessário ante as grandes transformações, inclusive dentro de casa. Os jovens praticamente precisaram se marginalizar.
    Estas transformações se deram num primeiro momento na classe estudantil de nível superior, que era um modelo estruturado sobre a politica educacional francesa.
    O mundo todo estava mudando. O maio de 68 na França se deu pela proibição de discussões abertas nas universidades francesas sobre as teorias de Reich.
    Ali se iniciou todo o processo. Dessas discussões e revolta contra as instituições que os oprimiam, os jovens buscaram mudar toda a estrutura social.
    A partir daquela época o mundo se transformou e as mulheres passaram a ser parte integrante dele e a meu ver o maior agente de toda transformação.

    Hoje, com o avanço das telecomunicações o mundo ficou diferente, mais imediato, com maior interferência do “merchan”, o sistema de ensino mudou, confundem liberdade com libertinagem. Não tem mais as “grandes causas”.
    Na verdade, o que eu tenho mais saudade daquele tempo era o romantismo.

    Quanto ao escrever as memorias, realmente já me passou pela cabeça. Tenho memorias de toda esta transformação, algumas como integrante e outras como atento observador.
    Só tem um pequeno empecilho, falta-me capacidade para tal....rsrs

    Abraços

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  6. Liberdade,

    Seu nick lembra bem o que os jovens buscavam naquela época: Liberdade.
    A liberdade de ser e pensar diferente das gerações anteriores que na verdade era muito hipocrita.

    bjos

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  7. Lufe

    Fico imaginando como era bom naquela época!
    Esse texto saudosista, ficou ótimo, fiquei tentando imaginar tudo que você descreveu, muito legal =)

    Beijos mil para ti :**

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  8. Sandra,

    è guria, não foi facil para ninguem.
    As mudanças foram muito radicais. Mudou-se a cabeça. a aparencia, o comportamento e a forma de ver a vida. O interessante é que mesmo numa epoca de grande dificuldade nas comunicações, o mundo todo levantou essa bandeira.

    bjos

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  9. Patricia,

    De vez em quando me pego ruminando por aqui.....rsrs
    Para a sua geração deve ser muito difícil se situar naquele tempo. As referencias são bem diferentes. Olhando somente pelo lado da sexualidade, o jovens da sua época passam somente pela decisão da hora de transar e com quem. Imagine o que seria não poder determinantemente, transar antes do casamento. E os namoros eram longos. Namorava-se em média 5 anos antes de se casar e os casamentos eram indissolúveis.
    Imagina toda a sexualidade reprimida. Os homens tinham sua válvula de escape nas prostitutas e na maioria das vezes com a conivência das namoradas. Olha a institucionalização da traição aí. Sexo com prazer era para as outras e não para a “Rainha do lar”. O casamento era “aberto”, para o homem.

    Bjoca procê

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  10. Lufe,
    meus 16 foi em 1970,nem sei quantas horas, dias e meses passei debatendo com amigas se ia "dar", quando, para quem e em qual condição. Aos 18 o assunto continuava em pauta e aí já era de uma certa forma discutidos também com os amigos, aqueles aos quais a gente não ia dar (rs), e me lembro que eles também tinham conflitos: Eu amo minha namorada, mas se ela dormir comigo continuara direita? Esse tipo de pergunta dava uma noite inteira de discussão: as que já tinham resolvido o problema diziam: SIM, continuamos direitas. As que não tinham resolvido: Ah, não sei né? Os meninos mais liberais: Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Os mais quadrados: Desde que eu seja o primeiro! Bem, tenho certeza que você ouviu todas essas frases. Mas, logo depois eramos todos universitários,engajados politicamente (era quase praxe)e estavamos entrando no mercado de trabalho e de um modo ou de outro resolvemos essa questão (tão menor e tão íntima), e a grande maioria se casou, se amigou, se separou , foram pais responsáveis e tudo com amor e ética. Quarenta anos depois eu vejo que muito se andou, mudamos o mundo e conquistamos um monte de direitos e etc, mas... nunca vi tanta discussão "velha" como vejo nesse momento, ando lendo alguns blogs feministas e quando acabo de ler determinados posts penso:"Ainda discutem isso!!!!" Acredite se quiser hoje eu vi uma discussão sobre mulherXdireção sob o viés masculino, ou seja o machismo que impera e blablabla, cara eu dirijo desde os 14 anos e to me lixando se alguém manda eu lavar roupa até por que tenho máquina de lavar (kkk)e isso não me ofende!
    Vou acabar por aqui se não fico a noite inteira!
    bjs e agora vou ler os comentários.
    Jussara

