Recebi esta por e-mail de um amigo e ele me disse não saber o autor. Nem ele e nem eu. Repasso como o recebi, pois achei delicioso. Quem souber o autor, me diga, pois terei o maior prazer em dar os creditos. Por enquanto quem assina é o Trema.
Adendo: Logo no primeiro comentario tive a surpresa de receber o autor do texto afirmando sua autoria. Muito legal! Dando então os creditos a Lucas Nascimento da Silva e vocês podem ver o texto aqui onde poderão ler tambem outros escritos dele. Muito bom! Parabens a ele pelo texto inteligente!
Estou
indo embora. Não há mais lugar para mim.
Eu
sou o trema.
Você
pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos
aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e
cinqüenta anos.
Mas
os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente
tô fora. Fui
expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos!
Isso
é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O
resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio...
A
letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela.
Os
dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele
fica em pé. Até
o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando
por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra.
E
também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.
Desesperado,
tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de
reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será
que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...
A
verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K,
o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até
o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de
Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER.
Chega
de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências!
Chega
de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.
Tudo
bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou.
Vou
para o alemão, lá eles adoram os tremas.
E
um dia vocês sentirão saudades.
E
não vão agüentar!..
Nos
vemos nos livros antigos.
Saio
da língua para entrar na história.
Adeus,
Trema
O Autor é Lucas Nascimento da Silva: http://oblogk.wordpress.com/2010/05/05/a-despedida-do-trema/
ResponderExcluirAdoro esse texto! Às vezes me sinto como o trema, meio ultrapassada e sumindo, só vou ficar nos livros velhos e serei uma extravagância linguística.
ResponderExcluirbjs
Jussara
Lufe, eu considero uma perda danada essa viu? Eu que ensinei a vida toda e exigia os dois pinguinhos em cima do u e repassei todas as regras do hífen, me deparo agora na ignorância e sem vontade de desaprender [estou velha pra isso] e quase pra aposentar, então dane-se!
ResponderExcluirNão sei se fica pra história, já que a língua vernácula é a própria história e infelizmente a memória dela é curta.
o texto é ótimo mesmo.
Escrevi sobre isso e3 se quiser pode dar uma olhada:
http://palavrasaobelprazer.blogspot.com.br/2011/08/desaprendendo-para-acertar-esse-texto-e.html
bjks dcs
Oi, Lufe. Ler esse inteligente texto me fez pensar em quantas vezes nas nossas vidas somos tratados como tremas, descartados de uma hora para outra como se simplesmente tivéssemos perdido a utilidade. O trema está certo: não se conformar com sua posição e buscar para si uma nova utilidade com certeza o farão entrar para a história! Um abraço!
ResponderExcluirMuito bom mesmo!!!
ResponderExcluirBeijos