Outro dia me perguntaram se acredito em Deus. Fui criado na Igreja Católica Apostólica Romana. Na adolescência questionei muitos dogmas e passei a ler sobre outras religiões.
Não me fixei em nenhuma delas. Todas tem as suas falhas e certezas trazidas por aqueles que as pregam. Nunca acreditei no que determinaram que eu acreditasse, sempre questionei.
Aliás, eu questiono tudo nessa vida.
A melhor definição de Deus que eu conheço é essa, que mostro aqui para vocês.
É nesse Deus que eu acredito.
É de acordo com a crença neste Deus que eu procuro levar a minha vida.
Este é o Deus ou Natureza de Espinosa, e também o meu:
“Pára de ficar rezando e batendo o peito!
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz...
Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim.
Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."
Bento de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677 Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. A sua família fugiu da Inquisição de Portugal. Foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e outros. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno; Ganhou fama pelas suas posições de panteísmo (Deus, natureza naturante) e do monismo neutro, e ainda devido ao fato da sua ética ter sido escrita sob a forma de postulado e definições, como se fosse um tratado de geometria.
Sábios... Amo o Deus de Vcs! Vejo muito ele através da natureza, as vezes quando me espanto ele está sorrindo dentro de mim!
ResponderExcluirTernuras p/ vc amigo Lufe!
Lufe, adorei esse texto, não conhecia. Mas eu penso igualzinho, Deus e a magia da vida está dentro de nós e distribuído por aí.Não aredito em um Deus surdo que precisa de gritaria e cantoria, nem em um Deus vingativo que me punira por qualquer dá cá aquela palha, enfim...
ResponderExcluirbjs
Jussara
Excelentes conselhos!
ResponderExcluirBia,
ResponderExcluirEu sempre achei que o templo D'Ele esta onde queremos que esteja.Ele esta na natureza assim como fazemos de nós o seu templo.
bjocas
Jussara,
ResponderExcluirEu temo em não acreditar em um Deus preconceituoso, vingativo, castrador,insensivel e outros etc. Cabe a nós termos o Deus que queremos pra nós.
bjos procê
Kinha,
ResponderExcluirEu acho que a vida é pra ser vivida, com intensidade. A religiosidade esta na nossa etica, respeito ao proximo, às diferenças, solidariedade e muitas outras coisas que nos fazem ser "seres humanos" na ascepção da palavra. Estas religioes pregadas pelas doutrinas regulatorias, xiitas, idolatras, castradoras, não fazem a minha praia.
bjo procê
Gostei da definição. Penso sempre isso: como Deus poderia me culpar se foi Ele que me fez assim, questionadora? Desde cedo estas questões sempre me chamaram atenção; fui criada como católica mas sempre questionando tudo. Li muito sobre muitas coisas, encontrei falhas - como já era de se prever. E prefiro acreditar do meu jeito.
ResponderExcluirBeijos.
Tathiana,
ResponderExcluirPenso igual a você.
Se Ele nos deu o livre arbitrio, o fez para que errassemos ou acertassemos em nossas escolhas. Cada um que aprenda com seus erros. Somente nós nos podemos fazer melhores, não são as regras determinadas pelos homens.
bjo procê
Lufe, obrigada pela partilha, assim não me sinto só em meu crer.
ResponderExcluirBeijo meu
Tão eu essa crença, Luiz Fernando!
ResponderExcluirGostei.
=)
Um beijo.
Passei pelo mesmo histórico que você, mas comungo da tua opinião. Acrescento ainda minhaposição sobre o equilíbrio das coisas, o que pra mim é essencial para tudo, como a própria natureza. Há braços!
ResponderExcluirFatima,
ResponderExcluirÉ uma coisa tão simples e ao mesmo tempo tão complexa...
Mas para mim, este é o Deus que reconheço.
bjo procê
Luna,
ResponderExcluirE não é?
bjocas procê
Frnda
ResponderExcluir(deve ser Fernanda, né?
O equilibrio é essencial em nossa vida.
A partir do memento em que cremos que temos em nossas mãos a nossa vida e escolhas, ele passa a ser fundamental, sob todos os aspectos.
Aparece mais
Bos procê
Meu boa noite cheio de alegria!!
ResponderExcluirgenteeeee este buteko ta cheio de coisas boas, ler seu post foi um presente, um banho rico de cultura, pois não conhecia, quero agradecer pela partilha, e por momento adoráveis que passei aqui tomando o meu chá.
Sabe amigo o templo esta dentro de cada um de nós.
Eu penso assim, olha adorei tudo, aqui te leio, aqui te sigo, e te persigo!
com crinho
Hana
Hana,
ResponderExcluirSeja bem vinda.
O templo esta mesmo dentro de nós e nos cabe tambem torna-lo mais agradavel para a gente e para os outros.
bjo procê
Lufe, obrigada por dividir esse texto. Não conhecia e amei! Também acredito que precisa ser assim, dessa forma.
ResponderExcluirbeijos ;)
Oi,Lufe! Cheguei aqui pelo blog da Luna, e emocionei-me com a descrição de Espinosa. Que lindo! Lembrou o Deus que RUbem Alves retratou no livro "O amor que acende a lua"
ResponderExcluirEntão,compartilho a passagem:
" Estou olhando um pôster, pendurado na minha
parede, de um vitral da catedral gótica de Chartres: a Nossa Senhora Azul, com o Menino Jesus. É de grande beleza! Na minha fantasia, de repente, uma pedra vinda do vazio parte o vitral. Os cacos coloridos se espalham pelo chão. Foi-se a beleza! Foram-se o rosto da madona e o da criança. Gritam as pessoas: "Por quê?" - Respondem as explicações religiosas: "Foi Deus que jogou a pedra." Seria possível amar um Deus assim? Mas, do vazio - voz de herege - se ouve outra resposta: Não há resposta. Não há um "porque" que responda ao "por quê?" Não há razões. Ninguém lançou a pedra. Deus não lançou. Deus não queria. Ele amava o vitral. Está triste. Foi acidente. Um meteoro. Nem tudo é Deus que faz. Poderia ter caído em outro lugar. A dor é simplesmente dor, sem sentido, sem um divino fim. E aí, olhando para os cacos do vitral espalhados pelo chão, sem sentido, vê-se um vulto, catando os cacos, um a um, e pacientemente os arranjando de novo, como um quebra-cabeça. Num Deus assim eu gostaria de acreditar. Um Deus assim eu poderia amar. E até me juntaria a ele, ajudando-o a catar os cacos."
Procurando na internet,achei o link do livro...
http://www.fafich.ufmg.br/cobrefil/docs/Livros/RUBEM.ALVES/Rubem_Alves_O_Amor_Que_Acende_a_Lua.pdf
(Esta passagem está na p.171)
Bom estar aqui conhecendo o teu espaço ... =)