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  11. Beta,

    Fui lá visitar e gostei muito da iniciativa da Elaine. Tamos juntos nessa....
    Obrigado pelo convite.

    bjo

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  12. Oi, tudo bem com você?
    Como eu havia dito antes, estou afastado do Blogosfera por vários motivos, inclusive por conta do site “ABORDAGENS & IMPRESSÕES”/ http://abordagenseimpressoes.com/ que eu acabo de criar e publicar na Internet.
    Gostaria de contar também com você por lá, acompanhe-o e também interaja comigo por lá.
    Como todos nós sabemos, site tem uma dinâmica diferente do blog, é mais consultivo e informativo. É de maior abrangência, já que se pode explorar muito mais. O blog é mais direto e normalmente de temática única.
    Me visite por lá e me siga. Vou gostar e ficar extremamente feliz e agradecido por mais esse voto de confiança.

    Beijos.

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  13. Jussara,

    O interessante é que as coisas eram feitas, não de forma inconsequente, mas pensadas e com as responsabilidades da mudança de atitude bem determinadas. A gente sabia a consequências do que fazia, não é mesmo? Da forma como as coisas são vistas hoje em dia parece que todo jovem daquela época era um irresponsável, drogado, alienado, voluntarioso e inconsequente. E as coisas não eram bem assim. A época ficou marcada pelos estereótipos. Você se lembra exatamente como eu me lembro. Foi difícil pra todo mundo, pois sabíamos as consequências dos nossos atos. Era uma mudança de conduta, de valores, buscávamos uma forma mais livre de relacionamentos e de posturas frente a sociedade. As mulheres tiveram um papel preponderante, pois as consequências maiores caiam sobre elas e elas souberam assumir um novo papel. Foram a luta, batalharam por espaço no mercado de trabalho, mudaram o seu papel dentro da família, dividindo a liderança e as vezes ate a assumindo.
    Será que eu estou enganado em minhas lembranças quando penso que a mulher era mais respeitada naquela época do que hoje? Pelos jovens é claro. Não me lembro de disputas nos quesitos de que isso é coisa de mulher ou de homem, que isso mulher não da conta de fazer e etc. Lembro-me que as coisas eram feitas juntos e ambos se respeitavam como pessoa. Me parece que estamos vivendo um retrocesso.
    Reich, um dos mentores deste processo,dizia que “não há revolução social sem revolução sexual, entendendo por sexualidade as relações afetivas, comunicantes, pessoais, etc”
    Esta revolução social foi feita tranquilamente, numa sequencia natural, embora muito rapida, em um espaço de tempo muito curto ( de 67 a 73) sem que hovesse muita represália, pois os jovens assumiram suas responsabilidades e ficaram independentes financeiramente e emocionalmente dos pais.
    Hoje, eu vejo um retrocesso quando me lembro do que Marcuse, o grande teorico dos movimentos estudantis, dizia que: “o problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo aos processos de alienação do homem.”
    O “TER” hoje em dia passou de novo a ser preponderante sobre o “SER”.
    Essa é a mentalidade que infelizmente eu estou percebendo nos jovens de hoje!
    Será que a minha visão esta difusa?

    bjos

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  14. Guara,

    Parabéns pela nova casa.
    Estarei lá para conferir.
    Sorte no novo empreendimento.

    Abraços

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  15. Lufe,
    também tenho a impressão de visão difusa. E me lembro como você, muita discussão e reflexão,era uma pedra na água, as conversas iam se ampliando e todo mundo se interessando e mudando e tentano acertar. Tive inúmeros assistentes e toda às vezes que eu pedia reflexão sobre alguma atitude, era como se eu tivesse pedindo que eles fossem a pé para Marte. A educação atual (escolar e familiar) não ensina a pensar, a refletir ao tomar uma atitude, por isso voltam a discutir problemas que para gente a muito tempo foram superados. Nunca fui discriminada por ser mulher, fui e sou uma profissional bem sucedida e comandei equipes onde só havia homens. Da época me lembro de muita discussão de "reformar o mundo" mas nunca discussão de gênero(femininoXmasculino) até por que isso era repetir os nossos pais, e sim concordo com você eramos todos mais respeitados e respeitador, pois lutavamos para um bem comum e hoje é cada um por si, só lutam pelo EU. Vou repetir o que já disse: eu cada vez menos entendo esse mundo! Sem solidariedade, sem fraternidade e sem igualdade! ideia meio velhinha mas cada dia mais atual!
    bjs
    Jussara

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  16. Jussara,

    Ainda bem que você não me deixa mentir sozinho.....rsrsrs
    Eu ja estava achando que eu estava com uma visão saudosista demais.
    Naquela epoca não havia esta briga homemX mulher.
    Essa era uma questão amplamente superada.
    A mulher tinha conquistado o seu lugar sem ranço, sem briga, sem querer ocupar outros espaços. Ela queria igualdade, e teve!
    As coisas foram mudando para pior, socialmente e culturalmente.
    Esta novamente numa epoca de mudanças, e radicais. E estas mudanças começam por uma nova Diretiz de Ensino, diretriz esta, visando abrir as cabeças, ensinar a pensar, refletir.
    Acho que não demora a surgirem novos movimentos. A alienação esta geral e não leva a lugar nenhum.

    bjo

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  17. Poxa Lufe, ler seu post foi como viajar no tempo. Mas a mentalidade retrógrada que você pôde ver no tal Emo ainda é muito mais recorrente do que se pode imaginar. Ainda há muitas pessoas que insistem em rotular os outros por aí...

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  18. Kinha,

    Isso é que eu estava ruminando por aqui. Ao inves de evoluirmos, estamos involuindo e trazendo a tona questões que deveriam há muito estarem superadas. Se continuamos a nos envolver nessa neurose coletiva de hoje, com suas manifestações evidentes de violência e desequilíbrio, da perda de valores e do retrocesso a que estamos assistindo todos os dias, em toda parte, não teremos mais, seguramente, a liberdade necessária para viver de uma maneira saudável e feliz.

    bjo

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  19. Interessante a tua análise da coisa, Lufe : se não havia antes um envolvimento sexual com as garotas que eram "para namorar", deveria ser difícil mesmo aprender a equilibrar tudo, a ter comprometimento, a unir amor e sexo em uma relação. Sem amadurecimento não se consegue mesmo isso.

    Conta mais sim que eu gostei do papo.

    ;)

    Beijo.

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  20. Luna.

    Eu fico pensando com deve ser difícil para as mulheres da sua idade imaginarem essa situação.
    As questões que os jovens da época colocavam eram as de que o modelo que tínhamos não nos servia.
    Modelos que achávamos hipócritas e ultrapassados. A mulher como rainha do lar, dedicada a prole, e etc.
    Este modelo era o que tínhamos em casa. Claro que generalizo o que coloco aqui. O mercado de trabalho era bem fechado para as mulheres, a não ser em funções especificas. As mudanças passavam por uma maior liberdade, por uma mudança de paradigma. Como a Jussara colocou logo ali em cima, a liberdade sexual era muito discutida, mas não era o ponto chave. Era uma das ferramentas de mudanças. Não havia questionamento entre os jovens da capacidade ou não da mulher para assumir o seu papel de igualdade na sociedade. A liberação da sexualidade foi uma das etapas. A gente realmente namorava anos e anos sem um relacionamento sexual completo. Claro que tinha uns amassos, mão naquilo e aquilo na mão.
    Mas transar era impraticável. Você tinha que lutar contra uma conduta social de valores éticos, familiares, culturais, religiosos e morais transmitidos a gerações. Por isso as discussões, a busca de embasamento cultural, a busca de se abrir as cabeças.... As coisas não aconteceram de roldão ou porralouquice. Como eu disse anteriormente a época é marcado pelos estereótipos de: “Droga, sexo e Rock ‘n roll”. Claro que teve tudo isso. Em varias escalas de intensidade.
    Atores, pintores, músicos, o pessoal das artes em geral abraçou a causa mais cedo e contribuiu muito para alavancar o processo. Nos, os jovens classe media, sofríamos com a dificuldade de assumirmos estas posturas e ao mesmo tempo continuar nos qualificando e entrando no mercado de trabalho. A nossa luta era mais pé no chão. Ela era maior no circuito universitário. Mas essa mudança foi muito rápida. Ela estava entalada na garganta. dos jovens do mundo inteiro.
    Qual modelo seria melhor, discutíamos muito, mas o que havia de certeza era que o modelo que nos impunham não servia.
    E a liberdade sexual foi então de extrema importância para que assumíssemos novas posturas. Havia um respeito inacreditável pelas nossa parceiras. As experiências eram serias, sem conotação de galinhagem ou sacanagem.
    Amadurecemos na marra!

    bjos

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  21. Arre, que saudade que eu tava desse buteco e do dono dele. Que relato gostoso, Lufe, até um pouco comovente pra mim que vivi a minha adolescência nos anos 70. Vc me fez pensar em algumas coisas que nunca tinha suposto: como era para os meninos, a visão deles e os respectivos sentimentos que acompanhavam aquelas mudanças. Alguém já perguntou, mas vou insistir: já pensou em escrever um livro? Seria maravilhoso, tenho certeza.
    Saudades de vc.
    Beijokas.
    Lufe estive off alguns meses mas não esqueci meus queridos entre os quais vc está.
    Virei com mais vagar pra navegar nos seus textos anteriores.
    Saudades e beijokas.

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  22. Olá Lufe!
    É muito bom passar por aqui, e estar de novo entre os amigos, que aprende-mos a respeitar e a admirar, pela maneira de encarar a vida com estas
    "delícias da juventude"
    Um grande abraço.
    José.

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  23. Lua,

    Da mesma forma que foi muito difícil para as garotas, também o foi para os rapazes. Era uma nova forma de se interagir na qual nenhum dos dois lados trafegava com tranquilidade e equilíbrio. Era a repressão cruel com o lado feminino e a liberação inconsequente e sem afetividade da parte masculina. Criar uma convivência onde os dois lados se liberassem e buscassem o prazer se relacionando em pé de igualdade, respeitando-se, preocupando-se com o bem estar do outro, conjugando sexo e amor sem a imposição do casamento ou compromisso eterno, de acordo com as concepções da época, realmente era muito difícil. A gente buscava a liberdade de exercer a sexualidade, dispor do corpo como uma fonte de prazer. Se relacionar de uma forma mais abrangente, mais livre e menos neurótica, muito menos hipócrita que as gerações anteriores. Valorizando o individuo e também o coletivo.Se deixando “SER”
    Você deve se lembrar bem que a liberdade sexual não significava necessariamente uma orgia permanente, um imenso bacanal onde ninguém fazia mais nada na vida a não ser trepar o tempo todo. Isso só era assim na cabeça dos indivíduos mais reprimidos e preconceituosos. Na realidade, aqueles que experimentaram essa liberdade, como os jovens da contracultura, tinham também a moderação, equilíbrio, tempo e disposição para se se preocupar com o crescimento individual e as novas formas mais abertas de se relacionar. Lia-se muito e discutia-se muito. Freud dizia que não pode haver cultura sem repressão e os jovens daquela época desmentiram essa afirmação. Criou-se aquela época uma nova cultura e com muito mais liberdade.

    Que bom te-la de volta.
    bjos

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  24. José,

    O bom filho a casa torna.
    A gente cria relações nesta blogsfera que aprende a respeitar e admirar, como voce bem disse e a gente não consegue ficar muito tempo longe dela.
    Esse contato passa a fazer parte de nossas vidas.
    É muito bom te-lo de volta e bem.

    Um grande abraço.

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  25. Deliciosas imagens e recordações. Uma época, sem dúvida, de conflitos e mudanças radicais, essenciais para os nossos tempos.
    Sempre um prazer ler-te meu querido amigo.
    E já que houve uma reconsideração quanto ao prazo de validade (ainda bem!), um grande bj.

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  26. Alexandre,
    é esse mesmo, delicioso.
    abraços

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  27. Gisa,

    Como eu já disse, voce não tem codigo de barras e nem prazo de validade.....rsrs
    Considero-me beijado.

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  28. Lufe,

    Vivemos hoje as consequências boas e ruins disso, como não poderia deixar de ser.

    O que me preocupa é o desencontro, é ver as pessoas oferecendo às outras aquilo que elas gostariam de receber, o que nem sempre corresponde às expectativas alheias...Complicadinho, né?

    Um beijo.

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  29. Lufe, faço minhas as palavras do Alexandre, dá um livro e tanto!!

    Beijos

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  30. Luna,
    Isso é uma coisa que desperta o meu interesse: evolução dos fatos.
    Muita coisa mudou, varias coisas interferiram.
    Dou a minha opinião sem nenhuma fundamentação teórica, e sujeita a qualquer tipo de critica. Falo pela minha observação dos fatos, sem nenhuma postura machista ou de ser o dono da verdade. E é claro, falo de uma maneira generalizada.
    A revolução sexual (e social) aconteceu na segunda metade dos anos 1960, ativada pelo surgimento da pílula anticoncepcional e com ela os movimentos de emancipação feminina. A livre expressão da sexualidade humana interferiu na política, na igualdade e na liberdade. Parecia naquele momento que as coisas iriam ser diferentes, pois no fim dos anos 60 e início dos 70 os homens deixaram os cabelos crescerem, passaram a usar bolsas a tiracolo, sandálias etc, saindo daquele padrão anterior do tipo Waldick Soriano. Parecia que eles haviam se tornado mais doces, mais sensíveis. As moças estavam mais mais livres e disponíveis para o sexo sem compromisso Isso durou por volta de uma década. Aqui no Brasil ocorria o “Milagre Brasileiro” A grana corria solta. No inicio dos anos 80 os ciúmes começaram a prevalecer sobre a liberdade sentimental e sexual, o jogo de poder entre os sexos começou a virar a regra. Reapareceu o sentimento de posse, não da posse do individuo como era antes, mas da posse emocional. No final dos anos 80 os Hippies viraram Yuppies. Nos anos 90 as mulheres começaram a assumir atitudes masculinas (não masculinizadas) e tendo ânsias de poder. Surgiu o grande poder da mídia e suas implicações. A ânsia por poder econômico e sucesso profissional se tornou enorme e a ideia era a de conseguir sucesso a qualquer preço. Os homens que haviam se sensibilizados começaram a se sentir intimidados. Nos anos 2000, as moças, muito menos assediadas do que antes, passaram a tomar iniciativas, coisa que nunca foi o seu papel, justamente porque elas sempre despertam o forte desejo visual masculino.
    As mídias instantâneas começaram a proliferar. O aspecto físico começou a ser mais valorizado entre as mulheres, que competem entre si. A exposição e a oferta começaram a se vulgarizar. As mulheres sempre foram objeto do desejo e os homens sempre tiveram que tomar as iniciativas e correr os riscos de rejeição. Agora, pela primeira vez na história, os homens podem ficar encostados no bar em uma balada, com um copo de bebida na mão, esperando serem abordados. Numa história de vitórias femininas, esta parece ser a primeira vez em que os homens conseguem reverter o resultado. E sinceramente eu acho que isso não foi causado por eles.
    Estamos em uma nova época onde homens e mulheres precisam de novo se acertar.
    Parece que o jogo extrapolou os seus limites e nenhum dos dois sabe como agir.
    É necessário muita conversa e muito debate. O supérfluo parece ter dominado nossas vidas. Estamos perdendo a essência. Não estamos sabendo nos dar e nem ao menos receber. Acho que chegamos numa hora de seriamente repensar estas relações.
    Complicado, né guria?
    bjo

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  31. Vanessa,

    Era uma epoca muito rica de grandes alterações sociologicas. Mudou-se o comportamento moral, os valores, a etica, a postura como individuo, a forma de encarar a politica, as relações afetivas, enfim, mudou tudo.
    Quem dera tivesse eu a capacidade de relatar tudo isso.

    bjo

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